Trabalho
Por: daadaa • 19/5/2016 • Trabalho acadêmico • 2.044 Palavras (9 Páginas) • 376 Visualizações
As vésperas da revolução russa
Enquanto as principais potências da Europa permaneciam na guerra, em dezembro de 1917 a Rússia saiu do conflito e assinou um armistício com a Alemanha Internamente, o pais estava abalado pelos efeitos do conflito mundial. O saldo da guerra era de 5,5 milhões de soldados russos entre mortos, feridos, desaparecidos ou prisioneiros. Nesse período, o país era alvo de muitas agitações populares, que contavam com a participação de operários e camponeses.
A Rússia czarista
As vésperas da revolução, a população russa, de aproximadamente 160 milhões de pessoas, era governada pelo czar, monarca absoluto que tinha o apoio da Igreja Ortodoxa Russa, da burocracia civil e da nobreza proprietária de terras. Apenas duas estruturas podiam, com muitas limitações, contestar seu poder autoritário: as assembleias distritais e provinciais (Zemstvos) e as municipais (Dumas), instituídas nas últimas décadas do século XIX.
Para parte da sociedade russa, a servidão representava um entrave ao desenvolvimento econômico e social do país. Sua gradual abolição foi uma das realizações do czar Alexandre II, que atribuiu terras aos mujiks (que trabalhavam para os nobres na condição de servos).
A industrialização da Rússia teve início na segunda metade do século XIX. As principais industrias concentravam-se nas maiores cidades ocidentais do império, como Moscou e São Petersburgo, os trabalhadores russos eram submetidos a condições extremas de exploração: jornada de trabalho eram 12 e 16 horas, baixo salários, falta de segurança e inexistência de uma legislação trabalhista.
A preparação política
A industrialização, associada à exploração do operariado, contribuiu para a difusão do pensamento marxista no Império Russo. As discussões sobre a natureza da luta contra o czarismo criaram duas tendências no interior do partido: os mencheviques (minoria) e os bolcheviques (maioria). Os mencheviques, liderados por Yuly Martov e Georgy Plekanov, defendiam a tese de que a luta contra o czarismo deveria passar por uma etapa democrático-burguesa. A burguesia deveria tomar o poder e instaurar uma república que promovesse reformas econômicas e sociais visando ao desenvolvimento do capitalismo.
Os bolcheviques liderados por Vladimir Ilitch Ulianov, conhecido comop Lênin, defendiam a necessidade de uma revolução proletária conduzida por uma organização clandestina, de revolucionários profissionais, centralizada e submetida a rigorosa disciplina.
Enquanto bolcheviques e mencheviques disputavam a hegemonia no seio do POSDR, a Rússia sofria as consequências da derrota na Guerra Russo-Japonesa. Vários setores da sociedade russa reagiram
às irreparáveis perdas em homens e russos, além da humilhação sofrida pelo país.
O ensaio geral de 1905
Um dos episódios determinantes para a eclosão do movimento revolucionário de 1917 foi o Domingo Sangrento, o ocorrido em 1905. Em dezembro de 1904, um grupo de trabalhadores de usina de Putilov, situada em São Petersburgo à direção da empresa.
Os dirigentes não só ignoraram as existências dos trabalhadores, como também demitiram todos aqueles que aderiram à iniciativa.
Em solidariedade aos demitidos, as Seções Operárias (núcleos de operários) organizaram, em janeiro do ano seguinte, uma manifestação pública. Em resposta, centenas de trabalhadores foram metralhados pelos soldados do czar.
Numa reação indignada ao Domingo Sangrento, greves e manifestações eclodiram em todo o país, tanto na cidade quanto no campo. Iniciaram-se motins militares , entre eles a rebelião dos marinheiros do encouraçado Potemkin, o maior navio de guerra do império, contra o abuso praticado por seus comandantes. No decorrer dos confrontos de 1905 surgiram os sovietes e os partidos liberais.
Até 1916, a Rússia experimentou uma aparente democracia com a convocação da Duma. Após a quarta Duma, o governo proibiu todos os debates de ordem pública e constitucional. Á repressão política se somavam os prejuízos da participação da Rússia na Primeira Guerra Mundial, criando assim um cenário de descontentamento e pressões sociais que culminaria na Revolução de 1917.
O fim do regime czarista
Assim como a derrota russa na guerra contra o Japão contribuiu para o levante de 1905, o fracasso dos exércitos czaristas na Primeira Guerra Mundial favoreceu a explosão revolucionária de 1917.
De 1914 até o final de 1916, período em que a Rússia participou da guerra, os enormes, porém mal equipados exércitos russos sofreram derrotas sucessivas. Enquanto isso, a situação interna se tornava cada vez mais insustentável: inflação desenfreada, desencadear uma série de manifestações populares contra a guerra e o governo czarista.
Um clima de efervescência revolucionária tomou conta da sociedade. Manifestantes espontâneas de rua, greves operarias e atos de insubordinação dos soldados contra os comandos militares culminaram na Revolução de Fevereiro, que derrubou o regime czarista.
Os grupos revolucionários bolcheviques, mencheviques, socialistas-revolucionários e anarquistas intensificaram suas ações. No dia 27, soldados e operários ocuparam o Palácio de Inverno e em poucas horas a capital do império foi tomada pelos revolucionários.
A partir de São Petersburgo, a revolução se propagou por toda a Rússia. As autoridades imperiais foram exoneradas de seus cargos e substituídas por elementos nomeados pelos sovietes. Em sua maioria, os novos dirigentes eram mencheviques .
Em 2 de março de 1917 um acordo entre Duma e o soviete de Petrogrado (a nova denominação de São Petersburgo) permitiu a formação de um Governo Provisório de maioria liberal. Como chefe de governo foi nomeado o príncipe Georg Lvov, político tradicional e rico proprietário de terras.
A dualidade de poderes
Com a abolição do czar, estabeleceu-se uma aliança entre o Governo Provisório, de caráter liberal e controlado pela burguesia, e o soviete de Petrogrado, eleito pelos operários e soldados. Esse soviete permaneceu, num primeiro momento, como um órgão à parte do governo, que fiscalizava sua atuação. Nesse período de agitação políticas, formou-se uma expressiva rede de sovietes, associada a outras instituições populares, como sindicatos e assembleias.
A principio, os setores populares representados nos sovietes acreditavam que a aliança com os liberais pudesse garantir a conquista de suas reivindicações. Mas, em um curto prazo, o governo de alianças cedeu lugar a uma situação de dualidade de poderes. Enquanto o governo liberal defendia a permanência da Rússia na guerra “até a vitória final”, o soviete de Petrogrado encaminhava uma proposta de paz.
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