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Antecedentes Da Revolução Mexicana

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Por:   •  25/3/2015  •  9.586 Palavras (39 Páginas)  •  405 Visualizações

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Antecedentes da revolução mexicana[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Porfirio Díaz, Porfiriato

Fotografia do então coronelPorfirio Díaz, tomada em 1861. Com esta idade, Díaz era deputado federal e havia já participado em duas guerras, a saber: Revolução de Ayutla e Guerra da Reforma.

Porfirio Díaz, um mestiço oaxaquenho que se destacou nos exércitos liberais que combateram grupos conservadores e que participou naintervenção francesa,7 havia assumido a presidência a partir de 18768 após o triunfo da rebelião de Tuxtepec,7 e no final do seu sétimo mandato, em 1910, havia mantido uma ditadura de 34 anos.[nota a] Durante os últimos anos do seu governo Díaz gozou de pouca credibilidade e os seus opositores eram cada vez mais numerosos9 devido a várias crises simultâneas em todos os âmbitos: social, político, económico e cultural.10

Antecedentes económicos e sociais[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Pânico financeiro de 1907

Durante o tempo colonial muitas localidades puderam conservar algumas propriedades comunais, designadas de forma genérica «ejidos». ALei Lerdo de 1856 declarou baldias as propriedades corporativas, particularmente as da Igreja e comunidades indígenas. Entre 1889 e 1890o governo de Díaz dispôs que as terras comunais tornar-se-iam emparceláveis. Os novos proprietários, desacostumados à propriedade privada, foram enganados por particulares ou funcionários. Como resultado muita da população indígena viu-se desapossada de terras, tendo que empregar-se nas fazendas próximas. Outra série de leis de demarcação dos anos 1863, 1883 e 1894, segundo as quais uma parcela sem o seu respetivo título poderia considerar-se como terreno baldio, propiciou àqueles que tinham os recursos necessários apossarem-se de grandes porções de terra. Em 1910 menos de 1% das famílias do México possuíam ou controlavam cerca de 85% das terras cultiváveis. As localidades rurais, que albergavam 51% da população, contavam apenas com pequenas porções de terra e a maior parte da população dependia das fazendas vizinhas. Além disso, as leis e a situação nacional favoreciam os fazendeiros, pois eles eram os únicos com acesso a créditos e a projetos de irrigação por exemplo. Por seu lado, as pequenas povoações e os agricultores independentes viam-se obrigados a pagar impostos altíssimos. Esta situação afetou grandemente a economia agrícola, pois as fazendas tinham grandes porções por cultivar e eram menos produtivas que as propriedades menores.11

Outra das repercussões da demarcação de terras e do fracionamento das terras comunais indígenas foi que alguns deles rebelaram-se contra o governo. Os conflitos, que tiveram lugar nos finais do século XIX e princípios do século XX, foram protagonizados por maias, tsotsis, coras, huicholes e rarámuris, entre outros. Os conflitos mais duradouros foram os ocorridos em Yucatan, Quintana Roo e Sonora. Perante tais grupos adotou-se uma política de deportação, sendo Yucatan e Quintana Roo os principais destinos.12 No norte o governo de Díaz adotou contra os iaquis uma política de repressão violenta e deportação para o sul do país. O momento culminante contra este grupo teve lugar em 1908, momento no qual entre um quarto e metade da sua população havia sido enviada para as plantações de sisal em Yucatan. Mais tarde, estes grupos étnicos colaborariam com as forças revolucionárias.13

No início do século XX começou a exploração petrolífera no México, ainda que as concessões tenham sido entregadas a companhias estrangeiras como a Standard Oil e a Royal Dutch Shell.14 Este processo levou finalmente o país a uma transformação industrial. Os investidores estrangeiros, protegidos pelo governo, investiram em indústrias e na exploração de matérias-primas, foi dado impulso à mineração e modernizou-se a indústria têxtil, o que ademais desenvolveu o sistema ferroviário.14 Em 1910, já existiam 24 000 quilómetros de linhas ferroviárias.15

No entanto, em 1907 desencadeou-se uma forte crise internacional nos Estados Unidos e Europa, o que levou a uma diminuição das exportações, encarecimento das importações e suspensão do crédito aos industriais. Esta situação criou muito desemprego, além de que diminuíram os rendimentos da restante população.16

Uma seca que ocorreu em 1908 e 1909, afetou a produção agrícola,17 pelo que foi necessário importar-se milho17 no valor de 27 milhões de pesos.14 Esta situação afetou a grande parte da população, dado que o milho fazia parte da dieta de 85% da população.18

A consequente diminuição na atividade económica do país reduziu drasticamente as receitas do governo. Tentou-se resolver este problema diminuindo-se os salários daburocracia e aumentando os impostos e a base fiscal, o que afetou os membros da classe média, tanto urbana como rural, assim como os membros da classe alta que não estavam ligados aos «científicos»,19 um grupo seleto de inteletuais, profissionais e homens de negócios que compartilhavam a crença no positivismo e darwinismo social e influíam na política do país.20

Em termos gerais, a crise económica desacreditou severamente a imagem presidencial e do grupo de elementos que lhe eram mais próximos.21

Antecedentes sociais[editar | editar código-fonte]

Ver artigo principal: Greve de Río Blanco, Greve de Cananea

Greve de Cananea, 1 de julho de 1906.

Durante o governo de Díaz existiam numerosos latifúndios, e 80% da população mexicana dependia do salário rural. Além disso, astiendas de raya consistiam numa prática comum nestes lugares, onde se pagavam os salários dos trabalhadores em mercadoria. Mediante este sistema conseguia-se que os trabalhadores alcançassem tal valor de crédito, que ficavam endividados para toda a vida.22 Este sistema, juntamente com práticas que eram quotidianas como a contratação por logro ou a adjudicação de uma dívida inexistente, é conhecido como «enganche», um sistema que envolvia elementos coercivos, extra-económicos e extralegais.23

As leis da nação eram raramente aplicadas nas fazendas, onde os trabalhadores eram vistos como escravos ou objetos de propriedade, existindo praticamente uma espécie de feudalismo.24 Além disso, atuava no campo o chamado Cuerpo de Rurales, o qual era um grupo policial encarregado de «manter a paz», geralmente recorrendo a métodos

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