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As Comparações entre o Leão e o Grifo, e suas funções

Por:   •  3/6/2018  •  Artigo  •  3.071 Palavras (13 Páginas)  •  219 Visualizações

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[pic 1]

Universidade do Algarve
Faculdade de Ciências Humanas e Sociais
Departamento de Artes e Humanidades
Licenciatura em Património Cultural e Arqueologia

Arte Islâmica

Ano letivo de 2017/2018

Grifo de Pisa

Aluno:

                André Serra, N.º 60897

                Maio de 2018        

Índice|

        

Índice-------------------------------------------------------------------------------1
Introdução------------------------------------------------------------------------2
Descrição Formal do Grifo----------------------------------------------------3
Origens e Descontextualização----------------------------------------------5
O Leão de Nova Iorque--------------------------------------------------------9
Comparações entre o Leão e o Grifo, e suas funções ----------------10


 Introdução|

        

        O Grifo de Pisa é o maior exemplo sobrevivente dos objetos artísticos em bronze do mundo Islâmico. O seu nome deriva da cidade de Pisa, no norte da Itália. Este encontrou-se no topo da catedral da cidade até 1828, data em que foi retirado e, mais tarde, colocado no “Museo dell’Opera del Duomo”. Bastante semelhante a esta peça é o Leão de Nova Iorque, assim chamado por ter sido “descoberto” num leilão de arte nessa cidade. Estes são semelhantes não apenas na técnica de fabrico, mas também em várias características formais.

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Figura 1- Localizaão da cidade de Pisa, em Itália.

[pic 3]

Figura 2- Localizaão da Catedral e do "Museo dell’Opera del Duomo", em Pisa.

        


Descrição Formal do Grifo|

        O Grifo de Pisa tem 107 cm. de altura (até a ponta da orelha), 90 cm. de comprimento e 46 cm. de largura (medido na base das asas).[1] A sua cabeça é a de uma ave, assemelhando-se a um galo com o bico ligeiramente aberto. Tem quatro patas com características felina, com um par de asas nos ombros das patas dianteiras, preso por rebites. Tem três aberturas diferentes: No bico, na retaguarda e na barriga. A abertura da retaguarda consiste num buraco retangular com 8 cm. de altura e 9,7 cm. de comprimento, onde se pensa que encaixaria a cauda do Grifo, que não foi encontrada. A abertura da barriga consiste num buraco grande e irregular que ocupa a maior da barriga, com um recetáculo no seu interior com cerca de 24 cm. de comprimento e cerca de 9,5 cm de diâmetro.

        O corpo do Grifo apresenta decoração incisa, organizada em painéis. No peito, por cima de parte de uma inscrição, apresenta plumagem, assim como na cabeça, pescoço e asas onde esta plumagem se encontra encaracolada. Nas costas encontram-se círculos concêntricos espalhados, com uma decoração de linhas cruzadas entre eles. Nos ombros de ambos pares de pernas, na junção das pernas com o corpo, apresentam-se representas escudos com, nas patas dianteiras, a imagem de um leão e, nas patas traseiras, o que se assemelha a uma pomba. De ambos os lados do Grifo encontram-se o resto da inscrição encontrada no peito.

Nas inscrições encontra-se escrito, em árabe, “بركة كاملة ونعمة شاملة غبطة كاملة وسلامة دائمة وعافية كاملة وسعادة واعدة (?) لصاحبه”, que traduzido seria “Bênção perfeita e completo bem-estar, felicidade perfeita, paz eterna e perfeita saúde, felicidade e boa sorte (?) para o dono”.

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Figura 3- O Grifo de Pisa, no "Museo dell’Opera del Duomo"


[pic 5]

Figura 4- Pormenor de uma inscrições e dos escudos nas patas dianteira e traseira.


Origens e Descontextualização|

        As primeiras origens atribuídas em 1839 ao Grifo de Pisa são da ocupação Islâmica do Sul da Itália, especificamente Sicília. Em 1866 colocou-se a possibilidade de, devido ao tipo de escultura, a peça ter sido encomendada por um mercador árabe para a vender em mercados cristãos ou judeus, com o estilo de escrita da inscrição ter sido datada ao fim do século XI, inicio do XII.

A hipótese que começa a ser colocada na segunda metade do século XIX é a de que a peça seria saque capturado em combate pelas forças de Pisa durante os séculos XI e XII contra os Mouros ao longo da Sicília, Norte de África e Ilhas Baleares, apesar das fontes nunca referirem especificamente quais os objetos capturados. Em 1978 foi datada uma inscrição, na fachada na Catedral, a 1063. Esta data foi atribuída à construção inicial da Catedral. Esta inscrição foi associada às maiores vitórias de Pisa no século XI, com uma crónica de Pisa escrita por Marangone em 1088, que relata uma vitória de uma expedição naval das marinhas de Pisa e Génova na costa do Norte de África, especificamente na costa da presente Tunísia, onde foram saqueadas várias peças grandes em bronze que terão sido usadas para enriquecer a Catedral, sendo, por isso, atribuída uma origem ao Grifo dentro do Califado Fatímida, fabricado no Egito ou Tunísia.

        Um dos problemas com esta teoria do saque é a de interpretação do texto de Marangone, que poderá não se estar a referir a peças de bronze, mas sim a peças de joalharia ou a armamento. A inscrição na fachada da Catedral é também apenas uma de outras seis, com datações que variam de 1006 a 1114, e que têm sido causas de discussão entre especialistas sobre qual é a data de fundação da Catedral (agora aceite como 1064, consagrada em 1118).

        Para a hipótese do saque, uma origem vinda da conquista das Ilhas Baleares em 1114, data também referida nas inscrições da Catedral, é a mais provável devido à informação que as fontes fornecem sobre a riqueza do saque proveniente destas ilhas sobre controlo Omíada. Em 1946 foi colocada esta hipótese, em que ambos o Grifo e um capitel de mármore de origem Espanhola (também colocado na Catedral de Pisa) seriam saque da conquista de Alméria em 1089 ou das Ilhas Baleares em 1114. O Grifo foi comparado com uma peça de bronze de uma Corça em Medinat Al-Zhara, devido à semelhança das decorações de ambas as peças. O uso do Grifo foi então atribuído a uma peça de uma fonte, tal como a Corça em Espanha, com uma datação de finais do século XI a inícios do século XII.

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