Resenha do livro Londres e Paris no século XIX
Por: Patrícia Trogo • 6/6/2016 • Resenha • 1.649 Palavras (7 Páginas) • 4.459 Visualizações
UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA
CURSO DE HISTÓRIA
RESENHA DO LIVRO LONDRES E PARIS NO SÉCULO XIX:
O ESPETÁCULO DA POBREZA
por
Patrícia Trogo Pereira
Juiz de Fora, 18 de maio de 2016
Resenha do livro Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza
O livro “Londres e Paris no século de XIX: o espetáculo da pobreza” versa sobre o estudo das multidões na Paris e Londres do século XIX, nos levando a uma análise histórica e ao mesmo tempo a uma observação de como era a vida social do homem nessas cidades, principalmente em referência a população mais pobre, e para mostrar a vida dessa população a autora utiliza textos de homens letrados do século XIX, como: de médicos, literários, administradores e investigadores sociais da época.
Este livro foi escrito pela historiadora Maria Stella M. Bresciani, Bresciani foi professora de História na Universidade Estadual de Campinas, aposentou em 2009, mas atualmente é Professor Emérito Colaborador na mesma instituição. Sua especialidade na área de História é: pensamento político e urbanístico, cidade, cidadania, história urbana e historiografia.
A autora inicia o livro falando do interesse dos literatos pela multidão que se formava em Paris e Londres do século XIX, citando que na França temos Zola, Eugène Sue, Victor Hugo e Baudelaire, durante o decorrer do livro observações sobre essa multidão feita por estes dois últimos autores citados serão varias vezes utilizadas. Já na Inglaterra teremos os autores Charles Dickens e Edgar Alan Poe. Apesar do interesse dos literatos por essa multidão, temos também a apreensão e o temor por parte da população com esse aumento do povo nas ruas.
Esse aumento populacional nas ruas de Paris e Londres faz com que não se tenha mais uma identidade individual e sim uma noção de identidade coletiva, em que os habitantes dessas cidades passam a fazer parte de um aglomerado urbano, trazendo assim um contexto novo para época, que faz com que haja um fascínio, mas ao mesmo tempo um sentimento de medo em relação a esse mundo novo.
Para falar da rua e os personagens em Paris a autora usa o olhar de Baudelaire, para Baudelaire a população de Paris se divide entre o dia e noite. Durante o dia as ruas são tomadas por trabalhadores indo para sua jornada de trabalho, em que se vê a imagem urbana sendo tomada por uma multidão de trabalhadores, já a noite apresenta suas particularidades, o trabalhador cansado vai para a sua casa descansar, enquanto as ruas são tomadas por criminosos, prostitutas e jogadores, diferente de Baudelaire para muitos letrados da época como Janin a noite era assustadora, pois era a hora em que a população “clandestina” saia para as ruas. Victor Hugo chega a comparar os assaltos dos ladrões ao ataque de índios, e que o ruído da cidade lembra o zunir de uma colmeia.
BRESCIANI, Maria Stella M. Londres e Paris no século XIX: o espetáculo da pobreza. São Paulo: Brasiliense, 1982.
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Já para descrever a multidão londrina a autora utiliza anotações de Edgar A. Poe. Poe irá agrupar e hierarquizar os grupos em Londres. Em alto grau tinham os nobres, advogados, mercadores, lojistas..., homens atarefados empenhados nos negócios. Em seguida temos os escreventes, divididos em pequenos escreventes e principais escreventes. Temos também os batedores de carteiras, seguidos pelos jogadores profissionais. Por ultimo as pessoas das camadas mais baixas como: os mendigos de rua, revendedores judeus, mocinhas humildes, prostitutas, vendedores de todos os tipos de mercadorias, operários exaustos.
Durante a descrição das ruas e seus personagens percebemos que em ambas as cidades, Paris e Londres, essa multidão amontoada que pode ser a causa do progresso pode levar também a degradação do homem.
Para explicar essa questão de progresso associada a degradação do homem é utilizado a visão de Engels quando este em 1840 visita Londres, e se vê confuso em relação a esta contradição, pois em um mesmo dia ele fica maravilhado com o progresso, mas percorrendo as ruas principais de Londres ele fica constrangido ao ver o preço que os londrinos estavam pagando, ruas lotadas, onde quase não dava para se andar, bairros pobres e afastado onde a básica sobrevivência humana, tanto física e mental era trocada pelo progresso.
Por causa dessa aglomeração de pessoas, teremos a questão social, principalmente a ideia sanitarista que tinha como objetivo limpar a cidade para o bem do desenvolvimento, pois o pobre era visto como a causa do problema e não como consequência desse progresso desenfreado. Outro problema será o desemprego, pois desde a metade do século XVIII há um preconceito em relação ao trabalhador nascido em Londres, a qual o patrão prefere empregar um imigrante a um londrino, isso faz com que haja um aumento de desempregados, além também da crise industrial que ocorreu em Londres na metade do século XIX, devido a Revolução Industrial.
Com a crise nas indústrias o trabalhador desempregado acaba vendendo seu único bem, no caso sua mão de obra, por um preço baixo, tendo assim acentuado a exploração do trabalhador e também forçando a residir nas cidades, com isso há um aumento populacional nos bairros pobres piorando as condições sanitárias, alimentação e moradia. Tudo isso acontece em consequência do progresso, sendo o pobre trabalhador a maior vítima dele.
Os trabalhadores se sentindo cada vez mais acuado e cada vez mais na miséria começam através de movimentos pedirem medidas reformistas como: trabalhos públicos e auxílio-desemprego, esses movimentos dos trabalhadores causou na população londrina um grande medo, que poderia se assemelhar ao Grande Medo da Revolução Francesa.
Enquanto a Inglaterra já estava afundada em um estado de miséria de seu povo a França estava caminhando para a miséria dos seus trabalhadores. Na época os franceses não diferenciavam homem
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trabalhador, pobre e criminoso, para ele existia a degradação da condição humana. A partir daí temos a criação da pobreza em Paris e a exploração do trabalhador francês.
Para Buret a miséria é mais abundante nas cidades, já para Michellet a
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