A ANÁLISE DO TEXTO: O QUE É FILOSOFIA MEDIEVAL - Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento, Coleção primeiros passos, Brasiliense, 1992.
Por: Delis18 • 15/9/2021 • Abstract • 2.157 Palavras (9 Páginas) • 388 Visualizações
HISTÓRIA MEDIEVAL
DISCENTE: DELIS MEDEIROS BRITO
ANÁLISE DO TEXTO: O QUE É FILOSOFIA MEDIEVAL - Carlos Arthur Ribeiro do Nascimento, Coleção primeiros passos, Brasiliense, 1992.
O autor começa falando que em vários lugares escutamos falar da Idade Média. Vemos isso na filosofia, na moda, nos livros de história e em muitos outros lugares. Mas, apesar de ser usada como referência por muitos, a Idade Média é apenas um período inventado por um pedagogo alemão chamado Christoph Keller, que definiu a divisão da história ocidental em antiga, medieval e moderna. Junto com essa divisão veio também a Idade Média que foi o período das trevas no âmbito intelectual.
Este posicionamento é questionável e não aceito por outros estudiosos, visto que o período medieval teve uma vasta produção intelectual por parte de muitos homens, ainda hoje estudados, como Santo Agostinho e outros de também grande importância para a formação do pensamento cultural da sociedade cristã do Ocidente. De fato, fica difícil entender e considerar a produção intelectual da Idade Média como “científica”, já que estamos direcionados a acreditar que ciência e religião não se misturam.
Baseados nas doutrinas bíblicas, nasceram as teorias da filosofia medieval. O autor cita o exemplo do apóstolo Paulo, que em diferentes passagens bíblicas, usa de estratégias opostas em suas pregações. Aos gregos, no livro de Atos dos Apóstolos, prega as Boas Novas de maneira racional e próxima à linguagem filosófica grega. Já na primeira carta aos Coríntios, usa de uma linguagem mais espiritualista e transcendente, tratando-se de estar falando a judeus pertencentes às baixas camadas da população. Daí nascem duas linhagens de cristãos: os que tomam influência da cultura pagã e os que crêem de maneira mais espiritualista, não aceitando a entrada de secularismos na fé bíblica. Da primeira linhagem saíram os homens que constituíram suas teorias como base do pensamento ocidental por longos séculos. Como principal referência desse sincretismo entre fé e razão temos Santo Agostinho.
Agostinho sofreu grande influência da idade antiga. Formulou seu pensamento sobre uma síntese de elementos da cultura antiga com o cristianismo, trazendo aos posteriores um ideal cultural e uma orientação filosófica.
Esse ideal cultural Agostinho toma de uma passagem bíblica do livro de Êxodo, em que Deus manda aos judeus que antes da diáspora tomem os utensílio de valor dos egípcios, pois aqueles bens eram seus por direito, era o pagamento de tantos anos de trabalho não recompensado. A partir desse trecho, Agostinho constrói a idéia de que os cristãos deviam espoliar-se dos bens culturais pagãos, já que os antigos não tinham direito de posse destes bens, pois ultilizavam-nos mal, com o fim de cultuar os seus falsos deuses.
Quanto à orientação filosófica, Agostinho formulou com base no livro do profeta Isaías capítulo 7, que diz: “se não credes, não compreendereis (p. 16)”, a necessária interação entre fé e razão. Segundo ele, para crer é preciso entender que se deve crer e que o objeto da minha crença não é algo absurdo e também é preciso entender o que eu creio, no caso a palavra de Deus.
Dentro desses parâmetros de relação entre fé e razão, a filosofia medieval foi evoluindo. Para que essa evolução se tornasse concreta, os estudiosos utilizaram-se de instrumentos na formulação de seus pensamentos. Em diferentes períodos, utilizaram-se da gramática, da dialética e da filosofia como instrumentos de auxílio. O uso dessas artes liberais começou com o império de Carlos Magno, que se preocupou em incentivar o saber e a instrução no seu reino, através do monge formado em York de grande conhecimento em cultura clássica, o ilustre Alcuíno.
Alcuíno trouxe a influência clássica aos estudos teológicos de sua época como auxílio na compreensão dos textos bíblicos. Usava-se das artes liberais da antiguidade de todos os tipos: o trívio, que se preocupava com os vários aspectos da palavra (gramática, dialética, retórica) e o quadrívio, que se preocupava com disciplinas de caráter matemático (aritmética, geometria, música, e astronomia). A partir de Alcuíno começa, mesmo que de maneira bastante discreta, a preocupação dos medievais em utilizar dessas artes para uma melhor interpretação dos textos sagrados.
Houve no final do século V d.C. um autor de origem desconhecida chamado Dionísio. Na época, pensava ser ele o Areopagita que se converteu pela pregação de Paulo no Areópago em Atenas. Por isso foi um autor muito prestigiado pelos medievais, pois o consideravam um herdeiro direto da geração de Cristo.
Houve no final do século V d.C. um autor de origem desconhecida chamado Dionísio. Na época, pensava ser ele o Areopagita que se converteu pela pregação de Paulo no Areópago em Atenas. Por isso foi um autor muito prestigiado pelos medievais, pois o consideravam um herdeiro direto da geração de Cristo. Muitos homens traduziram suas obras, mas o mais fidedigno e que promoveu os escritos de Dionísio na teologia ocidental foi João Scot Erígena. Ele foi o intelectual mais notável de seu século.
Scot Erígena concebia o trabalho intelectual da filosofia como uma “fé” que procura a inteligência através da interpretação das Escrituras. Buscou também entender a natureza formulando instâncias dialéticas. Sua forma de pensar assemelha-se a Anselmo de Catuniária e Pedro Abelardo.
Anselmo trouxe de volta o “crer para entender” de Agostinho de maneira mais equilibrada. Entendia a fé como meio de buscar a compreensão. Na sua obra Proslogion, Anselmo busca de várias formas compreender Deus através de uma razão pautada na fé. Isto se confirma no trecho: “... por teu dom, eu anteriormente cri, já compreendo de tal modo, por tua iluminação, que se não quisesse crer que tu és, não poderia não compreender”. Assim, Anselmo se esforça em seus argumentos para provar a existência de Deus, que acaba por colocar em relevo o caráter absoluto de Deus que é a sua existência em si.
No século XII, ocorreu uma espécie de renascimento na Europa ocidental. Muitas coisas passaram por mudanças e melhorias. Novas técnicas foram adquiridas na agricultura e na pecuária, o comércio e as cidades renasceram, fazendo com que as escolas se mudassem do campo para as cidades. Além dessas transformações, houve também melhorias nos métodos dos estudos teológicos da época. Melhorias estas que perduraram por vários séculos.
Um dos grandes influenciadores dessas transformações foi Pedro Abelardo. Sua principal contribuição encontra-se numa obra chamada “Sim e Não”, em que Aberlado utiliza-se de contradições e da dialética afim de levar à reflexão e ao descobrimento da verdade. Pois, para ele, a dúvida nos incita à pesquisa e esta nos leva à verdade.
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