A Mídia na construção de uma História política
Por: Daniel Barcellos Carmona • 14/8/2018 • Trabalho acadêmico • 2.628 Palavras (11 Páginas) • 151 Visualizações
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Introdução
O presente trabalho procura descrever as relações da História com a mídia. A partir da temática das duas Grandes Guerras mundiais, a partir da análise dos filmes, “Pearl Harbor”[1] e “Bastardos Inglórios”[2], dialogando junto com alguns autores. Trabalharemos a perpetuação e a deturpação histórica na construção desconstrução da memória coletiva e individual, e sua aplicação no ensino.
- A mídia na construção de uma História política
Uma das formas que temos de analisar a obra de Tarantino é a perpetuação do conceito que o autor Finkelstein aborda: “A indústria do Holocausto”. Para Finkelstein (ressalva para o fato de que ele é judeu) o sofrimento vivido nos campos de concentração foram por muito tempo apagados do imaginário, todos queriam esquecer o que aconteceu, o autor conta justamente o caso de seus pais que mencionavam poucas vezes o ocorrido, a indústria americana que é a que mais goza desse “espetáculo” por exemplo, logo após segunda guerra e início de guerra fria, foi responsável por acolher muitos ex-oficiais nazistas na promessa de combate ao crescente “ameaça comunista”( o próprio autor traz isso nas primeiras páginas do capitulo um).
O holocausto só começou a ser explorado a partir do momento que foi cômodo. “Às vezes penso que a “descoberta” do holocausto nazista pela colônia judaica americana foi pior que seu esquecimento” (Finkelstein; P.11) O autor se remete a infância para dizer que antes de que esse evento histórico se tornasse somente “O Holocausto” ele não via interesse por parte de sua comunidade sobre o que ocorrera, as discussões acerca deste fato só começaram a ser elucidadas depois disso ganhar a mídia. Outro conceito que ele aborda, inclusive como título de seu primeiro capítulo é “A capitalização do Holocausto”, ou seja, a forma de ganhar dinheiro em cima da venda do sofrimento judeu.
“A maioria do que foi produzido não presta, não passa de um tributo ao engrandecimento judeu e não ao seu sofrimento. Muito tempo já se passou para que possamos abrir nossos corações a outros sofrimentos da humanidade. Esta foi a grande lição partilhada por minha mãe. Nunca a ouvi dizer: Não compare. Minha mãe sempre comparou. Não há dúvida de que distinções históricas precisam ser feitas. Mas aceitar distinções morais entre o ‘nosso’ sofrimento e o ‘deles’ é uma caricatura de moral. ‘Você não pode comparar dois povos miseráveis’, observou humanamente Platão, ‘e dizer que um é mais feliz que o outro.’ Diante dos sofrimentos de afro-americanos, vietnamitas e palestinos, o credo de minha mãe sempre foi: Somos todos vítimas do holocausto.” (Finkelstein; PG11)
Seguindo essa linha de raciocínio podemos trabalhar com os conceitos de espetacularização midiática propostos por Douglas Kelnner. O autor trabalha com a comercialização da cultura dentro do capitalismo, analisando esse fato principalmente nos Estados Unidos, e para o autor essa cultura midiática funciona como formas de expressões políticas e econômicas, um pano de fundo para a perpetuação de conflitos políticos e propagação de ideais conservadores de acordo com o interesse das classes dominantes.
Há uma grande preocupação nisso tudo principalmente nos conflitos contemporâneos, muita das ações fascistas do estado de Israel, inclusive a criação desse estado, ganha legitimidade (As contestações acerca da criação legitima ou não, são bem trabalhadas na tese de Jamal Harfoush) ao perpetuar essa imagem de vítima atribuída ao povo judeu. Finkelstein afirma:
“Meus pais muitas vezes se perguntaram por que eu teria crescido tão indignado com a falsificação e exploração do genocídio nazista. A resposta mais óbvia é que ele tem sido usado para justificar políticas criminosas do Estado de Israel e o apoio americano a tais políticas. Há também um motivo pessoal. Eu me importo com a memória da perseguição de minha família. A campanha atual da indústria do Holocausto para extorquir dinheiro da Europa, em nome das “necessitadas vítimas do Holocausto”, rebaixou a estatura moral de seu martírio para o de um cassino de Monte Cario.” (Finkelstein; PG11)
Muito do que se foi produzido é verdadeira ficção banhada em sangue exagerado, como é o caso de Bastardos Inglórios. Não vejo problemas em um bom banho de sangue, mas o problema de filmes que abordam a história de forma fictícia e que não dizem que essa história é pura ficção acaba por ser responsável por perpetuar no imaginário de muitas pessoas (veja que a mídia alcança desde a casa do estudante de filosofia até a televisão de quem não concluiu os estudos) e isso propõe uma perpetuação errada do que de fato aconteceu.
- História e monumento na mídia
Ao se trabalhar com uma representação seja ela qual for o tipo de fonte sobre um conteúdo historiográfico deve se ter em mente a sua representação com base de fato naquele acontecimento histórico desta forma mostramos aqui em alguns detalhes como a ideal monumental na Alemanha segundo Andreas Huyssen está atrelado à obra a qual escolhemos.
Hyussen inicialmente nos dá fatos sobre a Alemanha e sua construção memorial de monumentos como método parece de relembrar atos ocorridos no final da segunda guerra mundial. Em seu comentário este fala que apesar dos alemães se esforçarem tentarem esquecer dos acontecidos durante o período da 2º Guerra Mundial tentando o recalcar muitos críticos afirmam que seria um estado contrário deste, seria de fato uma inflação da memória, isto acaba por se afirmar pois a Alemanha desde 1980 adquiriu como Huyssen mesmo fala uma “mania de memória” que tomava proporções monumentais.
Estes monumentos acabavam por ser projetos memórias do Holocausto. Aqui temos uma indagação proposta pelo autor de se deve ter o entendimento essa obsessão por monumentos está relacionado com o “boom” de memória como algo bem mais amplo e que este não teria só tomado não soa a Alemanha se estendendo fora deste círculo. Isto acaba por gerar um paradoxo onde neste, o monumentalismo do espaço é construído ou que as próprias tendências monumentais em outros meios acabam por ser difamadas.
Porém a noção de monumento trazendo consigo o conceito memorial ou de evento comemorativo de representação publica teria um retorno triunfante. Mesmo após cinquenta anos a Alemanha ainda está sobre sua “mania” de monumentos espalhados por cada quilometro quadrado, seja em uma representação de redenção ou memorial público. A resposta para tantos monumentos é trazida com Huyssen junto com a Mentalidade de Robert Musil e Michael Foucault.
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