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Análise do Outro na Inquisição

Por:   •  29/8/2017  •  Relatório de pesquisa  •  1.171 Palavras (5 Páginas)  •  259 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO - UFRPE

LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

ANTROPOLOGIA CULTURAL – PROFª MARIA AUXILIADORA

VICTOR VINÍCIUS COSTA DE MESQUITA - 3º PERÍODO

O OUTRO NA INQUISIÇÃO

Humildade, pregação, negação do mundo e da “carne”, principais ideais cristãos que por muito tempo foram perseguidos pelo Estado Romano, mas que triunfou soberanamente no que se costumou chamar de Idade Média. É, portanto, na Idade Média que o Cristianismo toma a posição principal no seio da vida. Vida particular e coletiva. Por longos mil anos a cultura dos povos europeus fora a cultura religiosa Católica. Até o ano de 1517 (consagrado como o ano da Reforma Protestante) jamais se tolerou da parte da organização clerical, ou seja, da Igreja, que um outro ponto de vista fosse exposto. Afinal, era a Igreja a transmissora dos desígnios de Deus para os homens, e a ela e aos seus dogmas se devia obediência incontestável. A partir do momento em que grupos de pessoas passam a desobedecerem ao que a Igreja Católica tem por “oficial”, e ainda divulgam, pregam e espalham essa outra ideia, surge então, o Tribunal do Santo Ofício (a Inquisição) com o objetivo de rechaçar tais grupos, para que a verdade da Igreja prevaleça sempre. Neste mundo completamente dominado pela Igreja Católica, seja politicamente ou ideologicamente, como era a visão do “outro”? Como era a visão do herege perseguido e condenado pela Inquisição?

É importante lembrar que, desde a Antiguidade, quando surge e se propaga o Cristianismo, pelos fins do primeiro século, os homens que se diziam cristãos e pregavam a palavra de Jesus Cristo nas regiões da Ásia Menor e centro da Europa, se reuniam em concílios (reuniões) para discutirem os ideais próprios da nova seita. O maior e mais antigo exemplo é o concílio de Jerusalém, no ano de 51 d. C., quando entre os bispos se decide que os novos cristãos estão isentos da prática judaica da circuncisão. Tais concílios, que aconteceram por diversas razões em grande número até os dias atuais no seio da Cristandade, eram, enfim, quem decidia os dogmas e ideais da religião. É então que surge a heresia (o ensinamento contrário e errado) e consequentemente a Inquisição e o “outro”.

Ao se fixar dogmas e doutrinas, a nova religião descarta automaticamente as outras ideias. O concílio de Nicéia, a título de exemplo, ao afirmar que Jesus possui a natureza divina e humana conjuntamente, descarta o arianismo, que automaticamente é visto como heresia. É então que, mais de 6 séculos depois dos ensinamentos de Jesus, quando a Igreja se torna principal centro da cultura da sociedade europeia, e principal Instituição política; quando seus dogmas, doutrinas, credos estão todos formados, se pode investigar o olhar sobre o “outro”.

A partir do momento que as verdades da Igreja Católica tornam-se incontestáveis para maioria, senão quase toda a sociedade europeia e boa parte da asiática, surgem os “outros” também. São eles os hereges, os desobedientes a Deus e à Igreja, os que eram vistos como criadores de mentiras e blasfêmias, que apenas estavam no mundo para confundir os fiéis. Heresia, como já comentado, seria a ideia descartada pelos concílios; são ideias que não estão de acordo com a Palavra divina, e portanto, não devem ser seguidas, professadas ou divulgadas. Hereges, então, devem mudar de ideia e aceitar os preceitos Católicos, para que, segundo a visão da época, não perdessem a salvação eterna após a morte. Este era o jogo político que basicamente legitimou o poder da Igreja durante a Idade Média. Logo, o “outro”, o herege, era um condenado à danação eterna, pois aceita e/ou professa ensinamento (e até mesmo interpretação) diferente da Santa Igreja e do Santo Pai (o Papa, bispo de Roma).

Só por exemplo pode-se citar Ário e Nestório como dois dos hereges mais conhecidos, criadores de doutrina, distante dos dogmas aceita pela Igreja, e portanto, excomungados. O próprio heliocentrismo, ideia de que o sol era o centro do Universo, e não a Terra foi considerada heresia. Mas, talvez a heresia que mais repercutiu, e a que trouxe mais consequências, foi a do Catarismo, do século XII, que entre outras ideias, pregava que era impossível Jesus ser filho de Deus sendo homem. Por tal doutrina ter-se espalhado de grande modo na França, a Igreja sentindo-se ameaçada, cria o já mencionado Tribunal do Santo Ofício, ou a Santa Inquisição, para por fim em tais hereges que sem dúvidas, perturbavam a ordem. Por meio de mortes de diversos tipos, a Inquisição restaurou a tal “ordem”.

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