RESENHA RUDÉ-MOTIM DA FOME
Por: Rayana Viegas • 3/2/2023 • Resenha • 931 Palavras (4 Páginas) • 97 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO FACULDADE DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS
Disciplina: História Contemporânea I
Docente: Jorge Luís Rocha
Discente: Gabriela da Mata Vieira
George Rudé no capítulo sete de seu livro “A multidão na história: estudos dos movimentos populares na França e na Inglaterra” aborda os motins da fome ocorridos ao que concerne a Revolução Francesa, ele trabalha e destaca esse fator principalmente por conta dos motins de fome serem responsáveis por 2/3 das perturbações ocorridas entre 1735 e 1800. O problema alimentar foi algo tão intenso que se relacionou até mesmo com a tomada da Bastilha.
Esse motim foi marcado principalmente pelo aumento dos preços dos alimentos (em especial o preço do pão) além das criticas dos industriais aos salários que estavam recebendo, onde a população abraçava um ideal onde houvesse pão abundante e barato então o acentuado preço do pão modificou o âmbito e a natureza dos motins (1991, p.115).
Se, portanto, o motim da fome estava latente em tantas manifestações politica, não é de surpreender dizer que, ocasionalmente, ele surgisse por si mesmo. Isso acontecia mais ou menos pelas mesmas razões de antes da Revolução – quando o abastecimento era insuficiente e os preços eram elevados.
Ocorreram diversas ondas de motins da fome na Revolução, mesmo que não tão frequentes e ocorrendo em menores escalas, em Paris e em outros lugares, por exemplo no outono e novamente em 1794; e, em 1785, foi marcado por ser o grande ano de uma quase penúria nas províncias, os motins da fome e os conflitos sociais alcançaram uma intensidade que foi esboçada apenas no ano de 1789 (1991 p.126). Entretanto, incidentes destacados por Rudé tanto em 1792 - este que foi destacado não pelo preço do pão ou da farinha, mas sim, por conta da escassez de açucares e de outros produtos coloniais, como rastros da guerra civil deflagrada nas Antilhas entre os fazendeiros e os nativos e também o incidente ocorrido em 1793 (1991 p.122), assim como outros convém como uma exemplificação do âmbito e da natureza que os motins da fome possuíam durante o período revolucionário.
É notória a maneira na qual o padrão desses motins, e a seleção das vitimas foram seguindo padrões durante os mesmos 20 anos antes. Destacando que a imposição sistemática ao controle de preços pelo motim, tanto em Paris como em Beauce, se enquadrava na ideia da tradição de “taxation populaire” do Velho Regime na França. E seguindo essa concepção, temos que o motim da fome da Revolução pode ser considerado como um recurso tradicional e conservador que, com apelo ao costume antigo, voltava-se antes para o passado do que para o futuro, e não constituiu nenhum distanciamento radical dos motins antigos.
Os motins da fome da Revolução, embora baseados nos padrões tradicionais e expressando reivindicações tradicionais, possuíra, ao olhar tanto para trás como pra frente, um nível de sofisticação e uma importância histórica que excedeu de muito os do passado.
George Rudé foi responsável por estudos pioneiros da história e sociologia da "multidão pré-industrial" e ofereceu sínteses mestras da Europa da "Era da Revolução", além de ter desenvolvido uma abordagem crítica ao estudo do passado que ficou conhecida como "história de baixo" ou "de baixo para cima", ajudando a cultivar uma ideia mais democrática do passado e da construção do presente, contribuiu para a história a partir da visão da própria história, que seria a história fundada da visão dos oprimidos, ou seja, se concentrou especialmente naqueles que participaram nos tumultos e rebeliões. Concentrando-se no povo e não nos líderes e elites. E podemos notar isso em seu estudo sobre o motim da fome, no qual ele se preocupa em trazer os motivos pelos quais a população estava reivindicando cada melhoria, cada direito.
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