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A Era da Big Science

Por:   •  30/11/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.849 Palavras (12 Páginas)  •  907 Visualizações

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Era do Big Science

  1. Era do Big Science

Neste trabalho iremos falar sobre a Big Science, “grande ciência, termo que descreve o estilo de pesquisa científica desenvolvido durante e após a Segunda Guerra Mundial. Definiu a organização e o caráter de muitas pesquisas em física, astronomia e ciências biológicas, caracterizada por instrumentos e instalações de grande escala, financiados por órgãos governamentais ou internacionais, nos quais as pesquisas eram conduzidas por equipes ou grupos de cientistas e técnicos. Alguns dos projetos mais conhecidos da Big Science incluem instalações de física de alta energia CERN, o Telescópio Espacial Hubble e o Programa Apollo.

O termo Big Science apareceu pela primeira vez em um artigo de 1961 na revista Science, intitulado "Impacto da Ciência em Grande Escala nos Estados Unidos", do físico Alvin Weinberg, diretor do Laboratório Nacional de Oak Ridge. O artigo descreveu a Big Science como parte da nova economia política da ciência produzida pela Segunda Guerra Mundial, durante a qual o governo dos EUA patrocinou gigantescos esforços de pesquisa, como o Projeto Manhattan, o programa americano de bombas atômicas e o Laboratório de Radiação, um centro de pesquisa de radar no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). O conceito de Weinberg era uma expressão de nostalgia por "Little Science", “pequena ciência”, um mundo de pesquisadores independentes e individuais livres para trabalhar sozinho ou com alunos de pós-graduação em problemas de sua própria escolha, e não como se a Big Science fosse apenas uma nova forma de pesquisa científica. Porém, a guerra de alta tecnologia transformou o apoio da pesquisa científica em uma prioridade de segurança nacional e prometeu transformar cientistas e engenheiros em beneficiários da generosidade da Guerra Fria.

A Big Science compartilhou muitas características de outras empresas industriais e governamentais. Os projetos mais ambiciosos: satélites e sondas espaciais, aceleradores de partículas e telescópios, em grande escala, caros e fortemente burocráticos, rivalizavam com os de suas instituições militares e industriais em seu tamanho e complexidade. Weinberg argumentou que eles eram os equivalentes contemporâneos de pirâmides egípcias ou catedrais góticas. Alguns países até fundaram cidades inteiras para apoiar a pesquisa científica, como Oak Ridge nos Estados Unidos, Tsukuba, uma cidade acadêmica no Japão e Akademgorodok na União Soviética.

Para os pesquisadores, o nascimento da Big Science sinalizou uma transformação do cientista, de um pesquisador independente em um membro de um grupo organizado hierarquicamente. Cientistas de instalações como o CERN encontraram-se trabalhando em projetos que reuniram centenas de cientistas, engenheiros, técnicos e administradores. Essa cultura burocrática, por sua vez, reformulou carreiras científicas, tornando possível o sucesso através da habilidade administrativa, capacidade de angariação de fundos e talento gerencial, bem como o brilho científico. Também se juntou à tendência no ensino superior para enfatizar a pesquisa sobre o ensino para cientistas em universidades de pesquisa. O alto custo dos instrumentos científicos, das instalações e das folhas de pagamento fez com que a Big Science fosse acessível apenas para agências governamentais ou consórcios internacionais, tirando influência das universidades, sociedades e filantropias que haviam sido os principais apoiadores da pesquisa científica antes da Segunda Guerra Mundial.

        Os produtos da Big Science também diferiam dos que precediam as formas de pesquisa científica. Os resultados literários da Big Science foram artigos "escritos" por dezenas ou mesmo centenas de co-autores, ao invés de indivíduos ou alguns colaboradores. Tão importante quanto os relatórios publicados, são os arquivos legíveis por máquinas de dados, gerados por projetos que podem ser usados ​​pelos pesquisadores, mesmo que os instrumentos que os produziram se tornaram obsoletos.

Com o fim da Guerra Fria, as fortunas e a complexidade da Big Science começaram a mudar. O fenômeno nunca esteve sem seus críticos: seu impacto na educação científica foi misto, e durante a década de 1960 estudantes americanos em uma “apresentação escolar” protestaram contra a investigação patrocinada por militares e conduzida em instalações Big Science, como o laboratório de Instrumentação de Charles Stark Draper no MIT. A retirada do financiamento para um acelerador de partículas em 1993 marcou o recuo do governo dos E.U.A. de seu patrocínio anteriormente “luxuoso” à física quântica. O desenvolvimento da NASA de satélites menores e de menor custo na década de 1990 foi também motivado por demandas para realizar pesquisas em uma escala mais econômica. Ao mesmo tempo, Big Science começou a se espalhar para as disciplinas biomédicas através do Projeto Genoma Humano. No entanto, nesse projeto, o trabalho foi descentralizado entre vários locais de pesquisa, em vez de se concentrar em uma única grande instalação. Além disso, seu objetivo não era um conjunto de trabalhos de pesquisa, mas a produção de um arquivo, a sequência do genoma humano. Finalmente, o projeto foi apoiado em parte por empresas privadas que esperavam usar o arquivo em seus próprios esforços para desenvolver novos produtos farmacêuticos e outros produtos médicos.

  1. Pesquisa Básica e sua influência na formação do mundo contemporâneo

Após a segunda guerra mundial foi necessário rearranjar as diretrizes do papel da ciência em tempos de paz, já que outrora, durante o período da grande guerra, ela teve destaque nos investimentos dos países centrais. Para tal, nos EUA, o então presidente Franklin D. Roosevelt solicitou a Vannevar Bush, diretor do Office of Scientific Research and Development (OSRD), que lhe escrevesse sobre o futuro da função do Estado na ciência. Apesar de Roosevelt ter morrido não muito tempo após esse pedido, Bush o realizou e entregou o seu relatório “Science, the Endless Frontier” para o presidente Harry Truman.

Esse relatório feito por Bush se tornou um marco, pois ele instituiu os rumos do investimento estatal em pesquisa e ciência nas décadas que seguiram o pós guerra. Nele, foi criado um novo termo, muito usado posteriormente, o qual foi a base de todo documento: Pesquisa Básica. Bush, definiu pesquisa básica como o ramo da ciência voltado ao conhecimento em geral e ao entendimento da natureza e suas leis. Assim, para ele, o governo deveria investir em pesquisa básica sem pensar, diretamente, em quais resultados práticos para a sociedade aquele investimento resultaria.

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