Cultura Brasileira
Dissertações: Cultura Brasileira. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: bitencourt.karla • 2/4/2014 • 1.219 Palavras (5 Páginas) • 463 Visualizações
3.1 Teorias Modernas
As teorias modernas sobre a cultura destacam três aspectos da vida sociocultural: o cognitivo,
o estrutural e o simbólico. Dentre vários antropólogos que se dedicaram a cultura, alguns dos mais
referenciados são: Goodenough (Ward Hunt Goodenough: 1919-____) com seu estudo sobre o sistema
cognitivo, Levi-Strauss (Claude Lévi-Strauss: 1908 – 2009) com sua tese sobre o sistema estrutural e
Geertz (Clifford James Geertz: 1926 - 2006) com seus argumentos sobre sistema simbólico. Cada um
desses consagrados cientistas priorizou um aspecto da vida humana. Nesta aula, iremos estudá-los sem
a pretensão de eleger o melhor ou aquele que “tem razão”.
3.2 Sistema Cognitivo
Em seus estudos, Goodenough
afirma que a cultura é tudo aquilo
que conhecemos e que possibilita
nossa adaptação à vida social.
Segundo sua análise, toda sociedade
possui um sistema de crenças e
conhecimentos fundamentais que
garantem a aceitação de uma pessoa
pela sociedade. Cabe esclarecer que
esse sistema não é universal, pois
sofre variação de uma cultura para
outra. Um exemplo dessa variação é
o conhecimento sobre pesca, já que ele é fundamental nas comunidades de pescadores, mas pouco
relevante em uma comunidade de lavradores; outro exemplo é a crença no batismo: ela é fundamental
nas culturas cristãs, mas é irrelevante na cultura das tribos tradicionais da Amazônia.
TEORIAS MODERNAS SOBRE CULTURA 3
Em função das diferenças de conhecimentos e crenças, as “verdades” socialmente defendidas
também sofrem variações de cultura para cultura. Aquilo que uma tem convicção, não raro, é questionada
por outra. As crenças culturais são socialmente construídas, então é possível que sociedades muito
diferentes possuam crenças opostas ou até mesmo excludentes. Partindo dessa questão podemos nos
perguntar: diferentes convicções podem gerar conflitos inconciliáveis entre diferentes grupos sociais?
É possível o convívio pacífico entre crenças opostas?
O convívio entre diferentes verdades ainda se configura como um desafio a ser superado, pois
cada sociedade possui sua própria cultura, ou seja, seu próprio sistema cognitivo – conhecimentos e
crenças – que a justifica e a mantém. É importante entender que dar um tratamento depreciativo aos
conhecimentos e crenças de uma cultura é o mesmo que propor a sua destruição.
O fascínio que a cultura brasileira exerce sobre as demais pode ter relação com o convívio entre
diferentes “verdades”. Nossa diversidade é gigantesca e impor um único sistema de conhecimentos e
crenças é inviável, pois destruiria aquilo que nos identifica como brasileiro. É necessário esclarecer que
no universo cognitivo brasileiro os conceitos de “compreensão” e “aceitação” são diferentes, ou seja,
compreendemos a importância do conhecimento e das crenças do outro para o outro, mas não nos
sentimos obrigados à aceitá-los como nossos. Em outras palavras: por meio da compreensão aceitamos
as diferenças sem nos obrigarmos a mudar nossos valores.
3.3 Sistema estrutural
Lévi-Strauss defende que a cultura é um sistema estrutural. A questão central dessa abordagem
é a relação natureza e cultura, que fica evidente quando o autor explica que o instinto foi regrado
pelo sistema cultural e que a adaptação social ao meio foi simbolizada pela construção dos mitos. O
interessante dessa análise teórica é o fato de não negar a natureza orgânica do ser humano e nem
privilegiar a natureza cultural do homem, pois essas duas realidades são entendidas como parte de um
todo sistêmico.
Na teoria de Lévi-Strauss é evidenciada a característica bipolar (natureza-cultura) do sistema
estrutural. Para o autor, se por um lado a natureza oferece a estrutura necessária para a construção
cultural, por outro a cultura oferece a condição para o homem entender e transformar a natureza.
Segundo essa análise a natureza e a cultura são, ao mesmo tempo, estrutura e estruturante. Essa
abordagem nos leva a entender que a cultura não destruiu a natureza animal do homem, apenas a
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regrou e disciplinou para que fosse socialmente aceitável.
Para entender a “bipolaridade” (natureza-cultura) do sistema estrutural, Lévi-Strauss sugere que
estudemos os diferentes domínios culturais: mito, arte, parentesco e linguagem. Dentre os domínios
culturais o mito exerce fascínio entre muitos estudiosos. Tal fascínio pode ser explicado pela riqueza
de “alegorias” utilizadas nas narrativas sobre a passagem da condição natural para a condição cultural.
Estudar os mitos pode nos dar a falsa ideia que estamos apenas visitando o mundo pitoresco de
uma
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