Ascensão do Nazismo e a Sua Máquina de Propaganda
Por: Matilde Boto • 9/6/2021 • Trabalho acadêmico • 3.532 Palavras (15 Páginas) • 104 Visualizações
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Ascensão do nazismo e a sua máquina de propaganda
Matilde Boto*
Universidade Europeia, Lisboa, Portugal
ABSTRACT: Este documentário divide-se em duas partes complementares. Na primeira parte analisamos a grande ascensão do nazismo, onde a personagem principal é Adolf Hitler que se juntou ao partido político conhecido como Partido dos Trabalhadores Alemães (Deutsche Arbeiterpartei- DAP), em setembro de 1919. Esta ascensão começou devido a fatores como o inico da Grande Depressão, em 1929, o alto nível de desemprego, as humilhações do Tratado de Versalhes (1919) e o descontentamento social com o regime democrático ineficaz. Em segundo plano temos a propaganda nazista, a máquina de fabricação de discursos políticos que enalteciam os feitos do Terceiro Reich, a figura do Füher e a figura da raça ariana e, ao mesmo tempo, demonizavam os judeus, os poloneses, os comunistas, os cristãos, ciganos, deficientes físicos, etc., era habitualmente controlada por Joseph Goebbels (1897-1945), ministro da propaganda de Hitler.
KEY WORDS: Nazismo, Propaganda, Conflitos Políticos, Joseph Goebbels
*Corresponde a: Matilde Rosário Pena Boto. Universidade Europeia, Quinta do Bom Nome, Estrada da Correia, 53 (1500- 210 Lisboa) – matilderpboto16@gmail.com
“Perdoar? Sim. Esquecer? Nunca.” (Eva Mozes Kor, sobrevivente de Auschwitz)
“Uma mentira dita cem vezes, tem mais força que uma verdade dita somente uma.” (Josef Goebbels).
1. Introdução
A Alemanha estava completamente devastada depois da Primeira Guerra Mundial, e com isso Hitler e o seu Partido Nazista ganharam um certo avanço, fazendo com que a esperança alemã fosse novamente restaurada. Hitler restaurou a ordem e a esperança que os alemães tinham perdido devido ao Tratado de Versalhes[1], que consigo trouxe uma grande humilhação e revolta por todo o território alemão e também todas as crises sociais, económicas e políticas que atravessavam naquele momento. Mas, claro, que todo este feito sairia muito caro, trazendo a esperança, trouxe também um regime totalitário e a Segunda Guerra Mundial, que parecia ser bem aceite pela população que ainda sentia o desejo de vingança.
Tudo o que foi feito por Hitler, levanta hoje em dias muitas questões, como conseguiu um grupo político que até então era marginal, tornar-se no maior e no mais poderoso partido de toda a Alemanha, e por consequência, chegar ao poder? O que levou a população a abraçar este movimento sem se questionar quase por completo? Será possível que apenas usando uma boa oratória, que continha discursos inflamados de ódio e vingança e uma grande propaganda partidária, se consiga mudar a ideologia da população? Ou terá sido a articulação do Nazismo com vários outros partidos e fações políticas e paramilitares que exerceram uma grande pressão sobre o povo? É com base nestas premissas, que este trabalho tentará explorar e explicar como a chegada de Hitler e do seu Partido[2] ao poder conseguiram unificar toda a Alemanha, usando técnicas de persuasão bem implementadas. «Esta manipulação foi tão efetiva que manipulou até a mente dos próprios homens que estavam no poder.»[3]
2. Desenvolvimento
2.1. A criação do Nazismo
Após o fim da Primeira Guerra Mundial em 1918, a Alemanha cedeu à miséria, à frustração e ao aprofundar do sentimento de vingança para com os países vencedores, nomeadamente a França, a Bélgica, a Polônia, o Japão e a Grã-Bretanha. A Alemanha sentia-se assim envergonhada perante os outros países por ter perdido a Primeira Guerra e assim ter sido obrigada a assinar o Tratado de Versalhes. Com o assinar do Tratado, os alemães, precisavam de um grande empurram e de alguém que reerguesse o país das cinzas.
A Alemanha sofreu assim um processo de mudança ideológica, onde era «movido por uma só vontade: se sobressair dentre os demais como soberanos.»[4]
2.1.1. Adolf Hitler antes da sua ascensão ao poder
Adolf Hitler, nasceu a 20 de abril de 1889 na Áustria e foi criado na cidade de Linz onde passou a sua vida até aos 21 anos quando se mudou para Viena. Mais tarde, em 1913 mudou-se para Munique e foi em agosto de 1914 que se alistou no Regimento de Infantaria do Exército alemão onde iria lutar na Primeira Guerra Mundial, recebendo a condecoração da Cruz de Ferro. E por fim, ao voltar a Munique foi trabalhar para a secção de imprensa e propaganda do Quarto Comando das Forças Armadas.
No seu livro, Mein Kampf[5], Hitler fala minuciosamente da sua vida pessoal, de como se converteu ao antissemitismo e de como era um grande admirador do líder austríaco Georg Ritter von Schönerer[6], «mas, não parece haver dúvidas de que, fossem quais fossem as ideias que já tinha sobre os judeus, elas foram desmedidamente fortalecidas durante a sua estadia em Viena»[7], pois quando ainda vivia em Linz já era um leitor regular deste tema mas a ida para Viana trouxe alguns episódios à sua vida que o fizeram ser cada vez mais crente dessa ideia. «Os anos em Viena foram também um período formador no desenvolvimento de outros aspetos da visão do mundo de Hitler».[8]
A associação de Hitler com a extrema-direita ia se consolidando cada vez mais após a derrota da Primeira Guerra Mundial e foi aí que se juntou a uma teoria da conspiração, muito forte por toda a Alemanha, a “teoria da punhalada nas costas”[9]. Esta teoria tinha como fundamento
principal a conspiração de que socialistas e judeus se juntaram para sabotar a Alemanha na guerra, fazendo com que esta perdesse e fosse humilhada por todos os países.
2.2. A trajetória política de Hitler
Com a economia extremamente turbulenta, um índice gigante de desemprego e muita miséria, surgiu o Partido dos Trabalhadores Alemães, fundado em Munique no ano de 1919 por Anton Drexler e Gottfried Feder. «Sendo apenas mais um dentro dos vários pequenos partidos nacionalistas que pipocaram pela Alemanha naquele período.»[10] Ao mesmo tempo que o Partido era criado, o cabo do exército alemão, Adolf Hitler, encontrava-se em Munique. Foi então que a partir de 1919, Hitler passou a integrar o Partido dos Trabalhadores Alemães, era um partido conservador com uma retórica nacionalista, antissemita e antimarxista. A sua influência foi tão grande dentro do partido que mudou o nome do partido para Partido Nacional-Socialista dos Trabalhadores Alemães.
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