Análise Do Filme Milton Santos: O Mundo Global Visto Do Lado De cá

Análise do filme milton santos: o mundo global visto do lado de cá

Roteiro para análise

Filme: Encontro com Milton Santos: O mundo Global Visto do Lado de Cá

Duração: 90 min Diretor: Sílvio Tendler Ano: 2006

1 – Resumo

O mundo global visto de cá, documentário do cineasta brasileiro Sílvio Tendler, aborda sob o ponto de vista do geógrafo Milton Santos os diversos aspectos, em sua maioria vorazes, da globalização no mundo e dentro da sociedade capitalista e as conseqüências que a mesma acarreta na civilização humana e apresenta também uma perspectiva de surgimento de uma nova globalização, diferente da atual.

Com o prefácio escrito por Jean-Paul Sartre para o livro Os Condenados da Terra de Frantz Fanon, o documentário começa chamando nossa atenção pelo uso de uma única palavra, que talvez tenha perdido o sentido em um mundo tão pessimista como o nosso: esperança. Isso é quebrado com a fala do professor Milton Santos com um único “fato”: “O consumo hoje é o grande fundamentalismo.” Como é citado no documentário, trocamos o humanismo como forma de desenvolvimento para nossa sociedade pelo consumo e pelo individualismo de uma forma ortodoxa, onde mal percebemos como temos feito isso, pois o fazemos automaticamente, sem sequer perceber.

Como mudar isso? Como parar este consumo desenfreado e essa desigualdade que está enraizada dentro

desta sociedade? Outro tipo de mundo é além de necessário, possível? Nossa sociedade ainda é apenas um ensaio. Milton Santos nos apresenta três mundos diferentes e novamente a esperança se apresenta viva e pulsante: “De fato, se desejamos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência de sua percepção enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos num só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo tal como ele é: a globalização como perversidade; e o terceiro o mundo como ele pode ser: uma outra globalização.”

A solução que muitas vezes nos oferecem principalmente a nós, latino-americanos, em tempos de crise é quase sempre a mesma e que nos fazem crer que nos levará a um caminho de progresso e evolução social, mas na verdade, apenas dá continuidade a mesma crise interminável aos olhos de quem a vive. É preciso rejeitar o que aos nossos olhos é muito simples e rápido. É preciso realizar revoluções profundas no sistema em que vivemos.

O documentário aborda de forma simples e clara que direitos intrínsecos ao ser - humano, como água, alimento e moradia, são privados da maioria em nome dos privilégios de uma maioria. Enganamos-nos quando dizemos que vivemos em um sistema igualitário onde todos os direitos, estes mesmos escritos e com poder de lei, são garantidos a toda uma sociedade.O Consenso de

Washington ditou medidas a serem seguidas pelos países subdesenvolvidos para que eles a seguissem e crescessem. Eles continuam aguardando o crescimento. Países como a China, que não seguiram o Consenso, cresceram. Os Estados Unidos mantém o estado nacional e ele funciona muito bem e nos pregam a ideologia de um “estado-mínimo” a troco de manipulação de nosso próprio estado. Milton Santos deixa claro que precisamos de um Estado que cuide de sua sociedade e precisamos de empresa que tenham consciência social, apesar de isso ser contraditório em um sistema como o nosso.

Periferias do mundo inteiro realizam muito mais movimento do que políticos em seu parlamento. Eles lutam por direitos, buscam sua cidadania perdida, tomam decisões importantes dentro desse mesmo palco, fazendo a democracia acontecer. A partir da fala de José Saramago, precisamos tomar o controle desta democracia e parar de jogar decisões na mão de organismos internacionais, políticos e tomar as decisões por nós mesmos. Precisamos como Eduardo Galeano expõe “oferecer ao mundo um mundo diferente” ou de acordo com Milton Santos, uma nova globalização.

2 – Temas(s) abordado(s) pelo filme

Globalização.

3 – Palavras-chave que aparecem no filme e que traduzem sua intenção, bem como outras que possam ser atribuídas ao filme.

Nova globalização; esperança; novo mundo; nova sociedade.

4 – Descrição e análise das cenas ou imagens mais significativas.

Uma das imagens mais

significativas pra mim foi a cena em que cidadãos que não tinham moradia própria invadiram um prédio público que estava abandonado e foi mandado que cortassem imediatamente a água e a luz do prédio em que estavam. “Vergonha é um pai de família, chegar em casa e não ter comida para dar para os seus filhos por que ele não pagou o aluguel.” Em seguida a esta fala um dos invasores fala sobre o seu direito a moradia e cita uma parte da Constituição. Analisando essa cena, me fez lembrar sobre a invasão de áreas públicas por pessoas de classes mais altas que constroem em áreas públicas e por seu alto poder aquisitivo e de barganha, não são expulsas. Lembrou-me também uma cena de um filme chamado “Capitalismo: uma história de amor” em que cidadãos que tiveram suas casas apropriadas por instituições imobiliárias na época da crise nos Estados Unidos invadiram as casas que estavam vazias. Isso mostra que os cidadãos não só tem consciência dos seus direitos como também querem que eles sejam válidos, o que é muito importante em tempos onde a maioria das pessoas não tem consciência dos mesmos e muitas vezes não há quem as faça terem consciência e nem que sejam válidos seus direitos.

5 – Que idéias ou valores foram transmitidos pelo filme?

O filme mostra um panorama geral de nossa sociedade atual e nos propõe uma nova maneira de pensar essa mesma sociedade. O valor de que podemos mudar, de que podemos libertar a nós e aos outros foi que foi transmitido no