CONCEITO DE CULTURA NO TURISMO: CONTRIBUIÇÃO Antropológico
Resenha: CONCEITO DE CULTURA NO TURISMO: CONTRIBUIÇÃO Antropológico. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: NaniRodrigues • 17/10/2014 • Resenha • 4.474 Palavras (18 Páginas) • 345 Visualizações
O CONCEITO DE CULTURA NO TURISMO: O APORTE
ANTROPOLÓGICO.
Sati Albuquerque Ballabio
Universidade Estadual Paulista “Julho de Mesquita Filho”
Campus de Marília
Frente aos atuais debates entre os estudiosos ligados ao turismo e
antropólogos, o presente trabalho visa construir um diálogo entre estes dois campos
do saber, objetivando situar a antropologia e o conceito de cultura utilizados no
campo do turismo para argumentar a exploração comercial de acontecimentos ditos
culturais.
O turismo é um fenômeno crescente no Brasil e no mundo e coloca-se muitas
vezes como única oportunidade de desenvolvimento econômico de uma região pela
sua representatividade mercadológica. Esta atividade possui um vasto campo de
atuação e abrangência integrando de maneira direta e indireta diversos setores da
sociedade, o que a torna atrativa para população, governo e agentes capitalistas.
Podemos ressaltar como característica do turismo seu sentido de
“construção” (URRY,1996) e, neste sentido, destacamos a construção simbólica de
significados e necessidades a qual vai se ater este trabalho. Diversos são os apelos
e os veículos que dão cabo ao desenvolvimento desta “construção”. Como os meios
de comunicação que ajuda a erigir o turismo como uma necessidade humana,
transformando-o em válvula de escape da realidade e evocando a realidade
cotidiana como opressora e exigente, coloca o “sair do seu lugar comum”, a viagem,
como uma necessidade moderna indispensável ao indivíduo no mundo global
transformada em anestésico dos males da sociedade:
Trabalhamos, sobretudo para podermos sair de férias, e temos
necessidade de férias para poder retornar ao trabalho [...] O
turismo funciona como terapia da sociedade, como válvula de
escape que faz manter o funcionamento do mundo de todos os
dias (KRIPPENDORF, 2001, p.16).
Em um mundo altamente técnificado em que parece que a história/tempo se
coloca cada vez mais rapidamente, o fazer turismo abranda este processo de
desumanização da vida cotidiana. 2
A necessidade de significações simbólicas em que são destacadas
paisagens, culturas, gera uma busca de subterfúgios para atrair turista. Maria Tereza
Luchiari (2000, p.111) acredita que existe uma revalorização de certos aspectos
como a paisagem e cultura que acontece em função da contradição moderna da
vida fugaz e corrida do dia-a-dia. De acordo com a autora, “O olhar do turista
contemporâneo conduziu o imaginário coletivo a revalorizar a natureza, a cultura e
mesmo o simulacro que, queiramos ou não, é natureza e cultura construídas
socialmente”. Para Baudrillard (1991), tais simulacros são na verdade, criação do
“hiper-real” que seria gerado por modelos de um real que não tem origem na
realidade inicial. Ou ainda, como conceito de Marcel Mauss (2003): o concreto como
totalidade do concreto vivenciado. De acordo com Jameson (1996) o pastiche ou o
simulacro são características de uma forma pós-moderna do capitalismo tardio.
Trabalhamos então com o conceito de simulacro para representarmos em que
sentido entendemos o significado da “construção” no turismo, nos ateremos em uma
forma típica de exploração turística para dar cabo a esta discussão, o chamado
turismo cultural.
O turismo cultural, ou turismo étnico, ou turismo antropológico, entre outros
termos, vem sendo tido como um grande filão a ser explorado no Brasil.“O turismo
cultural é concebido como uma forma de turismo alternativo que se baseia no
consumo e comercialização de culturas. Elementos escolhidos de qualquer cultura
passam a ser produtos ofertados ao mercado turístico” (TALAVERA, 2003,p 34). A
viagem é movida por ditos interesses culturais, na qual os visitantes buscam ter
contatos com culturas e cotidianos culturais diferentes dos seus. A indústria do
turismo assimila este potencial e passa a estimular esta forma de lazer.
A exploração da cultura para fins comerciais é destacada pelo seu caráter de
lucratividade, como discutida por economistas que destacam a exploração cultural
como alternativa para o Mercosul “as atividades culturais incluem-se entre aquelas
cuja demanda apresenta uma elevada elasticidade-renda, sendo ao mesmo tempo
fortes criadoras de emprego e fracas consumidoras de divisas” (FURTADO, 2003 p.
12-3).
Assim, para a conquista de viajantes é necessário estimular ao turista de
maneira mais atrativa e sedutora possível uma vez que “a maneira pela qual o
produto é apresentado, ou a promessa é
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