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Fichamento Video-História e História Oral

Por:   •  11/4/2019  •  Resenha  •  1.329 Palavras (6 Páginas)  •  169 Visualizações

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MAUAD, Ana M.; DUMAS, Fernando; SERRANO, Ana Paula da Rocha. Vídeo-História e História Oral: experiências e reflexões. História Oral: teoria educação e sociedade, v. 1, p. 33-57, 2006.

Geovane de Carvalho Melado


  • Segundo os autores, o historiador não faz uma história dos filmes ou cinema, mas dimensiona os textos visuais em sua natureza de documento/monumento.
  • É fundamental reconstruir o circuito social do cinema, entendido como produção, circulação e consumo de filmes.
  • Deve-se pensar o cinema como um produto cultural resultado de práticas sociais de representação.
  • Para operar sobre a relação entre cinema e história, deve-se considerar:
  • Como o cinema se apropria de temas da historiografia;
  • Como os filmes podem ser tratados como fontes;
  • A possibilidade da história desenvolver uma escrita que cruze palavras e imagens.

- História e cinema, um percurso -

  • Os filmes poderiam revelar alguns dos silêncios da história oficial, alcançando além da realidade representada, alcançando uma zona da história até o momento escondida.
  • Além disso, admite-se a importância do cinema como agente da história, com uma particular eficácia política e social.
  • Historiadores ainda integram o cinema entre suas fontes, porém sem conceder-lhes o papel crítico de outros documentos, ainda que lhe reconheçam uma função social importante.

não há como defender uma autonomia da história do cinema em relação à história social, mas, por outro lado, não há como trabalhar com o filme como reflexo das disputas sociais, é fundamental operar com a categoria de mediação cultural para se avaliar a relação específica que os meios culturais estabelece com as sociedades que os produzem e operam (p. 35)

  • Quando fala-se no cinema desde uma perspectiva histórica fala-se da contextualização do filme no mundo, na realidade social.
  • Não deve-se analisar os textos fílmicos apenas do ponto de vista histórico, mas também nas dimensões culturais, políticas, econômicas e sociais.
  • Os criadores e pioneiros do cinema descobriram a potencialidade dos filmes documentários ou de ficção de, sob a aparência de representação, doutrinar e glorificar. Assim surgiram os filmes propaganda e filmes com ideologias conscientes ou inconscientes.
  • A leitura cinematográfica da história: coloca o problema, para o historiador, da sua própria leitura do passado. O historiador pode devolver, graças à memória popular e à tradição oral, à sociedade uma história que a instituição tenha despossuído.
  • Leitura histórica dos filmes: em filmes com temática histórica, a problemática deve ser trabalhada a partir da referência dos usos do passado.
  • Estudiosos e críticos do documentário já enfatizaaram as implicações ideológicas presentes na representação da realidade através destes filmes. O realismo fotográfico do documentário pode facilmente escamotear o fato de que este se baseia numa certa visão de mundo. Assim, o documentário não pode jamais ser completamente objetivo, eles vão sempre engendrar a intervenção por parte do documentarista.
  • O debate sobre as modalidades de documentário levanta questões relacionadas à audiência, à narrativa e às suas fronteiras com a ficção, criando uma tipologia de documentários:
  • Expositivo - narrador fala como autoridade;
  • Observador ou o cinema direto;
  • Interativa;
  • Reflexivo - narrativa através da qual o mundo histórico é representado de uma forma bem mais complexa, incluindo a discussão sobre memória, através de uma ruptura de perspectiva linear do tempo;
  • Espetacularização da realidade - entretenimento e jornalismo juntos.
  • Para se realizar um documentário que seja produto final de uma investigação histórica e produção audiovisual capaz de transmitir as informações e análises desejadas, deve-se desenvolver uma linguagem própria.
  • A dimensão textual dialoga com descrições e interpretações críticas das fontes, e não com o conteúdo imagético concreto das mesmas.
  • A dimensão iconográfica parte de um manuseio da documentação imagética, apontando para a descrição da imagem trabalhada do ponto de vista de seu conteúdo informativo e da interpretação dos significados e das representações dos elementos.
  • Numa interpretação textual moderna do ofício do historiador, credita-se às fontes textuais e iconográficas o mesmo valor, pois ambos não possuem a tal "verdade absoluta", mas sim uma representação da realidade textualmente conformada.
  • O historiador deverá dialogar com a relação existente no documento nas duas dimensões, textual e iconográfica. Quando os conteúdos das imagens se contraporem aos conteúdos sonoros, o historiador deve superar essas dificuldades interpretativas pela contextualização histórica dos documentos.
  • No trabalho com depoimentos orais, sua utilização está condicionada a dois pressupostos presentes neste documento: a memória e a cultura.
  • Memória: elemento essencial para a construção das identidades individuais ou coletivas. Quem trabalha com memória lida com uma das matérias-primas da produção de cultura. Memória pessoal é também memória social, familiar e grupal.
  • Cultura: rede de signos socialmente construídos.
  • Os autores ainda apontam para a noção de intertextualidade: interação entre as dimensões textual, oral, fotográfica, fílmica, etc, que são possuidoras de uma textualidade própria e linguagem específica, mas que se articulam e interpenetram no contexto da análise histórica.

