Os Mexicas e suas representações sobre o cristianismo.
Por: Gabriel Cordeiro Silva • 30/10/2015 • Projeto de pesquisa • 4.684 Palavras (19 Páginas) • 182 Visualizações
UFRB
Universidade Federal do Recôncavo da Bahia
Centro de Artes Humanidades e Letras
Os Mexicas e suas representações sobre o cristianismo.
A representação do Cristianismo na ótica dos índios remanescentes do antigo império Asteca, e a participação destes na conformação social após a conquista do México.
Projeto de Pesquisa apresentado à disciplina História Cultural, sob a orientação do Professor Dr. Anderson Oliva.
Gabriel Cordeiro Silva
Cachoeira-Ba
(Junho de 2008)
Sumário
I - Apresentação do Tema e justificativa...................................................................03
II – Objetivos
2.1 – Objetivos Gerais..................................................................................07
2.2 – Objetivos Específicos..........................................................................07
III – Hipóteses...........................................................................................................08
IV – Referencial Teórico e Metodologia..................................................................10
V – Cronograma de Execução..................................................................................14
VI – Referências Bibliográficas................................................................................15
I – Apresentação do Tema e Justificativa
A historiografia atual da América tem se direcionado a um aspecto novo, onde busca por meio do levantamento de questões e uso de técnicas mais apuradas e inovadoras no trabalho de pesquisa, contestar as asserções já postuladas a muito sobre a história da América, que visava ratificar a perspectiva de obscurantismo, passividade e aculturação dos povos indígenas deste continente, após o processo de conquista dos espanhóis, e assim oferecem definições opostas, propagadoras da visão do índio como um ser atuante de sua sociedade e agentes influenciadores na composição da mesma, de forma a oferecer vários atributos simbólicos de sua antiga sociedade.
Isso se torna mais evidente quando nos deparamos com as propostas de estudo sobre a ‘resistência indígena’ diante dos seus dominadores europeus, e apesar das fontes serem produzidas já no processo de aculturação e de influência dos espanhóis, os autores contemporâneos negam a passividade e a forma fatalista da aculturação completa, assim como a decorrência finalista de suas estruturas simbólicas (sociais, cotidianas, e principalmente das práticas culturais, geridas pelo princípio mítico, sagrado, ritualístico e transcendental), objetando nestes estudos a legitimação de um viés demarcador de uma aculturação menos totalizante, mediante a adoção do critério conceitual da transculturação (mais à frente esclarecerei o que ele representa).
Diante dos estudos de historiadores mais concisos e coerentes, se destaca o autor Héctor Bruit, que apregoa em um de seus livros, a efetividade de duas formas de resistências: as de caráter militar; e as de caráter sub-reptício, praticado pelos índios, e que puderam ser vistas pelos espanhóis como sendo uma atitude irracional, e visivelmente percebida nos seu comportamento e suas atividades cotidianas após a conquista do território dos Astecas.[1]Assim pretende elucidar a resistência ao cristianismo pelos índios, diante da tentativa de plena aculturação e dominação dos espanhóis no século XVI, cuja via de aculturação era o uso do artifício da cristianização executada pelos sacerdotes Católicos, após o encontro e “Choque cultural” entre ambas as sociedades na América, e de tal modo demonstrar também a participação social dos índios, e as diversas formas de aculturação e resistências a esta, vislumbrada em cada região específica por motivos vários.
Um aspecto até então pouco usado e quase recluso, é a composição dos princípios representativos de contradição e equivalência da religião cristã, implantada no bojo da sociedade indígena, no período da formação da nova sociedade, que se originava no território do antigo império Asteca no período do século XVI. Estes critérios podem ser vistos, quando são examinadas algumas citações de textos da época e alguns contemporâneos, que revelam as representações da religião cristã no perímetro da nova sociedade a se formar, e que de tal modo acabam norteando os propósitos deste projeto, de averiguação do “contato” e os “choques entre estas culturas” tão simbolicamente e significantemente contraditórias, que por fim acarretou uma brusca mudança no cotidiano e na psicologia dos índios, como também dos espanhóis. Algumas afirmações dos eventos nos mostram a dimensão deste confronto:
“Os índios que parecem estar adorando à maneira cristã era permitido colocar ídolos atrás dos altares, como que esperando uma resposta se a religião cristã falhasse”.[2]
Torna-se nítida a desconfiança e a possível despotencialidade do cristianismo diante do imaginário indígena, em que este reage contra a aculturação completa, resistindo-a com o uso dos princípios simbólicos dos vencedores[3], como também o seu pensamento de não aceitar os princípios cristãos e abandonar os seus antigos costumes, pois mesmo com a “derrota dos seus deuses”, pretendem manter alguns resquícios de sua cultura, agindo de forma a enganar e manipular a situação ao seu favor na medida do possível permitido. E assim se opõe ao primeiro momento após a conquista.
Algumas declarações da época, instantaneamente após a conquista, nos dizem justamente o oposto do que pretendemos analisar, em que o pensamento de derrota é muito forte, e por meio de alguns cânticos do Cantares Mexicanos, citado por Miguel León Portilha (1985, p.48) vemos como se expressaram:
“O pranto se alonga, as lágrimas gotejam ali em Tlatelolco.
Já se foram os mexicanos navegando;
assemelham-se a mulheres; a fuga é geral.
Aonde vamos? Ò amigos! Logo, foi verdade?
Já abandonaram a cidade do México;
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