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A Revolução Cubana

Por:   •  23/5/2015  •  Seminário  •  4.648 Palavras (19 Páginas)  •  163 Visualizações

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   Desafios econômicos de Cuba e os rumos que sua     politica irá tomar

 O desafio fundamental para a revolução é o abismo entre o setor econômico e os setores social, cultural e intelectual. Quando se trata dos três últimos, Cuba está em um nível comparável a qualquer país rico. A economia, por outro lado, tem o perfil dos países relativamente pobres da região. O grande desenvolvimento do setor cultural, social e intelectual causa elevadas expectativas para as quais não há apoio financeiro.  A fraca base econômica é o resultado do bloqueio econômico e do atraso sofrido após a queda da União Soviética. Se Cuba tivesse relações comerciais normais com o resto do mundo e se depois de 1989 tivesse alcalçado a mesma taxa de crescimento que teve nos 30 anos anteriores, Cuba teria agora o mesmo padrão de vida que a Itália. Mas não é o caso, e este fato causa frustração na população cubana. Uma pessoa é um pianista de altíssimo nível, mas não tem um piano de cauda, outra é um cirurgião, mas não tem carro próprio. Um engenheiro seguramente não terá celular ou laptop próprio...  No mundo inteiro, trabalhadores altamente qualificados são bem pagos, em Cuba isto não acontece - nem poderia, neste momento -, porque a sua riqueza seria às custas do bem-estar do resto da população. Esse problema é amplificado por causa do turismo. A câmera digital, o IPod e os celulares são muito comuns para os turistas, mas para a maioria dos cubanos são praticamente inacessíveis. Isso frustra os cubanos.  As frustrações do setor de consumo têm um efeito importante sobre o setor produtivo. Como incentivar as pessoas a trabalharem de forma eficaz se, com os salários que ganham, não têm acesso a esses produtos de luxo tão cobiçados, seja porque os salários são demasiado baixos ou porque a venda desses produtos está proibida? Como motivar os jovens altamente qualificados para trabalharem no campo com temperaturas acima de 30 graus e uma umidade importante? Especialmente porque, em qualquer caso, têm um posto de trabalho garantido. Nesse sentido, Cuba é um pouco vítima do seu próprio êxito.  Em 2008, foi legalizada a venda de telefones celulares, laptops e players de DVD. Foi um passo importante, mas apenas para uma fração da população. A única solução estrutural para resolver frustrações no setor de consumo consiste no desaparecimento acelerado de um atraso no setor econômico. A grande questão é: como fazer isso? Nos últimos anos, Cuba teve um crescimento de 3% acima dos outros países da América Latina (3). Tudo pode ser melhorado, mas há limites, claro.  No caso de Cuba, esses limites são determinados por três fatores, pelo menos. O primeiro é o bloqueio. O bloqueio tira, a cada ano, um par de pontos percentuais do PIB, mas também remove créditos financeiros e tecnologia necessária para aumentar a produtividade (e portanto o crescimento econômico). Outro obstáculo para o desenvolvimento é o envelhecimento da população. Finalmente, o terceiro freio está posto pelo aquecimento global, que causa secas mais prolongadas e furacões cada vez mais fortes.  Há, pelo menos, quatro pistas para acelerar o crescimento. A primeira é a mais fácil, mas não é determinada por Cuba. É a autorização para os habitantes dos EUA visitarem a ilha. Se isso acontecesse, significaria um enorme fortalecimento do turismo, que é a principal fonte de divisas. Em um curto espaço de tempo, duplicaria do número de turistas, o que aumentaria o PIB em alguns pontos. Resolveria da noite para o dia a falta de divisas e fortaleceria a moeda nacional. Esta medida provavelmente levaria ao fim do bloqueio, o que por sua vez significaria mais alguns pontos para o crescimento. Infelizmente, esta medida é decidida em Washington.  Outra possível pista é a exploração petroleira. No Golfo do México, em águas territoriais de Cuba, encontraram alguns campos de petróleo promissores. A exploração destes não somente daria muitas dfivisas para a ilha, mas também atrairia investimentos estrangeiros com mais facilidade, e colocaria Cuba num posto superior na escala para receber crédito.  No entanto, esta pista tem uma série de riscos e problemas. Primeiro, a exploração exige investimentos substanciais e conhecimentos especializados de que a ilha não dispõe. Mas, principalmente, estes depósitos estão perto das águas territoriais dos Estados Unidos. Nós todos sabemos que, quando se trata de petróleo, aos EUA não importa uma guerrinha a mais ou a menos. A grande questão é saber se admitiriam que Cuba explorarasse estas riquezas.  Uma terceira pista possível é a orientação da economia para setores com elevado valor agregado. Trata-se principalmente de setores de alta tecnologia. O ensino excelente e altos níveis de capacitação são vantagens consideráveis de que dispõe a ilha. Já na década de oitenta, havia esforços significativos nas áreas de biotecnologia e farmacêutica. A partir de 2002, desenvolveu-se uma universidade de informática muito avançada. Mas, para poder jogar mais na carta de alta capacitação, seria preciso dar maior prioridade à formação técnica.  Hoje há um número relativamente alto de estudantes que optam por ciências humanas. Mas não basta apenas uma reorientação dos alunos. O desenvolvimento de setores de alta tecnologia exige investimentos muito grandes, que terão que vir principalmente de fora. Neste tema, houve um progresso significativo nos últimos anos. A afirmação dos chamados países em crescimento no cenário econômico global se traduz em uma crescente cooperação Norte-Sul (4). Cuba também contribui, especialmente no plano médico, mas também colhe os frutos desse esforço.  A crescente integração da América Latina tem uma boa influência sobre este processo. As áreas em que Cuba tem uma vantagem comparativa são as da biotecnologia, da farmacêutica, equipamentos médicos, informática e serviços médicos. Existe também um potencial na área de automação, engenharia, projetos ambientais e de ensino. É preciso um planejamento de longo prazo para fazer essa mudança, por isso se retomou a tradição dos planos quinquenais (5).  Uma dica final é o aumento da produtividade. Na maioria dos setores é muito baixa. É uma consequencia da burocracia, mas ainda mais de uma baixa motivação no trabalho e um grau relativamente elevado de corrupção. Os dois últimos fenômenos são, por sua vez, uma consequência do duplo sistema monetário e da falta de ligações entre o trabalho, salários e poder de compra.  Analisemos mais detalhadamente como isso acontece. Quanto à burocracia, nós concordamos com a idéia de Hugo Chávez que diz que a burocracia é o colesterol da economia, mas devemos ter em mente que não há soluções simples. Em uma economia que tem como objetivo maximizar os lucros, mas maximizar o social e que está dirigida pela política, é inevitável certo grau de burocracia. Se dá caminho livre para a dinâmica econômica, automaticamente perde as prioridades sociais. Mas, por outro lado, também uma direção política demasiado rigída mata qualquer dinâmicas e compromete o apoio financeiro para os objetivos sociais. É um equilíbrio difícil de manter.  Na década de noventa, houve tentativas para aperfeiçoar tanto o planejamento macro como micro, com resultados muito diversos. Raul Castro anunciou no verão de 2008 que ele quer continuar tentando. Se está tentando dar mais autonomia para a gestão empresarial e a cooperativização do pequeno comércio, que, neste momento, é em grande medida controlada diretamente pelo Estado. No 1° de Agosto de 2009, o Parlamento votou uma lei geral de controle que submeterá todas as empresas a uma auditoria com a finalidade de aumentar a eficiência e reduzir a corrupção.

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