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O Perspectiva sobre o Negro no Brasil Segundo Gilberto Freyre e Abdias do Nascimento

Por:   •  17/4/2017  •  Dissertação  •  898 Palavras (4 Páginas)  •  765 Visualizações

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Neste trabalho pretendo apresentar a interpretação da questão racial a partir da obra de dois sociólogos: Gilberto Freyre com Casa Grande e Senzala – Formação da Família Brasileira sob o Regime da Economia Patriarcal,e, Abdias do Nascimento com O Genocídio do Negro Brasileiro – Processo de um Racismo Mascarado, com um enfoque na obra de Nascimento e menções à obra de Freyre.

Nascidos em um contexto pós-escravidão, Freyre descendente de uma elite intelectual da época, e, Nascimento descendente de escravos. Pode-se dizer que tratam-se de duas interpretações inteiramente distintas uma da outra, por tratar-se, a primeira de uma visão a partir da casa grande, e a seguinte, uma visão a partir da senzala. Nascimento, inclusive, ao iniciar sua obra diz que se considera parte da matéria analisada em sua pesquisa, e que não há, meio de desvincular sua vivência como negro de sua pesquisa.

  1. Escravidão Branda

Freyre ao longo de Casa Grande e Senzala descreve os “benefícios” tragos pela escravidão, tais como miscigenação e a diversificação cultural trazida pelos negros, descreve também diversas relações como a amamentação de crianças brancas por mulheres negras, mulheres estas que viriam a ser fruto de excitação do menino amamentado, quando adolescente. Tais relações são sempre descritas como uma forma natural de interação social, como algo benéfico para ambas as partes. Em diversas outras partes ao longo da obra Freyre traz que no Brasil a escravidão se deu de uma forma pouco violenta.

Nascimento refuta essa ideia, mais do que isso, diz que a escravidão no Brasil foi mais violenta inclusive do que nos Estados Unidos. Em sua pesquisa o principal dado que comprova sua tese à respeito do mito da escravidão branda, é de que devido à proximidade geográfica do Brasil com a África pelo oceano Atlântico, o preço da importação de escravos era extremamente baixo, desta forma era fácil a substituição, pelo senhor de engenho, de um escravo morto devido às condições de vida desumanas e às torturas. Fato este que fez com que o Brasil tivesse uma escravidão extremamente violenta.

2 . O Negro Livre

Ainda no período escravocrata a promessa de uma liberdade, mesmo que precária, fazia com que descendentes africanos fossem submetidos à perder a vida na guerra dos colonizadores brancos,verifica-se isso tanto na expulsão dos holandeses em Pernambuco no século XVII como na Guerra do Paraguai em 1865-1870. Mitólogos raciais brasileiros descrevem a participação do negro nas guerras como um símbolo de integração do negro na sociedade brasileira: “... participaram os negros dessa reação contra o domínio holandês, dando prova, desta maneira, de seu espirito já brasileiro, integrado no sentido de nossa formação de base essencialmente lusitana” (DIÉGUES JR.: OP. CIT., p.87).

Tal interpretação do negro submetido à morte por causas que não são suas como algo que demonstra sua integração na sociedade, não seria nada menos do que uma semente para a interpretação de que a inserção do negro na sociedade pós-escravocrata conseguiu, de fato, integrar o negro na sociedade. Sendo que, na verdade, se tratava de uma tática de barateamento dos custos de guerra.

“Lei áurea, aquilo que não passou de um assassinato em massa, ou seja, a multiplicação do crime, em menor escala, dos “africanos livres”” (DO NASCIMENTO, 1978, p. 65)

Para Nascimento, a abolição da escravatura (1888) não passou, na verdade, de outra tática de genocídio. Os chamados de “negros livres” foram jogados à própria sorte em uma sociedade que embora não mais institucionalmente escravocrata, mantinha todos os laços socioculturais racistasque impediam os negros de serem reinseridos na sociedade. A abolição livrou de qualquer dívida responsabilidades dos senhores, do Estado e da igreja.

3 . Democracia Racial

Embora tal termo não tenha sido usado por Freyre em seu livro Casa Grande e Senzala, podemos ver em diversas passagens pelo livro que apontam para uma ideia de democracia racial. Posteriormente ao livro, Freyre desenvolveu e passou a defender a tese da democracia racial. Tal tese consistia basicamente na ideia de que o Brasil havia superado o racismo no contexto pós-escravidão. Diferente da obviedade do racismo nos Estados Unidos ou até mesmo da África do Sul onde a segregação de etnias no contexto pós-escravidão era legalizada. A tese da democracia racial ganhou força entre as elites intelectuais, e por volta de 1960 chegou a ser usada como base por estudantes norte-americanos para criticar o racismo em seu país comparando-o com o Brasil, o suposto país sem racismo.

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