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Coronelismo

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Por:   •  25/5/2013  •  1.529 Palavras (7 Páginas)  •  683 Visualizações

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Weber e o individualismo metodológico nas ciências sociais

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Weber não tinha ilusões sobre os condicionamentos que envolviam e limitavam o espaço de liberdade em que os homens agiam, e sobre as implicações e dificuldades metodológicas que o empreendimento analítico de estudar a ação humana exigia do pesquisador. Vejamos o exemplo deste esforço na elaboração do conceito histórico Bismarck, quando Weber afirmava que é uma expressão incomum na linguagem, que se refere à diferença que há entre os conceitos relacionais e também o perfil de uma personalidade concreta. O termo conceito continua Weber, é usado para designar cada imagem mental, mesmo sendo individual, que o pesquisador elabora.

Esta imagem mental foi construída por meio da elaboração lógica das variedades empíricas. A sua finalidade consiste no conhecimento do que é essencial. O conceito histórico Bismarck, para Weber, por exemplo, contém, da personalidade empiricamente dada que teve este nome, todos os traços essenciais para nosso conhecimento. Esta personalidade foi marcada e condicionada pelo contexto socioeconômico e, por sua vez, atuou sobre ele, modificando-o. Por enquanto, observava Weber no decorrer da análise, deixamos de lado questões como a pergunta quais são estes traços essenciais? Ou há um princípio metodológico que permita, dentro da variedade e multiplicidade dos fenômenos empíricos, distinguir o ‘essencial’ do que não é essencial? (WEBER, 1992, p 5). Mais adiante veremos a resposta de Weber às duas questões acima levantadas.

Quando Weber afirma que: Queremos compreender como política apenas a liderança, ou a influência sobre a liderança, de uma associação política, e, daí hoje, de um Estado (Weber, 1979, p 97). Apresenta-nos implicitamente uma alusão, por um lado, às ações individuais dos homens e, por outro lado, às instituições nas quais eles agem e que foram realizações ou resultados também de ações humanas. Isto se explicita mais ainda quando se expõe o conceito weberiano de Estado: (...) o Estado é uma relação de homens dominando homens, relação mantida por meio da violência legítima – isto é, considerada como legítima. Para que o Estado exista, os dominados devem obedecer à autoridade alegada pelos detentores do poder. Quando e por que os homens obedecem? Sobre que justificação íntima e sobre que meios exteriores repousa esse domínio? (WEBER, 1979, p 98-99).

A mesma referência aos aspectos individuais da ação e aos seus resultados sociais encontramos no seguinte trecho: Todas as lutas partidárias são lutas para o controle de cargos, bem como lutas para metas objetivas (WEBER, 1979, p 107). Ou, ainda, na definição do político profissional no contexto institucional de uma democracia parlamentar: (...) políticos profissionais que lutam pelo poder através de campanhas partidárias ‘pacíficas’, no mercado dos votos (WEBER, 1979, p 122).

Na encruzilhada entre o aspecto normativo e analítico da política achamos novamente o mesmo procedimento metodológico de busca de microfundamentos da ação política: quando Weber indaga sobre que tipo de homem se deve ser para que se possa colocar a mão no leme da história. E diz que três qualidades destacadas são decisivas para o político: paixão, senso de responsabilidade e senso de proporções; e que há apenas dois tipos de pecado mortal no campo da política: a falta de objetividade e - com freqüência idêntica a ela, mas nem sempre - a irresponsabilidade (WEBER, 1979, p 138-139).

Weber percebeu o caráter emergente dos fatos sociais e estabeleceu uma distinção muito clara entre as intenções e as motivações dos atores. Pois, como afirma Adam Przeworski, é preciso entender que a lição central da análise estratégica é que a busca de objetivos individuais freqüentemente leva a resultados coletivamente indesejáveis (PRZEWORSKI, 1993, p 15). Esta constatação estava clara para Weber quando ele escrevia que o resultado final da ação política mantém com freqüência, e às vezes regularmente, uma relação totalmente inadequada e por vezes até mesmo paradoxal com seu sentido original. Se uma ação de boa intenção leva a maus resultados, então, aos olhos do agente, não ele, mas o mundo - ironizava Weber -, ou a estupidez dos outros homens, ou a vontade de Deus que assim os fez, é responsável pelo mal. Mas um homem que acredita numa ética da responsabilidade leva em conta precisamente as deficiências médias das pessoas; este homem não tem nem mesmo o direito de pressupor a bondade e a perfeição das pessoas. Não se sente em condições de onerar terceiros com os resultados de suas próprias ações, na medida em que as pôde prever.

Para Weber, esse problema - a experiência da irracionalidade no mundo - teria sido a força propulsora de toda evolução religiosa. Quem se dedica à política, ou seja, ao poder e à força como um meio, faz um contrato com as potências diabólicas, e pela sua ação se sabe que não é certo que o bem só pode vir do bem e o mal só pode vir do mal, mas com freqüência ocorre o inverso. Quem deixar de perceber isto é, na realidade, um ingênuo em política.

O que determina a peculiaridade de todos os problemas éticos da política é o meio específico de legitimar a violência como tal na mão das associações humanas. Para Weber, quem deseja dedicar-se à política, e especialmente à política como vocação, tem de compreender esses paradoxos éticos. Deve saber que é responsável pelo que vier a ser sob o impacto de tais paradoxos. Weber enfatiza que tal pessoa se coloca à mercê de forças diabólicas envoltas na violência. É profundamente comovente quando um homem maduro, comenta Weber, tem consciência de sua responsabilidade pelas conseqüências de sua conduta e realmente sente essa responsabilidade no coração e na alma. Este homem age, então, segundo uma ética de responsabilidade e em um determinado momento chega ao ponto em que diz: Eis-me aqui; não posso fazer de outro modo.

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