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A HISTÓRIA DA PRESPIDADE

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Por:   •  26/3/2014  •  Tese  •  7.642 Palavras (31 Páginas)  •  147 Visualizações

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Presbiterianismo

HISTÓRIA DO PRESBITERIANISMO

Alderi Souza de Matos

1. Conceitos Introdutórios

Uma das coisas mais importantes para todo grupo é ter uma consciência clara da sua identidade e objetivos. A identidade tem a ver com as raízes, a história, os fundamentos, as características distintivas. Os objetivos são uma decorrência disso: à luz das raízes, da identidade, das convicções básicas, serão traçados os alvos, as prioridades, as maneiras de ser e viver no mundo. Isto se aplica perfeitamente aos presbiterianos.

Todavia, ocorre que muitos deles ignoram a sua identidade, não sabem exatamente quem são, como indivíduos e como igreja. Não conhecendo as suas raízes – históricas, teológicas, denominacionais – eles têm dificuldade de posicionar-se quanto a uma série de questões e de definir com clareza os seus rumos, as suas prioridades. Muitas vezes, quando questionados por outras pessoas quanto a suas convicções e práticas, sentem-se frustrados com a sua incapacidade de expor de modo coerente e convincente as suas posições.

O presente texto visa proporcionar, ainda que resumidamente, informações sobre os principais elementos que constituem a identidade reformada. Iniciaremos com o estudo da vida, obra e pensamento do grande reformador do século 16 ao qual estamos ligados, João Calvino. Prosseguiremos acompanhando a expansão do movimento reformado através da Europa até chegar aos Estados Unidos, de onde, principalmente, o movimento veio para o Brasil.

Ao lado das muitas informações históricas que serão transmitidas, veremos também as principais características teológicas, estruturais e práticas da tradição reformada. Ao lado do pensamento de Calvino, também consideraremos os padrões doutrinários da Assembléia de Westminster e outros documentos representativos. As últimas seções serão dedicadas à análise dos principais aspectos práticos que devem caracterizar a nossa vida como presbiterianos nos dias atuais.

Principiaremos o nosso estudo com a análise de três termos importantes cujo significado precisa ser corretamente compreendido: reformado, calvinista e presbiteriano. Esses nomes do nosso movimento são sinônimos em alguns aspectos e diferentes em outros.

1.1 Reformados

Tendo sido o monge alemão Martinho Lutero (1483-1546) o primeiro dos reformadores protestantes do século XVI, os seus seguidores logo passaram a ser conhecidos como “luteranos”. Eventualmente, no país vizinho ao sul da Alemanha, a Suíça, surgiu um novo movimento protestante, independente do movimento de Lutero, que, para distinguir-se do mesmo, passou a ser denominado de “reformado”. Inicialmente, o movimento reformado esteve mais ligado à pessoa de Ulrico Zuínglio (1484-1531). Porém, com a morte prematura deste, o movimento veio a associar-se com o seu maior teólogo e articulador, que foi o francês João Calvino (1509-1564). A propósito, os “protestantes”, fossem eles luteranos ou reformados, só passaram a ter essa designação a partir da Dieta de Spira, em 1529.

Portanto, o movimento reformado é o ramo do protestantismo que surgiu na Suíça do século dezesseis, tendo como líderes originais Ulrico Zuínglio, em Zurique, e especialmente João Calvino, em Genebra. Esse movimento veio a caracterizar-se por certas concepções teológicas e formas de organização eclesiástica que o distinguiram de todos os outros grupos protestantes (luteranos, anabatistas e anglicanos). A tradição reformada foi preservada e desenvolvida pelos sucessores imediatos e mais remotos dos líderes iniciais, tais como João Henrique Bullinger (1504-1575), Teodoro Beza (1519-1605), os puritanos ingleses e outros.

Até hoje, as igrejas ligadas a essa tradição no continente europeu são conhecidas como Igrejas Reformadas (da Suíça, França, Holanda, Hungria, Romênia e outros países). Porém, o termo reformado é mais que a designação de uma tradição teológica ou eclesiástica. É um conceito abrangente que inclui todo um modo de encarar a vida e o mundo a partir de uma série de pressupostos, dentre os quais destaca-se a soberania de Deus.

1.2 Calvinistas

O calvinismo, como o nome indica, é o sistema de teologia elaborado pelo mais articulado e profundo dentre os reformadores, João Calvino. Esse sistema, contido especialmente na obra maior de Calvino, a Instituição da Religião Cristã ou Institutas, resulta de uma interpretação cuidadosa e sistemática das Escrituras, e tem como um de seus principais fundamentos a noção da absoluta soberania de Deus como criador, preservador e redentor. O calvinismo não é somente um conjunto de doutrinas, mas inclui concepções específicas a respeito do culto, da liturgia, do ministério, da evangelização e do governo da igreja.

Normalmente, todos os reformados deveriam ser calvinistas, mas isso nem sempre ocorre na prática. Muitos herdeiros de Calvino, embora se considerem reformados, não mais se designam ou podem ser designados como calvinistas, por terem abandonado certas convicções e princípios básicos defendidos pelo reformador. Portanto, todo calvinista é reformado, mas nem sempre a recíproca é verdadeira.

1.3 Presbiterianos

O termo presbiteriano foi adotado pelos reformados nas Ilhas Britânicas (Escócia, Inglaterra e Irlanda). Isso se deve ao contexto político-religioso em que o protestantismo foi introduzido naquela região, no qual a forma de governo da igreja teve uma importância preponderante. Os reis ingleses e escoceses preferiam o sistema episcopal, ou seja, uma igreja governada por bispos e arcebispos, o que permitia um maior controle da igreja pelo estado. Já o sistema presbiteriano, isto é, o governo da igreja por presbíteros eleitos pela comunidade e reunidos em concílios, significava um governo mais democrático e autônomo em relação aos governantes civis. Das Ilhas Britânicas, o presbiterianismo foi para os Estados Unidos e dali para muitas partes do mundo, inclusive o Brasil.

Daí resulta outra distinção importante. Todo presbiteriano é, por definição, reformado e, em teoria, calvinista. Porém, nem todos os calvinistas são presbiterianos. Um bom exemplo é a Inglaterra dos séculos XVI e XVII. Quase todos os protestantes ingleses daquela época eram calvinistas, mas muitos deles não aceitavam o sistema de governo presbiteriano. Entre eles estavam muitos anglicanos e os congregacionais,

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