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A História Antiga e Medieval

Por:   •  2/9/2019  •  Trabalho acadêmico  •  6.392 Palavras (26 Páginas)  •  219 Visualizações

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TARCÍSIA CRUZ NASCIMENTO



História Antiga e História Medieval:

Considerações sobre as áreas no contexto brasileiro.








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Londrina

2019

TARCÍSIA CRUZ NASCIMENTO


História Antiga e História Medieval:

Considerações sobre as áreas no contexto brasileiro.

Trabalho de Revisão Textual apresentado ao curso de História da Universidade Estadual de Londrina, como requisito para avaliação das disciplinas: História Antiga I e História Medieval I.

Docente: Lukas Gabriel Grzybowski.




Londrina

2019

  1. O que é História Antiga e História Medieval.

        Ao responder este questionamento, é comum que em um primeiro momento seja considerada apenas a noção aprendida na escola, relacionada diretamente à periodização de ambas. Nesse caso História Antiga seria a área de estudo da História que se ocupa da Antiguidade, descrita no Dicionário de Conceitos Históricos, por Silva e Silva (2012, p. 19), como “período [...] que se inicia com o aparecimento da escrita e a constituição das primeiras civilizações e termina com a queda do império romano”. Quanto a Idade Média, o Dicionário da Idade Média organizado por Loyn afirma que “suas origens datam do final do Império Romano (começo do século V) e sua vigência histórica estende-se até o século XVI, quando se instaura a grande Renascença Italiana, que ela preparou.”, (1990, p. 8). Contudo, como afirma Franco Jr. em A Idade Média, nascimento do ocidente (2001, p. 14), não há uma unanimidade entre a comunidade acadêmica sobre o fim da Antiguidade ou o início da Modernidade:

[...] já se falou, dentre outras datas em 300 (reconhecimento da liberdade de culto aos cristãos), em 392 (oficialização do cristianismo), em 476 (deposição do último imperador romano) e em 698 (conquista muçulmana de Cartago) como o ponto de partida da Idade Média. Para seu término, já se pensou em 1453 (queda de Constantinopla e fim da Guerra dos Cem Anos), 1492 (descoberta da América) e 1517 (início da reforma Protestante).

        Mesmo com as divergências quanto ao início ou fim exatos dos períodos antigo e médio, esta concepção se consolidou no ensino e pesquisa de História, apesar de ser possível inferir pela obra de diversos autores, a exemplo de Guarinello (2013) que tal percepção não abrange a totalidade do objeto. Para ele, a nomenclatura utilizada e a própria definição como periodização são vagas. Neste ponto, ele apresenta o caráter geográfico como característica fundamental para o entendimento do que a História Antiga se propõe, já que desde sua instituição como ciência se ocupa da história do Ocidente, com ênfase nos estados de Grécia e Roma, sendo a Mesopotâmia e o Egito, apesar de ter uma mesma periodização, estudados à parte. O dicionário organizado por Loyn (1990, p. 12) acompanha essa idéia, e relaciona o conceito de Idade Média com a história européia “desde a Escandinávia até o Oriente Médio”.

        Por outro lado, com o desenvolvimento do Pós-Modernismo e da Nova História, a forma de se pensar História e fazer Historiografia deixaram de ser a busca por uma verdade absoluta, mas aos poucos um entendimento sobre as verdades coletivas e/ou do agente histórico/historiador, como demonstra Michel de Certeau em a Escrita da História. Partindo desta visão, entender a origem dos termos, tornou-se tão importante para uma compreensão do objetivo quanto o próprio período ou espaço em que tais eventos ocorreram, pois diz muito sobre como esses foram interpretados e reinterpretados ao longo do tempo.

        Seguindo este raciocínio, percebe-se em Franco Jr. (2001) a proposta de rever o conceito de Idade Média, logo de História Medieval, pela construção da idéia de medievo ao longo dos anos pelas sociedades. Segundo ele a origem da expressão, bem como de outras não se dá no próprio período, mas sim posteriormente, sendo neste caso uma atribuição conferida pelos renascentistas do século XVI, dado sua pretensão de se aproximar da Antiguidade Clássica e noção de que o período que os separa nada mais seria que intermediário, ou idade média. Ele destaca que já neste período o termo tinha uma aplicação negativa, sendo associado às trevas e a morte, sendo os homens do século XVI renascentistas por “trazem as artes e ciências (iniciadas na Antiguidade) de volta à vida”. Essa visão se perpetua durante o século XVII, quando os valores do período medieval vão de encontro ao da nova sociedade burguesa. O protestantismo e o iluminismo vão criticar a Igreja Católica e a religiosidade e os reis o enfraquecimento da monarquia. Contudo, com o romantismo do fim do século XIX a Idade Média foi retomada como berço das nações e período de valores e emoções, visto como o ápice da história humana, em contraste ao exagerado cientificismo do século anterior. De acordo com Franco Jr. as primeiras tentativas de revisitar a Idade Média por meio de sua própria ótica, e não pela apropriação ou oposição de valores se dá no século XX.

        Por sua vez, o termo “antigo” aplicado ao período histórico tem, segundo Guarinello (2013), seu início no século XII. Com a crescente busca por textos pré-cristianismo e posteriormente com a invenção da imprensa e a queda de Constantinopla, surgiu à idéia de um “mundo antigo” livre da influência da Igreja, rico culturalmente, levando obras como as de Tito Lívio, Aristóteles, Tácito e outros autores a tornarem-se muito populares entre os eruditos e as cortes de toda Europa, construindo o que chamamos de Renascimento e influenciando diversas personalidades da época como Da Vinci, Colombo, Thomas Hobbes, entre outros. Contudo, para o autor, é com o desenvolvimento do Iluminismo que vamos ter a consolidação da História Antiga, e da História em si, como uma Ciência. Essa sofre um processo nesse período similar ao que Franco Jr. (2001) descreve sobre a Idade Média e o Romantismo. Com o surgimento das nações européias, historiadores exerceram a função de encontrar nas sociedades antigas traços de semelhança, a fim de escrever a História dessas nações. Similar efeito é o causado pela idéia de evolução e civilização do fim do século XIX. Como afirma Guarinello, impulsionados pelo desenvolvimento tecnológico e pelo expansionismo europeu, a História Antiga passa a retratar a marcha evolutiva das sociedades e a uma superioridade européia.

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