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A História da História Oral no Brasil

Por:   •  15/12/2017  •  Artigo  •  1.273 Palavras (6 Páginas)  •  239 Visualizações

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Universidade Federal do Espírito Santo

Centro de Ciências Humanas e Naturais

Departamento de História

Laboratório de Brasil Colonial

Luiza Nichetti

História Oral

Vitória - ES

2017

  1. Breve história da História Oral no Brasil

A História Oral teve seu início a partir do final da década de 1940 com o advento do gravador a fita, em 1948 Allan Nevins oficializa o termo, na Universidade de Columbia, nos Estados Unidos. Muitos historiadores defendem o método através da justificativa de que a História, por muitos séculos, principalmente no período da Antiguidade era perpassada pela oralidade, portanto a importância dela vai além da discussão em ser uma técnica recente, e sim uma reformulação da historiografia para o mundo que compreendemos.

A História Oral para Philippe Joutard (1996), possui quatro gerações. A primeira, começa nos anos 1950, época a qual foi feita grande coleta de dados. A segunda geração, no final dos anos 1960, solidifica o campo da História Oral dentro da própria historiografia, principalmente com a ascensão da História Social e Cultural. A terceira geração acontece nos 1970, marcada por diversas pesquisas envolvendo as classes sociais e, a quarta geração nos anos 1990, que através do movimento pós-moderno, valoriza a subjetividade da História Oral.

Em território brasileiro a História Oral passou por três fases, de acordo com José Carlos Sebe Bom Meihy (1996), tais fases são: o momento do aparecimento, a inserção no conjunto de critérios analíticos da sociedade e propostas e desafios atuais. Diferentemente do caso anglo-saxão, no Brasil a História Oral chega algumas décadas após a fundação do termo, por conta da ditadura militar de 1964, que dificultou a abertura de estudos sociais. Por meio da Fundação Getúlio Vargas, em 1975 a História Oral conseguiu se reerguer, através da preservação, restauração e de grupos acadêmicos. A expressão “História Oral” foi utilizada pela primeira vez no Brasil somente em 1977, na dissertação de mestrado de Humberto Pederneiras Corrêa, “História oral: teoria e técnica”, considerado por muitos historiadores o pioneiro da área no país. O contexto político de reabertura democrática na década de 1980 promoveu um grande avanço na ampliação da História Oral nas universidades, popularizando o campo metodológico. No ano de 1994 foi criada a Associação Brasileira de História Oral (ABHO).

  1. Considerações a respeito da possível metodologia da História Oral

A História Oral é compreendida como metodologia, principalmente no Brasil, ou técnica de análise histórica. Entretanto entre os historiadores há um consenso, nenhuma fonte histórica, oral ou escrita, é objetiva, ou seja, todos são subjetivos. O grande desafio na análise é interpretar a fonte e mostrar como e o porquê cada fonte é subjetiva, lembrando que as fontes históricas são janelas para o passado e cada janela oferece diferentes perspectivas. É um método inteiramente interdisciplinar, os historiadores que trabalham com a oralidade conversam com diversas outras áreas, principalmente a sociologia, antropologia e psicologia. Tais profissionais ajudam no trabalho de compreensão da fonte história, e do indivíduo que a repassa.

Na História a dimensão da temporalidade é de tamanha relevância que o próprio tempo é, usualmente, definidor das questões relacionadas às temáticas da pesquisa, pois os interesses por objetos de pesquisa também se alteram com o decorrer do tempo”. (Delgado, 2003, p. 11)

A coleta de dados é feita através de entrevistas gravadas, em diferentes modalidades, para os pesquisadores que interpretam a história oral como metodologia acreditam que ela é uma ponte entre a teoria e prática, a entrevista portanto serve como a fonte para tais pesquisadores. Todavia não se pode basear somente nas entrevistas, é necessário realizar o contexto histórico, utilizar de outras fontes, inclusive as escritas, fazer levantamento de dados, e elaborar roteiros antes de ir a campo realizar o trabalho.

O que o historiador escreve não é aquilo que se passou e, sim, uma produção discursiva. É importante trazer os fatos do passado para o presente, mas não fazê-los presentes na atual temporalidade, mas tê-los diante de nós como presentes de seu passado. Para conseguir isso, devemos nos certificar de que os fatos realmente foram tendenciosos no passado. E para conseguir isso, temos um instrumento antigo, ainda não ultrapassado, a crítica das fontes, crítica histórica ou método crítico.

De acordo com Thompson (2002), não existe neutralidade do pesquisador e ele não deve se apropriar da entrevista somente como uma técnica de coleta de dados, mas como parte integrante da construção do objeto de estudo.

“Cada tempo tem seu substrato e cada substrato temporal inclui em si singularidade e multiplicidade (Neves, 1995, p. 1). O substrato da marca de um tempo é definido pelas ações humanas e pelos valores e imaginário que conformam esse tempo. Portanto, ao buscar identificar, analisar e interpretar os valores e ações humanas de um outro tempo, o historiador, e demais profissionais que elegem a História como área de conhecimento, empreendem um movimento através do qual, como já assinalado, relacionam-se diferentes temporalidades. Tal movimento próprio ao estudo da inter-relação de tempos e não somente da simultaneidade social constituiu característica primordial do ofício de construção do saber histórico.” (Delgado, 2003, p. 12).

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