TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Até que ponto os movimentos feministas participaram da resistência ao regime autoritário durante a ditadura militar (1964- 1990)?

Por:   •  13/2/2019  •  Trabalho acadêmico  •  2.372 Palavras (10 Páginas)  •  257 Visualizações

Página 1 de 10

Até que ponto os movimentos feministas participaram da resistência ao regime autoritário

durante a ditadura militar (1964- 1990)?

A. Planejamento da pesquisa

"A dor de Antígona nos alcança não só como um símbolo de liberdade de consciência,

mas de devoção filial, de desafio feminino às amarras sociais, de amor fraterno e até mesmo de

auto sacrifício." (Merlino, Tatiana.). Essa frase foi dita por Martha Robles, ativista feminista que

viveu durante a ditadura militar, que tantos males causou em duas décadas de perseguições. O

principal argumento para o início da ditadura foi evitar a instalação de uma sociedade comunista

no Brasil. As Forças Armadas brasileiras realizaram o golpe de Estado em 31 de março de 1964

(Pinto, Me. Tales.). A ditadura foi fortemente apoiada pela igreja católica, além das classes

média e alta. Já feministas, negros, indígenas e homosexuais, pelo conservadorismo dos líderes

golpistas, viveram tempos muito difíceis, pois contra eles a intolerância era a regra. Com isso,

uma atuação de resistência surgiu no Brasil, sendo de se destacar o movimento das mulheres que

lutaram pelos direitos iguais de gênero em uma sociedade machista e patriarcal.

O objetivo dessa investigação é mostrar o grau de participação feminista durante a

ditadura militar e suas resistências em forma de demonstrações públicas e movimentos contra o

governo. Não só isso, mas mostrar as repercussões e violências contra o feminino se

manifestando durante a ditadura.

B. Síntese de Informações/evidências

"A violência contra as mulheres resulta de um contexto mais amplo de estruturação da

sociedade, onde prevalece a hierarquização entre homens e mulheres, sendo legitimada pelos

discursos misóginos e/ou patriarcais de instituições religiosas, científicas, jurídicas; por

conseguinte, do próprio Estado – que tomam a diferença biológica para justificar as

desigualdades entre homens e mulheres." (SOIHET, 2013)

https://periodicos.sbu.unicamp.br/ojs/index.php/cadpagu/article/view/8634464/2388. Essa

definição de violência contra mulheres e desigualdade sexual pode ser usada como resumo do

procedimento padrão ditadura militar no Brasil. A partir de 1964, mulheres foram mantidas

abaixo do sexo masculino, impedidas de opinar ou buscar evolução pessoal, vedado o

incremento de sua atuação profissional, por conta da supremacia patriarcal em instituições

religiosas, jurídicas e estaduais com diferenças biológicas para justificar tais ações.

O começo da ditadura militar é marcada pela assunção dos militares ao poder, pois

acreditavam que o regime democrático brasileiro era incapaz de deter o comunismo. Com isso,

implantou-se um regime no Brasil que privilegiava autoridade governamental do Estado perante

a sociedade Brasileira. Era o início do regime autoritário. Não só isso, esse movimento

privilegiava o Poder Executivo em detrimento dos poderes Legislativo e Judiciário , que foram

enfraquecidos por meio de Atos Institucionais, (Castro, Celso). Entretanto, o golpe militar foi

saudado por importantes setores da sociedade brasileira. Grande parte do empresariado, da

imprensa, dos proprietários rurais e da Igreja católica eram a favor da ditadura. João Goulart,

conhecido como Jango, eleito como vice-presidente em 1960, assumiu o poder depois de Jânio

Quadros, numa manobra desastrada, renunciar à Presidência (Pinto, Me. Tales.).

O regime autoritário automaticamente suprimiu a voz da população, com exceção dos

grupos masculinos, religiosos e famílias de classes média e alta, que não foram afetados pelo

regime militar. Direitos humanos de mulheres foram desafiados pelo movimento autoritário.

Violência contra a mulher, que naquela época era comum, passou a ser aceita como fato

corriqueiro, especialmente se fossem integrantes de grupos de oposição e resistência ao regime.

Curioso que mesmo dentre os grupos opositores, majoritariamente integrados por homens, as

mulheres eram discriminadas, a elas sendo relegadas tarefas menores e com pouca voz ativa.

Afinal, essas mulheres que corajosamente enfrentaram a clandestinidade e mesmo a luta armada,

ocupavam postos e espaços tradicionalmente masculinos. De acordo com Instituto Vladimir

Herzog, "Os movimentos de questionamento à ditadura e o feminismo emergiram em um

contexto onde não havia igualdade jurídica nem formal entre homens e mulheres" (Instituto

Vladimir Herzog. “Mulheres.”). O Código Civil da época tratava as mulheres como cidadãos de

segunda categoría, pois eram submetidas à tutela masculina na gerência de sua vidas

profissionais e até mesmo pessoais, pois conferia poder às figuras masculinas (maridos e pais).

Por exemplo, para buscarem empregos fora de casa, necessitavam o consentimento de pelo

menos um dos dois.

O Brasil foi e é um país majoritariamente católico. E a religião, que há séculos foi um

obstáculo para a igualdade entre homens e mulheres, muitas vezes foi o fiel da balança no

governo militar, de caráter marcadamente cristão. Com isso, a mulher era vista como menor, ou

mais fraca que o homem. Frases como Gênesis 2:22-24, que diz “E da costela que o Senhor

Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão. E disse Adão: Esta é agora osso

dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi

tomada. [...]" (“Versículos De Namorados.” Bíblia On), ou Gênesis 2:18, "Então o Senhor Deus

declarou: 'Não é bom que o homem esteja só; farei para ele alguém que o auxilie e lhe

...

Baixar como (para membros premium)  txt (16.7 Kb)   pdf (197.7 Kb)   docx (20.7 Kb)  
Continuar por mais 9 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com