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Em Nome da Rosa

Por:   •  27/9/2019  •  Resenha  •  683 Palavras (3 Páginas)  •  126 Visualizações

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EM NOME DA ROSA (Maria Eduarda Trindade)

O filme Em Nome da Rosa (1986), de Umberto Eco, é um dos filmes medievais mais fieis no seu propósito, aborda alguns pontos muito importantes que ainda influenciam, de alguma forma, seja direta ou indiretamente, nossa realidade contemporânea. Mostra de maneira natural a vida daquelas pessoas que estavam dentro e fora da Igreja.

O fio condutor de todo o filme se dá pelas mortes misteriosas de membros da Igreja, mortes estas que são associadas ao sobrenatural, ao Demônio e feitiçarias, deixando a maioria dos homens da Igreja apavorados e crentes de que tais episódios seriam o reflexo do fim dos tempos; do início do apocalipse. A história se passa no norte da Itália, no período da baixa Idade Média, e o espaço que decorre a trama é dentro de um mosteiro beneditino.

Sabendo a história do filme, é possível abordar algumas questões interessantes e que não costumam ser abordadas, ou até mesmo notadas, por grande parte do público que assiste ao filme apenas como entretenimento.

Há monges beneditinos e monges franciscanos, e a maior diferença notável entre eles são as vestimentas; os beneditinos usavam roupas mais escuras, a maioria no tom preto, passando a ideia de uma maior seriedade e rigidez. Os franciscanos aparecem vestidos em tons mais suaves, bem como os povos mais pobres, com a grande diferença no trato com a higiene. Esses povos mais pobres se assemelhavam a andrajos; roupas rasgadas, sujas e, aparentemente, pesadas. Algo que tanto os pobres como alguns membros da Igreja tinham em comum é o tamanho das unham, normalmente grandes e sujas, bem como os dentes.

Ainda em relação aos pobres, os camponeses viviam de modo totalmente precário, literalmente “à Deus dará”. E é lógico, Deus não dará nada de graça, numa das cenas é mostrado o povo dando bens materiais ou o pouco alimento que tinham em troca de um lugar no reino de Deus, uma aprovação da Igreja. Outra cena que chama bastante atenção é quando, no início do filme, monges jogam restos de alimentos de uma das torres da Igreja, e os camponeses começam a disputá-los.

Neste momento me veio à memória um poema de Manuel Bandeira, chamado “O Bicho”, no qual diz: “Vi ontem um bicho /Na imundície do pátio /Catando comida entre os detritos. /Quando achava alguma coisa, /Não examinava nem cheirava: /Engolia com voracidade. /O bicho não era um cão, /Não era um gato, /Não era um rato. /O bicho, meu Deus, era um homem.” (Rio, 27 de dezembro de 1947).

Retomando as diferenças entre beneditinos e franciscanos, o ato de sorrir também era uma questão que os beneditinos condenavam ferrenhamente, se mostravam totalmente contra o riso. Ou também pode ser apontada a forma como enxergam Deus e sua palavra, pois os franciscanos me parecem ser mais flexíveis e mais próximos do atual cristianismo, já os beneditinos alimentavam o medo, temiam, no sentido mais fiel da palavra, o Senhor, e não ao senhor.

A relação entre o homem e a mulher se mostra de maneira um pouco mais tímida, mas relata com lealdade o medo que o homem sentia da mulher, que por não a conhecer, julgava-a como obra maligna. A ignorância do homem custou a vida de muitas mulheres, que foram torturadas e queimadas em nome de Deus, ato aplaudido e ovacionado pelos “homens de bem”. E ai de quem fosse contra a

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