A TEORIA VIVENCIADA NA PRÁTICA
Por: Marcondes Guimarães • 18/5/2017 • Resenha • 1.390 Palavras (6 Páginas) • 234 Visualizações
Disciplina: História do Urbanismo
Discente: Marcondes Guimarães
Juscelino Kubitschek (1902-1976) é nacionalmente conhecido como um dos mais expressivos presidentes que o Brasil pôde ter atuante no cenário político. Nascido em Diamantino, o mineiro assumiu o governo federal em 1955, após a morte de Getúlio Vargas, devido ao carisma que conquistou junto a população em suas campanhas políticas em conjuntura com fortes laços partidários. O governo de Juscelino, logo após a sua posse no Rio de Janeiro, tornou-se uma disputa entre oposição e aliados em relação a especulação e mais tarde a concretização de uma das maiores promessas políticas que já havia sido feito por um candidato a presidência: a transferência da capital federal para o interior do país.
As metas de JK como presidente eram muito claras: consolidação do território nacional como um todo a partir da ocupação de áreas distante da região litorânea, crescimento da economia nacional a partir do desenvolvimento das indústrias de base, implantação de indústrias automobilísticas para aquecer o mercado de empregos, entre outras. Seu plano de políticas públicas foi extremamente desenvolvimentista, inovador e dinâmico seguindo sua própria primícias de fazer o Brasil crescer “cinquenta anos em cinco”.
Influenciado pelos ideais da primeira Constituição Republicana elaborada no século XIX que assegurava a construção e transferência da capital federal do Rio de Janeiro para o interior do território federal, Juscelino decidiu então direcionar seus esforços para a ocupação do meio oeste nacional com a construção da nova sede da república no meio do cerrado brasileiro, um local inicialmente desconhecido, inexplorado e vazio. Sob influências socialistas muito evidentes, JK pretendia criar uma cidade mais igualitária a um novo Brasil que ele mesmo estava criando, um Brasil que estava ascendendo socialmente. Iniciou-se então a corrida para fazer Brasília surgir no meio de Goiás.
J.K. era muito amigo do conhecido arquiteto carioca Oscar Niemeyer (1907-2012) e inicialmente o convidou para encabeçar todo o planejamento urbanístico da cidade que iria surgir, porém Oscar, um homem muito sábio, alertou-se para a sua incapacidade de elaborar um plano de tal complexidade e importância para o cenário nacional e negou o pedido do seu amigo. Ainda nesse contexto, Niemeyer sugeriu a criação de um concurso público nacional para a escolha de um projeto urbanístico para Brasília e se ofereceu para fazer todos os prédios que sediasses o órgão públicos da nova capital.
Mesmo sabendo do interesse de Le Corbusier na construção de Brasília elucidada em uma carta e direcionada a J.K., o presidente não se dobrou aos interesses internacionais, pois ele pretendia que o plano piloto de Brasília fosse desenvolvido por profissionais brasileiros a fim de mostrar ao mundo que também éramos capazes de desenvolver arte e conhecimento com expressividade mundial. Então, em 1956 foi divulgado e aberto publicamente o concurso público de Brasília, um momento de muito ufanismo para a política nacional. O edital era pouco restritivo e esclarecedor, estabelecia apenas a criação da esquematização em planta do traçado urbano e textos descritivos sobre a concepção do mesmo. Sendo assim garantia maior liberdade quando nos referimos a questões projetuais. Os únicos limites que os projetistas tinham que levar em consideração eram os locais em que já estavam sendo implantados o Brasilian Hotel, o Palácio Presidencial, que mais tarde ganha o nome de Palácio da Alvorada, o Aeroporto Internacional de Brasília e respeitar os limites de uma lagoa artificial em execução fundamental para amenizar o clima seco e quente do cerrado. Todas essas obras já estavam em construção. Num total de 26 propostas recebidas, a do urbanista Lucio Costa (1902-1998) foi a escolhida pela bancada avaliadora composta por profissionais de renome nacional e internacional, dentre eles o próprio Niemayer, o britânico Willian Holdfork e o americano Stano Papadaki. A Brasília proposta por Lúcio era um traçado simples em forma de cruzeiro: pelo eixo leste-oeste se estenderia a asa monumental destinada principalmente aos prédios públicos e o eixo norte-sul seria compreendido como a asa rodoviária, setor residencial da cidade, entretanto todo esse traçado seria circundado por um lago artificial em um dos lados.
O formato do Plano Piloto de Brasília evidencia a eloquência projetual de Lucio; uma cidade num formato que parecia mais com um avião. Porém não foi esse somente o fator decisivo na escolha da bancada avaliadora, mas sim a preocupação que o urbanista teve com a interação entre as pessoas e cidade, o público e o privado. Seguindo as principais vertentes urbanísticas usadas na atualidade, a nova cidade esbanjava áreas verdes, espaços públicos, áreas de recreação, trabalho e educação acessível a todos. Todos os conceitos urbanísticos que estavam e voga na época foram traduzidos para a realidade brasileira e empregadas na essência de Brasília: a cidade proposta um equilíbrio entre o trabalhar, morar, circular e o lazer. Em suma, os principais pensadores urbanistas modernos do momento acreditavam que o principal fator para a melhoraria do que se tinha como projeto de cidade estava ligado diretamente com a inserção de riqueza da natureza no meio urbano. A Brasília proposta apresenta grandes corredores largos de circulação de carros cortando grandes áreas gramadas, ou seja, é uma conjunção entre os espaços de circulação rápida e a mancha verde da natureza inserida – cidade jardim. As superquadras, sem sombra de dúvidas, foi a grande contribuição de Lucio para o urbanismo social: grandes lotes em que eram dispostos delgados prédios de moradia suspensos por pilotis e rodeado por cinturões verdes de arborização.
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