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DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIAS NA ORDEM MUNDIAL PÓS-GUERRA FRIA

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Por:   •  7/5/2014  •  4.408 Palavras (18 Páginas)  •  531 Visualizações

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DOMINAÇÃO E RESISTÊNCIAS NA ORDEM MUNDIAL PÓS-GUERRA FRIA

João Romano da Silva Junior

Resumo: O presente trabalho visa a trazer à baila algumas circunstâncias que, analisadas em sua conjuntura histórica, permitem entender o porquê de os Estados Unidos da América terem se transformado na única superpotência capitalista pós-guerra fria, e bem assim as consequências que advieram cingidas no seu bojo, máxime a imposição de uma supremacia inescrupulosa, supeditada na lógica capitalista e na apropriação de discursos universais, que sob sua égide, constituem-se em falaciosos argumentos que impingem opressão, dominação e temores, e que por outro lado, pelos mesmos fatos, provocam reações por todos os cantos do mundo.

Palavras-chave: EUA, hegemonia, superpotência, pós-guerra fria, dominação, resistências, soberania, desigualdades.

1. INTRODUÇÃO

As primeiras civilizações surgiram na chamada “crescente fértil”, denominação cunhada pelo arqueólogo James Henry, por visualizar que no Oriente Médio, sobretudo Israel, Cisjordânia e Líbano, bem como parte do Iraque, sudeste da Turquia e Jordânia, e ainda parte da Ásia e África, traçando-se uma linha imaginária, formava-se uma figura semelhante a uma meia-lua.

Aludida região, banhada por importantes rios como Tigre e Eufrates na Mesopotâmia, Nilo no Egito, Rio Jordão etc., constituíam-se de terras agricultáveis, as quais favoreceram a fixação do homem a terra, propiciando assim o surgimento das primeiras cidades, e por corolário, Estados.

Dos antigos impérios, o Romano foi o que mais influenciou o mundo ocidental. E desde sua segunda queda, em 1453, quando os turcos otomanos tomaram Constantinopla, que era a capital do Império Romano do Oriente, ou Império Bizantino (o Império Romano do Ocidente caiu em 476 a.C.) que as civilizações subsequentes herdaram uma espécie de complexo e tentam resgatar de alguma forma tão marcante civilização.

Diante disso, muitos teóricos debruçam-se sobre o tema para teorizar paralelos entre o Império Romano e os EUA, prelecionando muitos que, de fato, muitos pontos de semelhança subsistem.

À parte as várias minúcias que envolvem o tema, não se prendendo a essas particularidades que, com efeito, não são os objetos do presente trabalho, há que se considerar que independente dos modos de produção escravista e capitalista, que obviamente se diferenciam, temos que tanto em um como em outro, encontram-se a forte influência política, fatores econômicos, poderio bélico, e transferência de riquezas da periferia para o centro.

Nesse diapasão, considerando que a história nos mostra que não foi apanágio apenas do Império Romano a ascensão, o auge, o declínio e a suplantação por outra civilização, estaria os Estados Unidos da América em iminente queda?

Sem a pretensão de mergulhar nesse tema, colimando até mesmo não desviar do assunto proposto, mas só para esposar uma resposta à indagação aludida, a título de contribuir com um postulado, obviamente não estanque, David Harvey vai sustentar que os países asiáticos vão tomar a supremacia norte-americana para si.

Voltando os olhos precipuamente para a epígrafe acima exposta, a “dominação” ali esculpida, traz implícita os Estados Unidos da América.

Os autores pesquisados, David Harvey, com a obra “O Novo Imperialismo”, Michael Mann, com o “Império Incoerente”, Michael Hardt e Antônio Negri, com “Império” e José Luís Fiori, ”O Poder Americano”, denota-se o tangenciamento teórico, tendo em vista que todos abordam a dominação dos EUA.

2. SUPREMACIA DOS EUA PÓS-SEGUNDA GUERRA MUNDIAL

Há que se estabelecer, por ser necessário, que não obstante a clara delimitação histórica, ou seja, o “pós-guerra fria”, é inarredável voltarmos um ou dois passos na história para que se possa entender como os Estado Unidos da América conseguiram estabelecer sua hegemonia grassante.

Em 1944, em Bretton Woods, em New Hampshire, Estados Unidos da América, aconteceu uma célebre Conferência, à qual foi fundamental para que os EUA se firmassem como a principal potência no pós-Segunda Guerra Mundial, que acabou oficialmente em 1945.

Em aventada Conferência, por pressão norte-americana, o dólar se afigurou na principal moeda do mundo, sendo que foi estabelecido um câmbio fixo, em que o indexador foi firmado como sendo o ouro.

O denominado padrão dólar-ouro era assim definido: cada U$ 35 dólares equivaliam a uma onça troy de ouro. A título de curiosidade, esclarece-se que troy é a unidade onça para aferição do peso de metais e gemas, subsistindo outro padrão de onça para a aferição do peso de outros objetos, sendo que uma onça troy corresponde a aproximadamente 31,1g (trinta e um vírgula um gramas).

Outra medida importante da Conferência foi a criação de instituições como o Fundo Monetário Internacional (FMI), o Banco Mundial (BIRD) e o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércios (GATT), que passaram a ser organismos fiscalizadores.

A primazia de emissor de dinheiro mundial foi possível aos EUA tendo em vista o seu poder financeiro, industrial, tecnológico, militar e competitivo, bem superior aos demais países capitalistas do imediato pós-guerra.

Esse contexto possibilitou aos EUA a acumulação de superávit nas suas contas externas, adquirindo desta forma, reservas em ouro e obrigações de outros países, sendo válido trazer a lume que, à época, os EUA detinham cerca de 80% das reservas de ouro do mundo.

Assim, os EUA transformaram-se numa sólida base econômica, controlando as instituições monetárias internacionais e promovendo a expansão de suas corporações.

O período compreendido entre o final dos anos cinquenta e início dos setenta foi marcado por grande expansionismo dos países capitalistas mais desenvolvidos, mormente, os Estados Unidos da América. É o chamado “anos dourados” ou “os trinta anos gloriosos”.

Após a desastrosa experiência de um liberalismo radical, que culminou na crise de 1929, e passou para a história como a “grande depressão” ou o crasch das bolsas de Nova Iorque, os países mais desenvolvidos lançaram mão do intervencionismo do Estado lastreado nas teses do economista Jonh Maynard Kaynes, surgindo o welfare state (citamos aqui de forma genérica,

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