Suécia Absolutista
Por: Diego Dresch • 17/8/2015 • Seminário • 1.632 Palavras (7 Páginas) • 780 Visualizações
Contexto europeu:
Panorama característico do Ocidente no início da época moderna: absolutismo aristocrático sustentado sobre a base social de um campesinato não-servil e cidades em ascensão.
Panorama característico do Leste: absolutismo aristocrático sustentado sobre a base de um campesinato servil e cidades subjugadas.
A Suécia:
Durante a Idade Média não existiu na Suécia uma hierarquia feudal bem articulada, com amplo parcelamento da soberania. O sistema de feudos foi tardio e imperfeito, cuja vassalagem se caracterizava também recente e superficial, nunca tendo produzido divisões regionais profundas entre a reduzida nobreza sueca, diferente do resto do continente.
Quando surgiu um poder provincial pela primeira vez, ele foi consequência de uma monarquia unitária já instaurada, e não um obstáculo anterior a ela. * Em seu leito de morte, Gustavo Vasa legou aos seus filhos mais novos terras - apanágios - ducais da Finlândia, Östergötland e Södermanland.
Não existia na Suécia a urgência interna de um absolutismo centralizado, uma vez que não era possível a degradação do forte campesinato e o controle das cidades não era difícil. Tampouco era difícil a sua implementação por parte da classe dominante fundiária, campesina. (Exatamente esse não seria um bom motivo para uma insurreição da aristocracia?) Uma pequena e compacta nobreza podia adaptar-se com facilidade a uma monarquia centralizada.
A situação de classe do absolutismo sueco, que determinou sua forma e evolução, foi marcada por insignificantes pressões sociais. Tal situação é observada no papel peculiar nele desempenhado pelo sistema de estados:
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Matriz fundamental do absolutismo sueco: relação triangular de classe dentro do país. (nobreza – aristocracia; forte e amplo campesinato; burguesia “fraca”)
Panorama característico da Suécia: combinava um campesinato livre de dominação pessoal e cidades insignificantes, duas variáveis ‘contraditórias’. A ordem social sueca era estável, até que pressões externas viessem a abater-se sobre ela. Pressões essas que precipitaram o advento inicial do domínio Vasa.
- O campesinato livre de dominação pessoal era “dominante” e assegurava a convergência fundamental da história sueca com a história da Europa Ocidental e Oriental, com seus pontos de partida tão diferentes.
- A insignificância das cidades era uma consequência de um amplo setor camponês de subsistência, que não estava esgotado devido à exploração pelos mecanismos feudais ortodoxos de extração de excedentes (que se pode observar na história do restante da Europa).
- A nobreza: Sempre comparando ao restante da Europa (principalmente ocidental), o autor coloca a nobreza com menor predomínio na área rural, mas também não era intimidada por uma burguesia urbana. A própria magnitude do campesinato independente, com ampla extensão de propriedades, tornava praticamente impossível a hipótese de imposição de uma servidão, além de reduzir a um nível extremamente baixo o contingente da nobreza situado fora dele.
A aristocracia sueca (durante todo o primeiro século de domínio Vasa) era uma classe muito pequena se comparada ao padrão europeu. Em termos de população, a parte mais importante dessa aristocracia sueca daquela época (algumas famílias constituíam o círculo fechado de magnatas que fornecia os conselheiros do rad) era estruturalmente incapaz de fazer frente ao campesinato.
- A burguesia: Sem qualquer ameaça ao monopólio do poder político.
- Cronologia da Suécia absolutista
De fins do XIV ao início do XVI: União de Kalmar
-> Regência local da Suécia nos últimos anos da União de Kalmar, governada pela facção oligárquica Sutre.
1520: O rei dinamarquês Cristiano II tenta instaurar sua autoridade na região. Derrota a oligarquia Sutre.
-> União da aristocracia local e setores do campesinato independente, comandado por Gustavo Vasa, contra a perspectiva de imposição de uma monarquia estrangeira (da Dinamarca).
1523: Gustavo Vasa (Gustavo I): nobre usurpador que se insurge contra a dominação dinamarquesa e, auxiliado por Lübeck, estabelece seu próprio domínio, instalando bases de uma monarquia estável na Suécia.
1560: Érico XIV, filho de Gustavo I, assume o trono em decorrência da morte do pai, que assegurou em 1544 a aceitação pelos Estados do princípio de que a monarquia deixaria de ser eletiva e passaria a ser hereditária.
1568: João III, irmão de Érico XIV e filho de Gustavo I, sucede o irmão deposto pelos nobres como desequilibrado mental.
1592: Segismundo, filho católico de João III, que 5 anos antes fora eleito rei da Polônia (devido, em parte, dos laços matrimoniais da dinastia Vasa com a então extinta linhagem Jagelônia).
-> Forçado a respeitar o luteranismo na Suécia como condição de sua aceitação, residiu na Polônia como rei absenteísta, por 10 anos. Na Suécia, seu tio Carlos (duque de Södermanland) e o rad da alta nobreza governavam o país: Segismundo foi mantido afastado do seu reino do norte por uma aliança entre duque e nobreza.
1604: Carlos IX, tio de Segismundo. A arbitrariedade pessoal de Carlos no reinado de Segismundo opôs ao seu governo a alta aristocracia, que se juntou a Segismundo em 1604, quando ele regressou a fim de reclamar seu patrimônio usurpado pelo tio. O confronto armado terminou com a vitória ducal, com o respaldo da propaganda antipapal contra Segismundo, apresentado como ameaça de recatolicização da Suécia.
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1612: Corpo constitucional seguido do reinado de Gustavo Adolfo, filho de Carlos IX.
- Glossário
União de Kalmar: “Durante os séculos VII e VIII, os suecos eram marinheiros mercantes famosos pela rede de comércio de longo alcance. Durante os séculos XI e XII, a Suécia tornou-se gradualmente um reino cristão unificado que posteriormente incluiu a Finlândia. A rainha Margarida da Dinamarca unirá em 1397 todas as terras nórdicas na chamada "União de Kalmar", mas a contínua tensão dentro da união gradualmente levou a um conflito aberto entre suecos e dinamarqueses no século XV. A desintegração total da união no início do século XVI dará origem a uma rivalidade de longa duração entre Noruega e Dinamarca de um lado e Suécia e Finlândia, do outro.
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