História Romana: Sociedade e Cotidiano
Por: lubapo • 25/5/2017 • Artigo • 2.398 Palavras (10 Páginas) • 402 Visualizações
História Romana: Sociedade e Cotidiano
Luany Barros Portela[1]
Resumo:
Este artigo tem como objetivo apresentar uma análise de alguns hábitos e costumes dos antigos romanos. Pretende responder a seguinte indagação: Qual a importância de conhecermos a realidade diária de uma civilização aparentemente tão distante no tempo e no espaço? Levando-nos a refletir e comparar com as formas cotidianas que temos atualmente, além de analisar também as formas de poder existentes na época e as desigualdades sociais. O período abordado é o imperial nos séculos de 27 a.C. – 476 d.C., fase de grande concentração demográfica, onde Roma transforma-se em um grande centro cultural e político chegando atingir uma população de um milhão de pessoas. Vida nas cidades, banhos romanos, espaços públicos, entre outros, são focos privilegiados desta pesquisa. Tendo como principais referências os autores Pedro Paulo Funari , Maria Luiza Corassin e Philippe e Georges, a metodologia utilizada será a revisão de literatura, pretendendo chegar a algumas conclusões como por que o governo romano mantinha os espetáculos e a “política de pão e circo”; por que os combates de gladiadores eram extremamente violentos e o que representavam os ordenamentos urbanos das cidades romanas.
Palavras-chaves: Cotidiano. Hábitos. Desigualdades. Cidades
1 Vida Cotidiana nas cidades Romanas:
Roma é considerada a maior cidade do mundo antigo e as cidades eram de suma importância para essa sociedade, uma vez que além de centro político-administrativo, econômico e cultural, era também um espaço de entretenimento popular — cenário de diversas manifestações artísticas e esportivas além da luta entre gladiadores, a corrida de bigas, o teatro e o jogo de dados, estas eram algumas das atividades cotidianas desempenhadas pelos romanos. De acordo com Funari (2002: s.n)
A vida na cidade era movimentada, o burburinho das ruas era sentido por todos (...) Por toda a cidade espalhavam-se lojas , como padarias e bares. Na periferia, localizavam-se o anfiteatro, para diversões locais, de treinamento físico, hortas, e às vezes depósitos de lixos.
No tempo imperial, esta civilização atravessou um período de prosperidade e bem-estar, marcado por anos de paz. As diferentes partes do império foram postas em comunicação. A rede de estradas foi melhorada e ampliada, integrando áreas distantes, e os engenheiros romanos construíram pontes que permitiram o acesso a regiões isoladas. As cidades marítimas foram dotadas de portos mais bem equipados.
O desenho urbano das cidades romanas obedeciam à regras claras para o seu desenvolvimento dos serviços públicos e militares. Marcadas pelo paralelismo das ruas, com quadras perfeitamente adensadas que formavam pequenos módulos equidistantes, dando uma impressão retilínea para quem anda no nível das ruas. Esse traçado "racional", quadriculado, geometricamente dividido, era o paradigma da construção das cidades romanas.
Todas as ruas eram idênticas, exceto duas: a decumanus, que cortava a cidade de leste para oeste em linha reta; e a cardo, que cortava a cidade de norte para o sul; No cruzamento dessas duas vias, situava-se o Fórum, o centro político e econômico. Esse tipo de organização do urbanismo romano demonstra uma clara distinção entre o espaço público e o espaço privado.
Os antigos gregos referiam-se a polis como o espaço da ágora, da praça pública, dos lugares de manifestações e discussões entre cidadãos, era a esfera pública por excelência; já a oikos era o espaço privado, do nomos, da família. Este contraste claro entre a polis (espaço público) e a oikos (espaço privado), embora apareçam com outra terminologia, também existe em Roma. Em Roma, a praça pública, o mercado, e principalmente o Forum, é o espaço por excelência do público, onde o romano exerce sua cidadania, enquanto o domus é o espaço privado, familiar, pátrio.
É importante ressaltar também quanto às habitações romanas que em decorrência do enorme aumento da população resultaram em mudanças no aspecto urbanístico das cidades; existiam bairros destinados às habitações populares e ao comércio, além dos espaços preferidos pelos ricos e como resultado desse crescimento. Os tipos de habitações geralmente eram três: o domus, uma residência senhorial patrícia típica; a villae(uma propriedade rural ou que localiza-se nas imediações de uma cidade) e a insulae, edifícios habitados pela maior parte da população da cidade. Usando palavras de Paulo Funari
Em Roma, o luxo dos romanos ricos contrastava com a miséria dos romanos pobres. Esse abismo não diminuiu nos dois primeiros séculos do Império; pelo contrário, os ricos passaram a viver ainda melhor habitando palácios enquanto os pobres viviam em habitações pequenas e sem conforto. (2002: s.n)
Dessa maneira vemos que as hegemonias das elites dotadas de privilégios sobrepunham-se aos interesses dos cidadãos mais pobres como camponeses e comerciantes, os plebeus, nas antigas cidades romanas. Acabavam por excluir essa parte da população impedindo seu crescimento e gerando dificuldades para sobreviverem, em resumo, o controle sobre a distribuição social extremamente desigual da propriedade e da riqueza no mundo romano era o que separava a classe dominante dos outros grupos sociais.
Prevendo possíveis revoltas populares a forma encontrada para tirar a atenção da situação de exclusão da época e controlar as multidões, assim como, transmitir uma imagem de “bom governante”. O Imperador Otávio Augusto criou a política do Pão e Circo onde o governo de Roma realizava grandes espetáculos, nos quais a população plebeia gastava parte de seu tempo assistindo a disputas esportivas e a lutas entre os gladiadores. Durante a mesma ocasião, também eram distribuídos alimentos e trigo para a população.
Ainda assim “o pão e circo” romano não atingia a totalidade da população de Roma. Uma pequena parte dessa população pobre tinha direito aos benefícios do Estado, e nem todos os plebeus tinham como acessar as arenas onde os espetáculos aconteciam. Mas no geral atraía a simpatia popular e desviava a atenção da miséria em que muitos viviam.
A esse respeito Funari reflete: ‘’Por isso, até hoje, quando se diz que determinados governantes ou meios de comunicação querem criar um povo alienado e acomodado com paliativos sem procurar de fato resolver seus problemas, fala-se em política de ‘’pão e circo.’’ (2002. s.n)
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