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Biografia Amélia Rezende

Por:   •  19/10/2016  •  Trabalho acadêmico  •  1.325 Palavras (6 Páginas)  •  389 Visualizações

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Por fim, a pesquisa trabalha com a hipótese de que Amélia de Rezende Martins, possuía relações e/ou simpatias ao movimento político e cultural conhecido como Integralismo Lusitano. É possível que esse contato tenha se estabelecido particularmente por sua proximidade às famílias Prado e Licínio Cardoso.

Cabe destacar que a nossa personagem era prima de Paulo da Silva Prado e Marina da Silva Prado, ambos filhos de Maria Catarina da Costa Pinto e de Antônio da Silva Prado (1840-1929). A análise do livro memorialístico de Rezende Martins nos permite concluir que existia um grau bem próximo de amizade entre os primos desde a infância, principalmente em relação à Marina Prado. Ela compartilhava os mesmos espaços e atividades desenvolvidas por Martins.

No caso da família Licínio Cardoso, pode-se dizer que Amélia de Rezende era muito amiga dos irmãos Leontina Licinio Cardoso (1887-1961) e Vicente Licínio Cardoso (1889-1931). Este último, intelectual atuante no âmbito da Associação Brasileira de Educação (ABE).

Um indício claro da relação de Martins com essas famílias, e que remete diretamente ao pressuposto acima, foi um evento ocorrido em 1934. Naquele ano a Radio Club realizou a divulgação da Quinzena Anchietana, uma série de conferências organizadas por Amélia de Rezende, com participação de diversos oradores, entre eles estavam: Leontina Licinio Cardoso, Afonso Celso, Wanderley Pinho, José Piragibe, Hildebrando Gomes Barreto, Pedro Calmon, Antônio de Alcântara Machado, Jonathas Serrano, etc.

Reunidos em quinze artigos, os trabalhos apresentados tiveram como eixo temático três assuntos principais “eminentemente patrióticos” (MARTINS, 1934, p.15): o louvor e a glorificação de Anchieta em comemoração ao ano centenário de seu nascimento, a reivindicação da beatificação e a subsequente canonização da figura homenageada, e a construção de um “símbolo para o aproveitamento prático” (MARTINS, 1934, p.17) que servisse de exemplo às futuras gerações.

Entre os consensos secretados nessa rede de sociabilidade em torno do evento, estava também a crítica aos desdobramentos republicanos, seguida de uma exaltação da “nobre fidalguia” lusitana (MARTINS, 1934, p.15). Para este grupo de intelectuais, os jesuítas ocupavam um lugar com especificidade própria: o de patriarcas da civilização, o ponto de partida do ciclo da brasilidade. Paulo e Eduardo Prado (1860-1901) são referenciados nos textos de Martins como “ilustres patriotas paulistanos” (MARTINS, 1934, p.92). Eduardo Prado, para a autora, era um exemplo a ser seguido, visto que este foi “o precursor” da “homenagem ao herói da fundação de São Paulo” (MARTINS, 1934, p.92), o organizador das “conferências Anchietanas paulistana” de 1896[1].

Outro ponto a destacar é que, tanto Eduardo Prado quanto Martins, dissertam sobre a atividade agrícola entre os jesuítas. Há uma admiração da capacidade daqueles padres em aproveitarem as potencialidades das plantas nativas, cultivadas ao lado das plantas trazidas da Europa. Dito de outra maneira, a alternativa para o progresso da agricultura no Brasil estava na reprodução das práticas jesuíticas. Neste caso, o retorno ao passado era a única alternativa do País.

Cabe salientar que os feitos da Quinzena Anchietana de 1934 serão analisados posteriormente, no último capítulo da presente dissertação. De qualquer modo, estamos cientes que, estudar a relação de Martins com os intelectuais do integralismo lusitano requer uma criteriosa análise das fontes e um estudo mais detido sobre essa questão, contudo, o artigo de Gonçalves (2016) intitulada Integralismo lusitano, Nacionalismo católico e educação: contatos entre intelectuais brasileiros e portugueses (1913-1934) pode nos fornecer algumas pistas nesta direção.

A referida pesquisa examinou as conexões estabelecidas entre intelectuais portugueses e brasileiros vinculados ao integralismo lusitano e ao nacionalismo católico, durante a década de 1910 até princípios dos anos de 1930. Segundo o autor, os intelectuais do integralismo lusitano, por meio de suas publicações, contatos, viagens, dentre outras conexões, promoveram um permanente diálogo com pensadores e militantes brasileiros de orientação católica, que não defenderam explicitamente o retorno ao regime monárquico, mas estavam mobilizados na crítica aos desdobramentos promovidos pela herança republicana. Revela-nos que os editores de a “Nação Brasileira”, um dos principais veículos de divulgação doutrinária do Integralismo Lusitano, enfatiza a presença de ‘novos’ escritores nas páginas da “Revista do Brasil”, criada por iniciativa de Monteiro Lobato, Paulo Prado e outros intelectuais brasileiros ligados ao campo nacionalista (GONÇALVES, 2016, p.108-109).

         De acordo com Gonçalves (2016), numa das edições da revista portuguesa, do ano de 1926, três livros de autores brasileiros receberam em resenha, avaliações positivas: Perilo Gomes, Jackson de Figueiredo e Vicente Licínio Cardoso. A estratégia dos editores era divulgar, para os portugueses, que havia no Brasil parceiros na luta pelo mesmo ideal nacionalista. Cabe ressaltar que o Integralismo Lusitano, em suas diferentes expressões, caracterizou-se, conforme Gonçalves (2016), em

um movimento de combate, a partir do campo doutrinário e ideológico. Apesar das diferenças e cisões internas que marcaram a história desta mobilização, alguns princípios, em síntese, podem ser destacados como nodais para os integralistas: a defesa de uma monarquia orgânica, de uma sociedade sistêmica, pautada na verticalidade das ações, a recuperação da Idade Média e de seus valores, o nacionalismo de base católica, a Pátria, a família e, fundamentalmente, a ação efetiva cravada no município, na paróquia, nas comunidades. Compreende-se, portanto, a insistência de seus líderes em mobilizar a militância intelectual por meio de ‘juntas locais’. Para eles, a ação local era a base fundante da ‘revolução’ que pregavam. No passado, residia o progresso, a evolução inexorável da humanidade. A ação integralista deu-se em condições materiais adversas. Tratava-se de combater um inimigo visível: a república, causadora, para eles, de todos os males que assolavam Portugal, desde o analfabetismo à ignorância cultural e artística da sociedade. O laicismo liberal de base francesa, que fundamentou o republicanismo, deveria de ser aniquilado. Este era o propósito espiritual das juntas locais, que deveriam obedecer organicamente uma orientação estatutária, cuja expressão material eram as cartilhas, os periódicos, o impresso(...). Em síntese, esta era a epistéme e o ethos integralista: a reforma da razão e da moral (GONÇALVES, 2016, p.112).

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