Resenha do Livro Mercantilismo e Transição
Por: Rafael Machado • 23/9/2019 • Resenha • 2.280 Palavras (10 Páginas) • 533 Visualizações
UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO[pic 1]
INSTITUTO DE FILOSOFIA E CIENCIAS HUMANAS
CURSO DE GRADUAÇÃO EM HISTÓRIA
RESENHA DO LIVRO “MERCANTILISMO E TRANSIÇÃO” FRANCISCO FALCON
RAFAEL DA SILVA MACHADO
PROFESSORA: LÚCIA MARIA BASTOS PEREIRA DAS NEVES
DISCIPLINA: HISTÓRIA MODERNA II
RIO DE JANEIRO
2014
Introdução
Francisco José Calazans Falcon é um renomado historiador brasileiro, graduado em história e geografia no ano de 1955 pela Universidade Federal do Rio de Janeiro se tornou especialista em história moderna e contemporânea dando uma ênfase maior sobre a ilustração portuguesa, destacando-se no período Pombalino e também se especializou e se dedicou a escrever sobre o mercantilismo e atualmente é professor do Programa de Pós-graduação em História do Brasil da Universidade Salgado de Oliveira.
Como foi dito acima Francisco Falcon se tornou especialista em história moderna e contemporânea e deu uma maior ênfase sobre a história do mercantilismo. O mercantilismo foi o tema do seu livro “Mercantilismo e Transição” lançado no ano de 1981, onde Falcon tenta ilustrar as principais características e problemas sobre o período do mercantilismo retratando as ideias e práticas político-econômicas da sociedade europeia em um período de articulação com o processo de transição do sistema feudal para o sistema capitalista. Neste livro Falcon escreve de uma maneira bem didática sobre a época mercantilista, as ideias mercantilistas e as práticas mercantilistas que ajudaram a transforma através dos séculos o senário e a vida da população europeia e de outros continentes também.
Desenvolvimento
Francisco Falcon deixa bem claro em seu livro “Mercantilismo e Transição’’ o seu ponto de vista sobre o mercantilismo acreditando que ele deve ser entendido como um conjunto de ideias e práticas econômicas que caracterizam a história econômica europeia e, principalmente, a política econômica dos Estados modernos europeus durante o período que percorre os séculos XV, XVI e XVII. No mercantilismo também seria possível observa um verdadeiro sistema de política econômica no qual os meios econômicos conduzem aos fins de natureza política, sendo os meios nesse caso a política protecionista e a política monetária e os fins seriam a política de unificação e a política de poder.
“Longe de ser apenas uma palavra, o mercantilismo tampouco se confunde com um sistema ou doutrina ou algo parecido, identificando, sim, aquelas ideias e práticas econômicas que, durante três séculos, estiveram sempre ligadas ao processo de transição do feudalismo ao capitalismo, e, mais particularmente, aos problemas dos Estados modernos, absolutistas, e à expansão comercial e colonial europeia iniciada com grandes navegações e descobrimentos dos séculos XV e XVI.” (FALCON, 1981:17).
Para entender melhor a época mercantilista os estudos sobre o mercantilismo devem ser situados no contexto histórico que o possibilitou ser real, que foi o período de transição do feudalismo ao capitalismo que é chamado por muitos de “época mercantilista”. E duas razões apontam nessa direção: a distinção entre o mercantilismo e a época mercantilista e o fato de que o elemento definidor por excelência dessa época, embora às vezes esquecido, é o processo de transição. A proposta de Falcon sobre o caráter da época mercantilista é reconhecer por um lado que ainda existem relações feudais nesse período mercantilista e também reconhecer a existência de uma relação do tipo capitalista entretanto, que o autor realmente quer é acabar com esse dualismo e aceitar que o período mercantilista que é caracterizado como um período de transição não é redutível nem ao feudalismo, nem ao capitalismo, nem tampouco a ambas as duas mas, é uma época com especificidade própria resultante do fato de que em suas formações sociais concretas existem estruturas econômicas-sociais, políticas e ideológicas que nem são feudais, nem podem ser chamadas de capitalistas mas sim de transição. E para entender melhor a época mercantilista deve ser estudar melhor as estruturas econômicas, sociais, políticas e ideológicas desse período de transição.
O sistema econômico desse período girava entorno das relações da agricultura nos campos e das relações industriais nas cidades. No campo podemos encontrar três tipos de relações econômicas diferentes que são elas: o aforamento (corresponde, em sua essência, à persistência de relações feudais reais entre os foreiros e os senhores das terras que cultivam), o arrendamento (identifica-se ou aproxima-se bastante das relações contratuais capitalistas, embora seja discutível afirma-se que em si mesmo se trata de uma forma capitalista) e por último a parceria (ocupa um lugar intermediário entre os dois tipos anteriores, sendo talvez num certo sentido uma forma típica de transição). Nas cidades é encontrada dois tipos de relações econômicas diferentes que são eles: o artesanato (corresponde à persistência da produção em pequenas oficinas quase sempre organizadas em corporações ou guildas, para efeito de defesa de seus interesses e manutenção da própria estrutura interna, hierarquizada) e a manufatura (se apresenta como um tipo de organização no qual o produtor direto, ainda um artesão encontra-se subordinado a um empresário que lhe fornece, conforme a caso, a matéria-prima, certos instrumentos de trabalho e se apropria da produção, pagando por tarefa ou, mais tarde, pagando um salário).
A estrutura social correspondente ao período mercantilista é conhecida em geral como Sociedade do Antigo Regime e tem como característica principal o fato de ser uma sociedade de ordens quase sempre identificada com o conceito weberiano de sociedade estamental.
“Na realidade, a chamada sociedade de ordens tenta escamotear através de diversas práticas político-jurídicas e ideológicas aquilo que é o caráter essencial mesmo de tais sociedades: a existência de uma classe propriedades de terras, ou senhores de terras, que se auto definem como ordens (nobreza e clero), e uma classe de camponeses, ocupantes dessas terras, produtores, diferenciados entre si através de um sem-número de critérios ou costumes [...] Simultaneamente, devemos mencionar a existência de um número crescente de camponeses sem terras, espécie de proletariado rural [...] Outro aspecto a ser levado em conta é a existência de uma burguesia mercantil, muito variável em número e poder econômico de uma formação social a outra e, em alguns casos, a presença de uma burguesia industrial incipiente, estando cada uma dessas burguesias dividida em segmentos ou setores por vezes bastantes diferenciados.” (FANCON, 1981: 27).
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