O FIM DA PRODUÇÃO DE MOEDAS CIRCULANTES DE PRATA NOS EUA
Por: luisreich • 14/11/2021 • Resenha • 1.175 Palavras (5 Páginas) • 85 Visualizações
O FIM DA PRODUÇÃO DE MOEDAS CIRCULANTES DE PRATA NOS EUA.
Após a Segunda Guerra Mundial, era comum haver escassez na oferta de moeda em alguns locais dos EUA. O FED, que era responsável pela obtenção de moedas produzidas pela USMint, e pela sua distribuição entre os bancos membros, também fazia a operação de receber desses bancos as moedas não utilizadas, com a finalidade de redistribuí-las, para atenuar o problema de falta do meio circulante no mercado em alguns locais. Essa escassez de moedas em sua maioria era algo sazonal, como por exemplo na época da colheita de cerejas no Michigan, quando seus trabalhadores recebiam 75 centavos por dia de trabalho (havendo muita demanda de Half e Quarters), mas em alguns casos era um problema cultural mesmo, como em Nova York, onde os Half Dollar não eram bem aceitos. A população preferia usar duas moedas de Quarter Dollar.
A partir do final de 1959, a USMint não conseguiu fornecer moedas suficientes para atender a demanda do mercado, fazendo com que o FED, através de seus bancos e agências distritais impusessem um racionamento. Além desse problema “logístico”, o início da década de 1960 foi um período de maior uso da prata nas indústrias, pressionando o preço do metal, que era limitado a pouco mais de US$ 1,29 por onça pelas vendas do governo a esse preço.
Em 1962 houve escassez generalizada de moedas no mercado durante o período de compras compreendido entre o feriado de Ação de Graças (a quarta quinta-feira de novembro, que passou a ser feriado nacional após declaração do Presidente Abraham Lincoln em 1863) e o Natal. O Governo na época não se preocupou com isso pois, tradicionalmente, a maior demanda de moedas para o período acarretaria também em uma maior quantidade de moedas que retornariam ao FED para redistribuição ao mercado. Entretanto, no início de 1963 pouquíssimas moedas retornaram ao FED. As autoridades sugeriram que a responsabilidade por esse fato era dos colecionadores de moedas (que as guardavam), dos investidores, e das milhões de máquinas de vendas não coletadas (que estariam cheias de moedas). A USMint acabou por fim aumentando a produção de moedas através de turnos ininterruptos de trabalho na Philadelphia e em Denver. Foi autorizada a criação de uma nova casa da moeda em Philadelphia nesse mesmo ano, embora sua inauguração, prevista apenas para início de 1966, fosse adiada para 1967 e, finalmente operacional em 1969.
O decorrer do ano de 1963 foi marcado por grande escassez de moedas apesar de uma forte produção tanto em Philadelphia como em Denver. Para piorar a situação, no início de 1964 a quantidade de moedas que retornaram ao FED foi ínfima, alarmando as autoridades. Uma investigação foi aberta e apontou que a própria população, com medo da falta de moedas, as estavam armazenando em casa.
Além disso algumas pessoas também armazenavam dólares “Silver Certificate” na esperança do aumento do preço do metal. Isso fez com que o Tesouro Americano retirasse tais cédulas do mercado e as substituísse pelas “Federal Reserve Notes” acarretando num alívio aos estoques de prata que não precisariam mais ser mantidos nos níveis anteriores para garantia das cédulas, podendo ser convertidos em barras de prata ao invés de mantido em moedas de dollar (que não seriam mais resgatadas).
Tal ato acarretou uma disparada dos cidadãos americanos aos bancos, uma vez que eles podiam obter até 50,000 do metal sem a necessidade de apresentação do certificado de prata. O estoque do metal, que desde 1954 se mantinha abaixo de 273 milhões, quase se esgotou. Para agravar ainda mais a situação, houve o assassinato do Presidente Kennedy em novembro de 1963. Como tributo a ele, em 30 de dezembro foi autorizado pelo Congresso Americano a produção dos “Kennedy Half”. Quando em 24 de março de 1964 entrou em circulação por volta de 26 milhões dessas moedas, elas simplesmente sumiram do mercado, guardadas por investidores ou por quem queria uma lembrança do Presidente. E esse problema não diminuiu conforme mais moedas foram cunhadas. Para se ter uma idéia, em 1964 foram usados 202,5 milhões de onças de prata para cunhagem de moedas. Um terço disso acabou virando moedas que não circulavam no mercado. Decidiu-se então que as moedas em prata continuariam a ser produzidas em 1964 e 1965 com a finalidade de afastar do mercado (e das pessoas) a possibilidade de escassez delas. Em 1964 o Congresso autorizou a destinação de 45 milhões de dólares de prata. 300,000 moedas chegaram a ser cunhadas como “Peace Dollars” mas, devido clamor público com medo que elas fossem acumuladas, acabaram sendo derretidas. A situação era tão séria, que o Senador Alan Bible, de Nevada, ligado fortemente a indústria mineradora, entrou com projeto de lei para proibir a acumulação, exportação, e derretimento das moedas americanas. Porém, acabou não caminhando no sentido de aprovação. Algumas lojas chegaram a encomendar a confecção de seu próprio dinheiro, o que acabou não acontecendo na prática, uma vez que foram alertados pelo Tesouro Americano que a prerrogativa de produção de moeda era Federal.
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