- A experiência da Casa de Oswaldo Cruz -

  • As formas simbólicas contidas nas narrativas documentárias refletem os níveis de articulação entre o universo mental e imaginativo do narrador e os acontecimentos sociais concretos.
  • Memória no procedimento de crítica às fontes: deve ser observada não apenas como um "lugar" onde se recorda a história, mas como uma representação da própria história.
  • Os autores citam Portelli (2000), que relata que ao trabalhar com história oral existe uma relação de poder, e o poder está do lado do pesquisador.
  • Os autores ainda apontam para os problemas na entrevista, sendo o ideal do material que se consiga dos entrevistados respostas com boa dicção, respostas bem articuladas, perguntas concisas e claras e linguagem compreensível, porém nem sempre é possível.
  • Nas etapas de compatibilização entre roteiro, seleção dos trechos e montagem, faz-se necessário a presença do historiador.
  • Os autores sugerem uma proposta de documentário narrado em cinco níveis: 1. narração (fala do narrador sobre suas ideias e leitura de trechos de livros e documentos textuais); 2. áudio (som das entrevistas); 3. imagem (imagens dos entrevistados, bem como filmagens gravadas durante a pesquisa ou depois, necessárias para cobrir as falas inseridas e acrescentar novas informações); 4. sobre-imagem (legendas que identifiquem os entrevistados e referências bibliográficas e documentais citadas); 5. trilha-sonora (valoriza a dramaticidade do enredo e dos materiais sonoros e imagéticos). Ainda, citam uma última tipologia, a edição (fase onde estética, ritmo e forma do produto final é gestado).

- A experiência videográfica do LABHOI/UFF -

  • Os autores citam o LABHOI da UFF como pioneito nos estudos de história oral e imagem no Brasil, criado em 1982.
  • Ao relacionar história, memória e narrativa, criou-se uma escrita videográfica consistente, numa estratégia metodológica que problematiza o uso da imagem.
  • Duas diretrizes orientam a produção dos vídeos: 1ª) entender o vídeo como um dos resultados do processo de pesquisa, estando associado ao retorno à comunidade como uma forma de divulgação do trabalho científico; 2ª) investir em experimentações audiovisuais e na problematização do texto historiográfico produzido pelo entramado de palavras e imagens.

a história é sempre o resultado de uma operação que se define segundo um lugar social e uma prática social, e cujo resultado deve ser reconhecido como válido pela comunidade acadêmica, mas também deve contribuir para a elaboração de uma consciência histórica mais ampla (p. 51)

  • Ao assumir as competências que lhe cabem dentro da história oral, o histriador abre uma nova possibilidade para a escrita da história, na qual o fazer de filmes, bem como outras formas de linguagem, aparece não apenas como objeto de análise, mas também de resultado de pesquisa.

O tempo da rememoração é sempre presente e alude ao passado através do efeito da lembrança. Nesse caso, as falas remetem ao passado num diálogo tenso e ambíguo com as imagens, pois se referem ao tempo nelas inscritos, não de forma indicativa, mas de forma alusiva (p. 54)

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