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RESENHA: Contribuição à semântica dos tempos históricos

Por:   •  29/11/2017  •  Resenha  •  1.128 Palavras (5 Páginas)  •  654 Visualizações

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RESENHA:

Futuro Passado: Contribuição à semântica dos tempos históricos

Reinhart Koselleck (1923-2006) foi um dos mais importantes historiadoresalemães do pós-guerra, destacando-se como um dos fundadores e o principal teórico da história dos conceitos. Koselleck estudou história, filosofia, direito público e sociologia em Heidelberg e Bristol. Koselleck é um dos mais importantes nomes associados à chamada história dos conceitos (Begriffsgeschichte), e boa parte da sua obra concerne à história intelectual, social e administrativa da Prússia e da Alemanha nos séculos XVIII e XIX. Tornou-se conhecido pela sua tese doutoral Crítica e crise. Um estudo acerca da patogênese do mundo burguês (1954). Além disso, foi um dos co-organizadores do léxico Geschichtliche Grundbegriffe (1971-1992).

        Sua obra “Vergangene Zukunft” foi traduzida e apresentada ao público brasileiro com o título de “Futuro Passado: contribuição à semântica dos tempos históricos. ”que compreende uma coleção de ensaios. Será analisado adiante o capítulo 7.

Representação, evento e estrutura

Logo no início do capítulo o autor deixa bem definida sua tese de que: na prática, o limite entre a narração e a descrição não pode ser mantido; na teoria dos tempos históricos, os níveis que abrigam as diferentes extensões temporais não se interpenetram. Defende que forma pela qual a história é narrada e descrita influenciam diretamente na representatividade que nos remete a diferentes dimensões temporais do movimento histórico. Ele evidencia que, ao constatar uma “história” como algo imutável e que já se encontra previamente configurada antes de tomar a forma de linguagem limita o potencial de representação e, por conseqüência, exige do historiador que consulte a fonte em busca de fatos.

        Ao longo do capítulo, Koselleck explica sua tese partindo do pressuposto de que “eventos” só podem ser narrados e “estruturas” só podem ser descritas. Para melhor compreensão de sua tese, ele dividiu seus argumentos em cinco partes que serão mais bem elucidadas a seguir.

        A primeira parte é a definição de evento. Para o autor, é um conjunto de fatos como uma unidade de sentido que pode ser narrado o que atribui certa importância às testemunhas oculares que, inclusive, valeram como fontes primárias confiáveis. Essa unidade de sentido é que faz dos diferentes acontecimentos em um evento com cronologia natural, composta por uma sucessão temporal histórica, ou seja, é composta de um mínimo de “antes” e “depois”. Koselleck conclui que, o antes e o depois constituem esse “horizonte de sentido” de uma narrativa, mas somente porque a experiência histórica que constitui o evento está inserida na sucessão temporal.

        Na segunda parte temos o conceito de estrutura. O termo está relacionado À expressão “história estrutural” e são entendidas como (em relação à sua temporalidade) circunstâncias que não estão compreendidas entre as sucessões de eventos passados. Ao passo que a anterioridade e a posterioridade são elementos essenciais à narração dos eventos, essa característica, juntamente com a precisão cronológica, é menos perceptível na descrição de estados ou situações de longo prazo. A isso acrescentamos circunstâncias geográficas e espaciais, conjugadas à capacidade técnica, a partir das quais se originam alternativas de ação política de longo prazo, assim como formas de relações econômicas ou sociais. Ele toma alguns exemplos de estruturas como modelos constitucionais, formas de domínio que não se modificaram da noite para o dia, mas que são pressupostos da ação política. Ou ainda as forças produtivas e as relações de produção que se transformam apenas em longo prazo, mas que, de toda maneira, condicionam os acontecimentos sociais e atuam em conjunto com ele.

        No terceiro momento ele nos mostra como evento e estrutura podem ser caracterizados. Ele explica que ambos têm, no campo de experiência do movimento histórico, diferentes extensões temporais, que são problematizadas exclusivamente pela história como ciência. O autor volta a ressaltar que a representação de estrutura se aproxima da descrição enquanto que a de evento está ligado à narração, assim as seqüências estatísticas temporais nutrem-se de eventos concretos e individuais, dotados de um tempo próprio, mas que só adquire significado através de uma perspectiva estrutural de longo prazo. Afirma ainda que seria inapropriado fixar a “história” de uma maneira ou de outra especificamente, pois os níveis que a compõe, da estrutura e do evento, se remetem um ao outro e alternam-se em importância, dependendo do objeto investigado.

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