A Biografia de Maquiavel
Por: tom_david • 29/12/2018 • Resenha • 1.878 Palavras (8 Páginas) • 180 Visualizações
BIOGRAFIA DE MAQUIAVEL
Niccolò di Bernardo dei Machiavelli nasceu em Florença em 3 de maio de 1469 numa época “esplendorosa mas infeliz” da Itália, segundo o historiador Garin. Ele era o terceiro de quatro filhos de Bernardo e Bartolomea de’Neli. Sua família era toscana, antiga e empobrecida, não mera aristocrática nem rica.
Seu pai, advogado como um típico renascentista, era um estudioso das humanidades, tendo se empenhado em transmitir uma aprimorada educação clássica para seu filho. Assim, Maquiavel iniciou seus estudos de latim com sete anos e, posteriormente, estudou também o ábaco, bem como os fundamentos da língua grega antiga, mas comparada com a de outros humanistas sua educação foi fraca, principalmente por causa dos poucos recursos da família.
Apesar disso, ele é reconhecido como fundador do pensamento e da ciência política moderna, pelo fato de haver escrito sobre o Estado e o governo como realmente são e não como deveriam ser.
Com 29 anos Maquiavel exerce seu primeiro cargo na vida pública. Foi nesse ano que Nicolau passou a ocupar a segunda chancelaria, durante o governo de Lourenço de Médici. Isso se deu após a deposição de Savonarola, acompanhado de todos os detentores de cargos importantes da república florentina. Nessa atividade, cumpriu uma série de missões, tanto fora da Itália como internamente, destacando-se sua diligência em instituir uma milícia nacional.
Não se sabe ao certo o que teria levado à escolha de Maquiavel para a Chancelaria em 19 de Junho de 1498. Alguns autores afirmam que ele teria trabalhado aí como auxiliar em 1494 ou 1495, hipótese contestada atualmente. Outros preferem atribuir a sua entrada à escolha de um antigo professor seu, Marcelo Virgilio Adriani, o qual ele teria conhecido em aulas na Universidade Pública de Florença e naquele momento era Secretário da Primeira Chancelaria.
Em 1499, Maquiavel realizou sua primeira missão diplomática, visando em convencer um condotiere a continuar recebendo o mesmo soldo. Nesse momento, o governo de Florença desejava reaver o controle de Pisa que havia aproveitado a passagem de Carlos VII para rebelar-se, de forma que, ao realizar essa primeira missão de forma satisfatória, foi enviado para negociar com Catarina Sforza, duquesa de Ímola e Forli a renovação da “condotta” de seu filho Otaviano e para tentar conseguir o auxílio dela com soldados e artilharia para a tomada de Pisa.
O governo de Florença contratara o filho da duquesa por 15 mil ducados sabendo-o mau estrategista militar e Maquiavel tinha como instruções, diminuir o soldo e conseguir tropas e munição para a retomada de Pisa. Ele conseguiu de forma satisfatória reduzir o soldo a 12 mil ducados e não comprometeu a cidade na defesa de Ímola e Forlì como queria Catarina. A partir dessa primeira missão, escreveu o Discorso fatto al Magistrato dei Dieci sopra Le cose di Pisa, de 1499, seu primeiro escrito político.
Pouco tempo depois, Luís XII, sucessor de Carlos VIII, conquistou o Ducado de Milão e Ludovico Sforza e, em troca de seu apoio, Florença solicitou o auxílio deste na guerra contra Pisa. Luís XII enviou um exército mercenário que se mostrou indisciplinado e desinteressado pela luta, tendo até mesmo prendido um comissário de Florença. Logo foi necessário enviar representantes à corte francesa em Nevers para relatar a situação e encontrar uma solução e encontrar uma solução sem, entretanto, irritar o rei. Para isso, foram enviados Francisco della Casa e Maquiavel. Pouco antes de ir, seu pai morreu e ficou só com o irmão Totto, que em breve se dedicaria à vida eclesiástica, pois as duas irmãs já haviam se casado.
Aos dois, o rei respondeu que parte da culpa pelo fracasso era de Florença e inclusive insistiu para que o ataque a Pisa continuasse às custas da cidade para reparar a honra do rei. Sem poderes para negociar, Maquiavel limitou-se a aconselhar a Senhoria durante o período em que acompanhou a corte através de França e a solicitar o envio de embaixadores que pudessem tratar destes assuntos com mais autoridade. Aí pôde conhecer um pouco mais sobre uma nação que se havia unificado em torno de um rei, diferentemente da Itália. Depois de mais duas viagens à França anos depois, reuniria suas observações sobre a política francesa em dois textos: “Ritrati delle cose di Francia” e “De natura gallorum”.
De volta à cidade, casou-se com Marietta Corsini, com quem teria quatro filhos e duas filhas, mas teve que viajar de novo em pouco tempo depois, pois os partidos políticos de Pistoia, outra cidade submetida a Florença, haviam se unido e ameaçavam rebelar-se. Maquiavel foi de opinião que se deveria dar fim e proibir tais partidos.
Por volta de 1501, César Bórgia, como condotiere da Igreja e filho do papa Alesandre VI, vinha conquistando territórios na Toscana, como Faenza. Acercou-se de Florença com seus exércitos e exigiu que a cidade se aliasse a ele, pagasse-lhe um tributo e mudasse seu governo para um mais favorável a si. Quando os florentinos, sem opção, estavam prestes a ceder, Luís XII pressionou César Bórgia que foi obrigado a levantar acampamento.
César Bórgia percebeu que, com a aliança francesa, Florença seria um empecilho a seu plano de expansão e por isso solicitou o envio de representantes com os quais tratar de seus interesses. Para essa missão foi enviado Francisco Soderini, tendo Maquiavel como secretário e auxílio. Durante a ida, surpreendeu-os a notícia da conquista do ducado de Urbino pelo Duque Valentino: ele pediu um reforço de artilharia para a cidade e quando este lhe foi enviado, voltou-se contra o ducado.
Chegadas tropas francesas, os enviados puderam retornar. Após a retirada das tropas de Bórgia da Toscana, Maquiavel escreveu o Del modo di trattare i popoli della Valdichiana ribellati em 1502 – sua primeira obra sem relação com as atividades da Chancelaria, e foi neste período que ocorreu uma reforma na constituição florentina tornando o cargo de gonfaloneiro vitalício.
Após a conquista de Castello e Bolonha, temendo conspiração, César Bórgia solicitou a Florença um embaixador para negociar uma aliança e enviaram-lhe Maquiavel, sem poderes de embaixador, em 5 de outubro de 1502, apenas com a incumbência de entregar os conjurados, afirmando que eles haviam convidado Florença para participar da conspiração.
César Bórgia marchou para Pesaro e depois para Fano, ordenando que Orsini e Vitellozzo Vitelli, dois de seus subordinados, conquistassem Sinagaglia aonde, juntamente com Oliverotto de Fermo deveriam aguardá-lo. Foi aí que, ao chegar com suas tropas, mandou prender e executar os três. Desse acontecimento, Maquiavel analisou no escrito: “Descrizione Del modo tenuto dal duca Valentino nell’ammazzare Vitellozzo Vitelli, Oliverotto da Fermo, il Signor Paolo e il Duca di Gravina Orsini” em 1502.
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