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Ensino De Historia Da America

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Por:   •  6/12/2014  •  2.017 Palavras (9 Páginas)  •  260 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E NATURAIS

DEPARTAMENTO DE HISTÓRIA

Melissa Moreira Melo Vieira

O ENSINO DE HISTÓRIA DA AMÉRICA PRESENTE NOS LIVROS DIDÁTICOS: UMA ANÁLISE DO DISCURSO

Vitória

2014

SUMÁRIO

⦁ INTRODUÇÃO

A problemática do ensino de História da América nas escolas e nos livros didáticos não é uma novidade. A questão não baseia-se apenas no fato de que muitas vezes o ensino de História da América tem sido sistematicamente relegado a um segundo planos nos currículos do Ensino Fundamental e no Ensino Médio. Sim, é constatado que tais conteúdos possuem pouco ou – algumas vezes – nenhum espaço nos programas de História das escolas. Contudo, o principal problema não é a pequena presença desses contentos nos livros didáticos, mas a forma com que são abordados. O conhecimento histórico-escolar, por exemplo, desconhece (ou conhece muito pouco) a complexa organização social dos povos da América pré-colombiana, povos que existiram em nosso continente antes da chegada dos europeus conquistadores. Povos estes que exerceram indiscutíveis influências culturais sobre a nossa sociedade.

Ensina-se uma História ocidentalizada e principalmente eurocêntrica, que está ancorada a fontes e narrativas de europeus e que por consequência delega aos americanos a imagem de sujeição e impotência em narrar ou construir a própria História.

Circe Maria Fernandes Bittencourt, prestigiada professora do Programa de Pós-Graduação em Educação da USP, é um dos principais nomes na área da História das Disciplinas no Brasil. Segundo BITTENCOURT (2011), a presença da História nos programas escolares – a partir do século XIX – tinha a função de contribuir para a constituição de uma identidade nacional moldada sob a ótica eurocêntrica (a “Europa branca e cristã”). Nem a História do Brasil tinha autonomia: pertencia á História Universal até 1942 (segundo os Planos de Estudos do Colégio Pedro II analisados por Circe Bittencourt em seu artigo).

Estes antecedentes refletem-se ainda hoje, explicando a organização predominante nos livros didáticos. Seguindo a antiga “História Universal”, a História do Brasil começa apenas em Portugal, que é colocada na posição de nosso berço identitário da língua, religião e cultura. Deste modo, onde se situa a História Americana?

Este trabalho tem o objetivo de discutir a História da América nos livros didáticos. Serão utilizados os livros História Global, de Gilberto Cotrim, e o livro História, organizado pela Secretaria do Estado da Educação do Paraná para análise do discurso, ou seja, uma leitura minuciosa do conteúdo abordado e das possíveis ideologias que o discurso carrega. O tema escolhido para ser analisado nos dois livros didáticos é América pré-colombiana.

⦁ HISTÓRIA GLOBAL – BRASIL E GERAL, de Gilberto Cotrim

Gilberto Cotrim é professor de História graduado pela Universidade de São Paulo, advogado inscrito na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-SP); mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Mackenzie; estudou filosofia na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) e é autor de livros didáticos.

O livro História Global, volume único que engloba História Geral e História do Brasil, é composto de 57 capítulos distribuídos em diferentes subtemas.

O conteúdo Primeiros Povos da América foi abordado em um capítulo de quatro páginas, dividido em três subtemas: Os primeiros povoadores; A expansão pelo território; O controle da produção alimentar e A Cultura Tupi.

Ao introduzir o primeiro subtema, Gilberto Cotrim fala sobre as várias hipóteses sobre a chegada do ser humano á América: a hipótese da ocupação vinda do norte da Ásia (pelo estreito de Bering, que separa a Sibéria do Alasca), favorecida pelo rebaixamento do nível das águas pela glaciação e aumento da temperatura; a hipótese de que os primeiros homens e mulheres chegaram á América atravessando o oceano pacífico, vindos da Ásia e da Oceania; e as hipóteses com base em fósseis encontrados e datados em aproximadamente 12 a 20 mil anos de idade, que chegaram á América por diferentes vias de acesso.

Ao falar sobre a expansão pelo território e o modo de vida dos povos pré-colombianos, Cotrim encontra conforto no lugar comum e ultrapassado da historiografia dos primeiros povos da América: restringe as características sociais a apenas um pequeno trecho:

Os vestígios arqueológicos nos permitem supor alguns aspectos de seu modo de vida: viviam da caça, da pesca e da coleta; não praticavam a agricultura; confeccionavam instrumentos de preda e de ossos de animais, como pontas de lanças, agulhas, facas, anzóis, raspadores,etc. Entre as armas de caça destacam-se o arco e flecha, que lhes permitiam capturar animais rápidos, como aves e alguns mamíferos. (COTRIM, 2002, p. 35)

Cotrim resume o modo de vida dos povos pré-colombianos a características comuns, não levando em conta a complexidade das sociedades daquela época. Não eram povos que viviam da mesma maneira e tinham a mesma cultura, pelo contrário: os primeiros povos americanos impressionam pela grandeza de suas organizações sociais.

O autor em momento algum cita os maias, incas, astecas, toltecas e olmecas e suas características difusas e próprias. Não explica sobre as diferentes formas de hierarquia dessas sociedades (os maias, por exemplo, tinham uma sociedade muito fechada e articulada em hierarquias, governada por reis e sacerdotes ; os incas tinham o poder centralizado na figura do soberano “filho do sol”; os astecas tinham um sistema de poder onde as forças sociais tinham relativa participação...).

Ao finalizar o capítulo, Gilberto

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