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A Ilha Das Flores

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Por:   •  22/9/2014  •  835 Palavras (4 Páginas)  •  689 Visualizações

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“Ilha das Flores” tem como pano de fundo a trajetória de um tomate, da sua produção até ser descartado em um lixão, mas ele fala de seres humanos... O filme nos convida a uma densa reflexão sobre o destino de milhares de homens e de mulheres pobres que apesar de biologicamente serem iguais a qualquer outro ser humano: animais mamíferos, bípedes com um o telencéfalo altamente desenvolvido e o um polegar opositor, estão historicamente submetidos às desigualdades de oportunidade e de acesso a bens que os possibilitem a exercerem igualmente seus direitos de cidadania e os direitos humanos. A linguagem usada pelo filme para falar do processo da geração de riquezas e das exclusões sociais é a utilização de um vocabulário científico que busca explicitar que a nossa racionalidade, nossas conquistas científicas e tecnológicas não foram suficientes para impedirem a existência de situações de extrema degradação da dignidade humana, onde a diferença entre porcos e os seres humanos pobres é que os porcos são quadrupedes, têm dono e podem alimentar-se primeiro. Ilha das Flores é um filme que nos mostra que desenvolvimento econômico e tecnológico não é necessariamente desenvolvimento humano e que nossa realidade socioeconômica antes de tudo deve ser problematizada. “Ilha das Flores” explica, por intermédio da arte cinematográfica e a partir de pressupostos do materialismo histórico de Karl Marx, a lógica capitalista que se faz presente nas relações econômicas e sociais da humanidade. De modo provocativo e irônico, retrata a dinâmica entre produção, trabalho e consumo, destacando as relações monetárias, o acúmulo de capital e a alienação humana. É importante observarmos que os pressupostos marxistas não são usados no filme para fazer apologia a essa corrente do pensamento, mas para remeter à historicidade da existência humana, considerando o homem como um ser objetivo que possui necessidades vitais, e que para satisfazê-las, estabelece relações com o mundo exterior, isto é, com o resto da natureza. Para essa teoria o que vai diferenciar o homem dos demais animais é o fato do homem usar o intelecto para produzir seus meios de subsistência, sua própria vida material.

No entanto, essas relações que os homens estabeleceram, no decorrer dos séculos, em busca da sobrevivência não foram igualitárias nem tão pouco harmoniosas. Com o aparecimento do excedente e posteriormente a criação do dinheiro surgiu, também, a possibilidade de lucro. Assim, o lucro se tornou a força das relações sociais. O homem passou a acumular capital, a industrializar e comercializar sua produção individual e geral. Isso implicou na construção de grandes estruturas comerciais, bem como na exploração da força de trabalho de outros seres humanos, além da criação de um exército de desempregados, esses que estão à margem do processo produtivo da dignidade humana.

Nesse modelo de sociedade capitalista e nem tanto liberal o lucro está concentrado nas mãos do proprietário de terra e dos meios de produção, que contrata a força de trabalho daqueles que não possuem recursos para uma vida materialmente autônoma. O dinheiro aciona o consumo, o supérfluo, as sobras e a consequente a produção de lixo... Lixo esse que tanto polui o meio ambiente quanto serve como cenário para o bicho e o homem ou o homem e o bicho dos moradores da Ilha das Flores. Tamanha desigualdade

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