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As Condições de Privacidade na América Portuguesa

Por:   •  3/12/2022  •  Resenha  •  1.093 Palavras (5 Páginas)  •  103 Visualizações

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO [pic 1]

FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO

AUH514 – FUNDAMENTOS SOCIAIS I

CAMILLE GERMANO MARTINS – NUSP 13723049


 NOVAIS, F.A. Condições da privacidade na colônia. In.: SOUZA, L.M. (Org.). História da vida privada no Brasil: cotidiano e vida privada na América Portuguesa. São Paulo: Companhia das Letras, 1997, p.14-39.

Historiadorpesquisadorprofessor universitário e escritor brasileiro, Fernando de Novais lecionou no Departamento de História da FFLCH, instituto onde defendeu sua tese de doutorado em 1963, entre 1961 e 1986 na cadeira de História Moderna e Contemporânea. Professor Emérito da Universidade de São Paulo, Novais é autor do clássico que mudou a historiografia brasileira, “Portugal e Brasil na crise do Antigo Sistema Colonial”.

O presente fichamento tem como objetivo analisar a obra “Cotidiano da vida privada na América portuguesa”, e assim como aponta o título, o texto aborda as práticas, os comportamentos, ao dia a dia do viver em colônias. Novais se debruça na análise das estruturas básicas da sociedade colonial e suas peculiaridades em relação a metrópole e a correlação com as manifestações de intimidade. O artigo ainda busca associar as manifestações da vida privada com a gestação de uma identidade nacional.

Partiremos, portanto, das características inerentes a colonização portuguesa. A colonização moderna não foi um fenômeno essencialmente demográfico, isto é, não foi impulsionado por pressões demográficas, contudo a ele se atribui uma dimensão demográfica importante, à medida que envolve amplos deslocamentos populacionais. Contrariando o senso comum, os países pioneiros no processo não são aqueles com localização geográfica privilegiada - extremo ocidente da Europa- ou os mais densamente populosos, e sim as nações com maior maturidade do estado-nação e desenvolvimento comercial acelerado.

Levando em consideração essa continua chegada de novos contingentes populacionais, sejam eles originários da metrópole, ou como visto em “Dinâmica da escravidão”, provenientes do tráfico negreiro, a intensa mobilidade é uma característica da população no mundo colonial. É válido ressaltar, que além da imigração, a mobilidade se expressa nos deslocamentos horizontais, dentro do próprio espaço brasileiro, impulsionados principalmente pela colonização do tipo plantation.

“Essa constante necessidade de integrar novos personagens nos círculos de intimidade por certo que imprimia uma grande fluidez em tais relações” (NOVAIS,1997,pag 21).

Para compormos ainda mais esse quadro, observamos a diversidade das populações na Colônia. Parafraseando Novais, tradicionalmente os povos da colônia se dividem entre colonizadores e nativos, no entanto nos locais que apresentam regime de escravidão, a chegada dos povos africanos traz um outro aspecto a essa diversidade. Os povos ameríndios e os povos africanos apresentam grandes diversidades internas, trazendo outras divisões a típica classificação. Afunilando esta análise e se achegando ao Brasil, aqui a imensidão do território e a variedade de formas que o povoamento assumia acentuava a característica tratada.

É considerando a fluidez das relações, a dispersão e a presença de uma variedade de povos que se compreende a dificuldade da criação de uma identidade nacional.

Novais discute ainda sobre a clivagem das populações coloniais e sua importância na constituição de um quadro geral da colonização moderna. A América Portuguesa foi um dos lugares em que a compulsão do trabalho foi levada ao limite da escravidão, essas sociedades aparecem clivadas em dois estratos sociais, os dominadores (senhores) e os dominados(escravos). Entre esses extremos, existiam ainda as zonas intermediárias, ou momentos de aproximação, a principal delas: a miscigenação, que não passava de mais uma forma de dominação, uma vez que o intercurso ocorria entre o homem branco e a escrava negra, nascendo a prole já submetida ao regime de escravidão, assim, apesar desses momentos de aproximação a clivagem parecia irredutível.

Indo em direção ao final da análise das estruturas básicas da colonização, certamente a principal delas é o caráter exploratório da economia colonial que era voltado a acumular externamente, o referido tema foi abordado no texto “Notas sobre o sentido da colonização”, por isso será tratado de forma superficial.

Em resumo,

“A exploração econômica que se desenvolvia no novo mundo impunha uma constante e grande mobilidade às populações, de outro, a compulsão do trabalho, exigida pela mesma exploração da Colônia, levava à clivagem radical entre os dois estratos básicos da sociedade.” (NOVAIS, 1997, pg 30)

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