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A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

Por:   •  10/5/2018  •  Resenha  •  4.966 Palavras (20 Páginas)  •  625 Visualizações

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HOBSBAWM, Eric J. “A Revolução Industrial”. In: A Era das Revoluções (1789-1848). Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988, p. 43-70.

Segundo Capítulo

A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL

I

“Comecemos com a revolução industrial, isto é, com a Inglaterra. [...] as repercussões desta revolução não se fizeram sentir de uma maneira óbvia e inconfundível - pelo menos fora da Inglaterra - até bem o final do nosso período [...]. Foi somente na década de 1830 que a literatura e as artes começaram a ser abertamente obsedadas pela ascensão da sociedade capitalista [...]. Até 1840 a grande corrente de literatura oficial e não oficial sobre os efeitos sociais da revolução industrial ainda não começara a fluir [...]. Só a partir da década de 1840 é que o proletariado, rebento da revolução industrial, e o comunismo, que se achava agora ligado aos seus movimentos sociais [...], abriram caminho pelo continente. O próprio nome de revolução industrial reflete seu impacto relativamente tardio sobre a Europa. A coisa existia na Inglaterra antes do termo. Os socialistas ingleses e franceses [...] só o inventaram por volta da década de 1820, provavelmente por analogia com a revolução política na França.” (p. 43 - 44)

“Primeiro, [...] ela [a revolução industrial] "explodiu" [...] antes que a Bastilha fosse assaltada; e, segundo, porque sem ela não podemos entender o vulcão impessoal da história sobre o qual nasceram os homens e acontecimentos mais importantes de nosso período e a complexidade desigual de seu ritmo.” (p. 44)

“O que significa a frase "a revolução industrial explodiu"? Significa que a certa altura da década de 1780, e pela primeira vez na história da humanidade, foram retirados os grilhões do poder produtivo das sociedades humanas, que daí em diante se tornaram capazes da multiplicação rápida, constante, e até o presente ilimitada, de homens, mercadorias e serviços. Este fato é hoje tecnicamente conhecido pelos economistas como a "partida para o crescimento auto-sustentável". [...] Sua pré-história na Europa pode ser traçada [...] até cerca do ano 1000 de nossa era[...] . A partir da metade do século XVIII, o processo de acumulação de velocidade para partida é tão nítido que historiadores mais velhos tenderam a datar a revolução industrial de 1760. Mas uma investigação cuidadosa levou a maioria dos estudiosos a localizar como decisiva a década de 1780 [...] foi então que [...] todos os índices estatísticos relevantes deram uma guinada repentina, brusca e quase vertical para a "partida".” (p. 44)

“Chamar este processo de revolução industrial é lógico e está em conformidade com uma tradição bem estabelecida, embora tenha sido moda entre os historiadores conservadores - talvez devido a uma certa timidez face a conceitos incendiários - negar sua existência e substituí-la por termos banais como "evolução acelerada".” (p. 44 - 45)

“[...] a revolução industrial não foi um episódio com um princípio e um fim. Não tem sentido perguntar quando se "completou", pois sua essência foi a de que a mudança revolucionária se tornou norma deste então.” (p. 45)

“Na Grã-Bretanha, e portanto no mundo, este período de industrialização [...] começou com a "partida" na década de 1780, pode-se dizer com certa acuidade que terminou com a construção das ferrovias e da indústria pesada na Grã-Bretanha na década de 1840. Mas a revolução mesma, o "ponto de partida", pode provavelmente ser situada, com a precisão possível em tais assuntos, em certa altura dentro dos 20 anos que vão de 1780 a 1800: contemporânea da Revolução Francesa, embora um pouco anterior a ela.” (p. 45)

“Se tivesse que haver uma disputa pelo pioneirismo da revolução industrial no século XVIII, só haveria de fato um concorrente a dar a largada: o grande avanço comercial e industrial de Portugal à Rússia, fomentado pelos inteligentes e nem um pouco ingénuos ministros e servidores civis de todas as monarquias iluminadas da Europa [...]”. (p. 45)

“Qualquer que tenha sido a razão do avanço britânico, ele não se deveu à superioridade tecnológica e científica.” (p. 45)

“[...] poucos refinamentos intelectuais foram necessários para se fazer a revolução industrial*. Suas invenções técnicas foram bastante modestas, e sob hipótese alguma estavam além dos limites de artesãos que trabalhavam em suas oficinas [...]. Dadas as condições adequadas, as inovações técnicas da revolução industrial praticamente se fizeram por si mesmas, exceto talvez na indústria química. Isto não significa que os primeiros industriais não estivessem constantemente interessados na ciência e em busca de seus benefícios práticos.” (p. 46 - 47)

“[...] Grã-Bretanha, onde mais de um século se passara desde [...] que o lucro privado e o desenvolvimento económico tinham sido aceitos como os supremos objetivos da política governamental [...]. Uma relativa quantidade de proprietários com espírito comercial já quase monopolizava a terra, que era cultivada por arrendatários empregando camponeses sem terra ou pequenos agricultores. [...] praticamente não se podia falar de um "campesinato britânico" da mesma maneira que um campesinato russo, alemão ou francês. As atividades agrícolas já estavam predominantemente dirigidas para o mercado; as manufaturas de há muito tinham-se disseminado por um interior não feudal. A agricultura já estava preparada para levar a termo suas três funções fundamentais numa era de industrialização: aumentar a produção e a produtividade de modo a alimentar uma população não agrícola em rápido crescimento; fornecer um grande e crescente excedente de recrutas em potencial para as cidades e as indústrias; e fornecer um mecanismo para o acúmulo de capital a ser usado nos setores mais modernos da economia. (Duas outras funções eram provavelmente menos importantes na Grã- Bretanha: a criação de um mercado suficientemente grande entre a população agrícola [...] e o fornecimento de um excedente de exportação que contribuísse para garantir as importações de capital.)” (p. 47)

“No geral, todavia, o dinheiro não só falava como governava. Tudo que os industriais precisavam para serem aceitos entre os governantes da sociedade era bastante dinheiro.” (p. 47 - 48)

“O homem de negócios estava sem dúvida engajado no processo de conseguir mais dinheiro, pois a maior parte do século XVIII foi para grande parte da Europa um período de prosperidade e de cómoda expansão económica;” (p. 48)

“A

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