ORIGEM DA UNIVERSIDADE OCIDENTAL: SURGIMENTO DAS UNIVERSIDADES
Por: Flipdaminelli • 7/3/2016 • Resenha • 1.488 Palavras (6 Páginas) • 403 Visualizações
SURGIMENTO DAS UNIVERSIDADES
1. As escolas anteriores ao século XII eram monásticas e episcopais, tinham por objetivo formar futuros monges, em regime de internato nos monastérios (mosteiros). O ensino até então era voltado à religião, música, à filosofia e aritmética. Com o passar do tempo, escolas externas foram abertas pelos mosteiros, no propósito de tornar cultos novos leigos que defendessem a Igreja na vida civil, constituindo as escolas episcopais. Ao programa de ensino começaram a ser adicionados o estudo do latim, gramática, retórica e a dialética.
2. A expansão das escolas episcopais, aliada ao surgimento da burguesia e o novo contexto social mercantilista, aos poucos sugere a renovação da idéia de escola. Havia a necessidade de promover a sua abertura para além das paredes dos mosteiros e abadias rurais, iniciando-se o processo de migração do ensino do campo para as cidades. O Concílio de Roma (ano 1.079) constituiu fator fundamental para a mudança do modelo monástico e episcopal para o modelo catedrático de escola, devendo-se à capacidade de percepção do clero quanto à necessidade de permanecer inserido e influente na vida social, consequência do surgimento das cidades. Ficar alheio ao novo contexto social que se apresentava através do isolamento nos monastérios poderia resultar no enfraquecimento do poder da Igreja.
2. As escolas catedrais, urbanas, tinham como fonte do conhecimento as Artes Liberais (gramática, retórica, lógica, aritmética, música, astronomia e geometria, formuladas através dos grandes pensadores renomados, como Aristóteles) e a Sagrada Escritura. O objetivo destas escolas era formar clérigos (sacerdotes) instruídos intelectualmente.
3. Nas escolas catedrais existia a figura do Mestre, que eram os professores da época, sendo estes pessoas do clero mais instruídas (formadas). Os Mestres eram remunerados através de benefícios instituídos pelo Terceiro Concílio de Latrão, ocorrido no ano 1.179, constituíndo a principal forma de manutenção destas instituições escolares. A medida que eram formados novos Mestres, alguns cônegos constituíram escolas independentes nas abadias, passando a ensinar por conta própria quem pagasse, sobre a sua única responsabilidade, fato culminante para o surgimento das primeiras escolas particulares.
4. A acelerada expansão das escolas independentes passou a inquietar a Igreja, que era quem detinha o controle do ensino escolar. Na tentativa de frear esta expansão, criou a condição de uma escola somente funcionar mediante a autorização da autoridade episcopal (autorização da diocese). Como a maioria dos Mestres eram clérigos (pessoas do Clero), inicialmente a medida surtiu efeito.
5. Começam a surgir escolas cada vez mais independentes e laicas, distanciando-se da intervenção do Clero. Igualmente, a medida que novos Mestres eram formados, começaram a se difundir pela Europa, expandindo cada vez mais as escolas independentes.
6. O crescimento do desenvolvimento econômico e social do Ocidente faz a Igreja perceber a necessidade de contar com pessoas do Clero cada vez mais instruídas (pessoas letradas), com competência para gerir os seus negócios. A sociedade da época passa a valorizar, destacar socialmente quem se formava nas escolas, os chamados “magistri, em virtude do conhecimento que possuiam.
7. Nestas escolas, o latim permaneceu como língua fundamental, bem como a concepção de que os textos das “Autoridades” eram a única fonte do saber. As “Autoridades” eram os grandes pensadores da época, fontes das Artes Liberais, como Aristóteles. Tinha-se a visão de que todo o progresso nascia do estudo mais aprofundado destes textos.
8. Na segunda metade do século XII, começa a decair o modelo dos centros escolares, porém alguns fogem a essa regra e passam a se desenvolver cada vez mais.
9. Estes centros mais desenvolvidos foram aqueles em que os estudantes passaram a se agrupar conforme a sua origem geográfica, passando a se organizar para regrarem seus próprios conflitos internos, assinarem contratos com os Mestres e determinar que estes ensinassem aquilo que o estudantes percebiam como importante (até então o ensino era de responsabilidade e autonomia do Mestre. Ele lecionava aquilo que entendia por certo). Os Doutores, que se submetiam a Comuna, começam a perder o poder e a influência, pois os estudantes passam a se organizar enquanto grupos e definir as suas regras e necessidades.
10. Começam a surgir os grandes agrupamentos (nações estudantis), criando-se a figura da Universidade. A Comuna tenta se opor sem sucesso, pois o Papa lhe obriga a ceder, concedendo a licença necessária para que estas grandes escolas funcionassem.
11. Têm início a consolidação das Universidades, bem como os Mestres Independentes começam a se associar. No ano de 1.215 surge a primeira outorga pontifical de um estatuto para uma Universidade, nascendo a autonomia destas organizações (o estatuto é outorgado pelo Papa). Porém, ainda havia certa influência da Igreja sobre estas, pois uma das condições para a concessão desta outorga era a “licentia docendi”, ou seja, a autoridade eclesiástica definia através de licença quem seriam os Mestres habilitados a lecionar.
12. As primeiras universidades se organizam em dois sistemas pedagógicos distintos: ao Norte da Europa, a sua maioria eram constituídas pelas associações de Mestres, e, ao Sul, pelas associações de estudantes. Ao norte, as disciplinas principais constituíram as Artes Liberais e a Teologia, com forte presença eclesiástica. Ao sul, disciplinas como o Direito e a Medicina eram tidas como referência, onde o controle eclesiástico, embora menos difundido no seu interior, no mundo exterior era predominante.
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