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FAZENDA SÃO PEDRO, UM PARAÍSO EM DECADÊNCIA

Por:   •  24/11/2015  •  Trabalho acadêmico  •  6.683 Palavras (27 Páginas)  •  251 Visualizações

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FAZENDA SÃO PEDRO, UM PARAÍSO EM DECADÊNCIA

Artigo com base no livro As mamoranas estão florindo

Moura Rêgo

Genival Silva Araujo

O período republicano, foi marcado pelo domínio do mundo rural sobre o mundo agrícola, as grandes fazendas da época munidas com engenho, casa-grande, mão-de-obra escrava e sob a liderança dos Coronéis, tiveram grande influencia na política, na economia e na sociedade. No Estado do Maranhão grandes fazendas produziram e exportaram muitas mercadorias para o Brasil e também para países da Europa. Entre os produtos destaca-se, o açúcar e o algodão. As fazendas porém vieram a cair em decadência. Muitos são os fatores que contribuíram para a queda das grandes propriedades a partir de 1889.

A fazenda São Pedro no município de São José dos Matões MA, outrora um lugar rico, cheio de beleza, fartura de diversos produtos, onde gente de muitos lugares vinham visitar. Passa a definhar ano a ano, tornando-se em um lugar vivo apenas na lembrança, na saudade, e na mente de quem outrora achava aquele lugar um verdadeiro paraíso. É difícil a hora de partir, é difícil entender o que causou a desolação de um lugar que no passado havia sido um lugar perfeito.

Palavras-chave: Fazenda São Pedro. Casa-grande. Moura Rêgo

Acadêmico do 5º período do curso de Licenciatura Plena em História na Universidade Estadual do Maranhão –na disciplina de História do Maranhão Republicano –orientadora prof. Salânia Nov. 2015

Até 1888, as fazendas tinham como mãos e pernas o escravo, motor indispensável no trabalho, das fazendas, e nos engenhos de açúcar.

Com a abolição da escravidão no Brasil em 1888 os grandes proprietários de terras não tiveram outra opção, algumas fazendas acabaram encerrando sua produção, e outras foram definhando aos poucos com os prejuízos que os proprietários tiveram com o fim da mão-de-obra escrava. A natureza com suas intempéries tiveram grande contribuição para a decadência de muitas fazendas.

Com o fim da escravidão os fazendeiros buscaram mão-de-obra nos imigrantes vindos de outros países. Em outras os escravos continuaram trabalhando, muitos sem ganhar nada.

Segundo Carlos de Lima, Ao tempo da Lei Áurea, o Maranhão possuía mais de 55.000 escravos (Fernandes, op.cit., p. 43). História do Maranhão a República p.35

Muitas fazendas ruíram ante ao fim da escravidão, a esse respeito Carlos de Lima vem dizer que: [...] Os donos abandonavam fazendas e maquinismos à destruição do tempo – sem o braço escravo era impossível continuar – ou as vendiam pelo que pudessem obter em tempos tão difíceis. Muitas por dilatado período expuseram sua decadência nas ruínas de paredes derruídas e montões de ruína e ferro velho. Carlos de Lima, ). História do Maranhão a República p.35

Durante o período imperial (de 7 de setembro de 1822. Independência do Brasil, e 15 de novembro de 1889, Proclamação da República). a economia maranhense sustentou-se principalmente na exportação de algodão e açúcar. Sendo a região incorporada ao sistema mercantilista na segunda metade do século XVIII, através da Companhia Geral do Grão-Pará e Maranhão.

Nas décadas de 1830 e 1840, a Província tinha dificuldade de mercados para o algodão, já normalizado o suprimento internacional depois das guerras de independência da América do Norte, do período de Napoleão e seus efeitos sobre o mundo colonial. Momento, em que surge conflitos localizados, lutas de facções municipais, que vão se desdobrar em movimentos de insatisfação popular. O maior de todos, a Balaiada, com início em fins de 1838 e durou três anos, desenvolvendo-se principalmente nas regiões do Itapecuru e Parnaíba.

Os efeitos do conflito sobre a economia regional provocou além dos problemas de mercado, endividou ainda mais os proprietários rurais.

Para recuperar a economia o governo provincial, adotou medidas de estímulo a produção de cana-de-açúcar e a construção de engenhos. O preço do açúcar no mercado internacional estava em alta, devido ao fim da escravidão nas Antilhas inglesas e a desorganização da produção.

(FLÁVIO REIS - Grupos Políticos e Estrutura Oligárquica no Maranhão pg. 27, cap. 1)

A FAZENDA SÃO PEDRO

Raimundo de Moura Rêgo, nasceu em Matões-MA, em 1911, tornou-se Poeta, músico, jornalista, desenhista, membro da Academia Piauiense de Letras. No livro As mamoranas estão florindo Moura Rêgo, narra a história da fazenda São Pedro no município de São José dos Matões, no interior do Maranhão. Ele nasceu na fazenda e começa a narrativa sua dizendo.Quando me entendi já a fazenda descambava na decadência. Ele e os outros meninos não se preocupavam com nada disso, para eles a fazenda ainda era um paraíso. Os mais velhos diziam com pesar, em tempos passados a fazenda fora um lugar bem melhor, com muita fartura, beleza, abundancia em tudo. Leite, queijo, mel, rapadura, frutas diversas, tudo de boa qualidade. O gado engordando a solta nos campos. Findavam dizendo, São Pedro, hoje, não é nem sombra do que foi.

A mãe de Moura Rêgo, que nasceu e se criou na fazenda dizia. Antigamente, por trás da casa grande havia um laranjal de perder de vista. Ao lado do engenho muitas fruteiras todas de qualidade, as que ainda restam foram as que escaparam a ação do tempo. Nada disso interessava para os meninos, o que realmente importava era o presente.

Moura Rego conviveu com os negros e descendentes durante muito tempo o que contribuiu para a aquisição da maior parte das informações sobre a fazenda, muitos desses negros mesmo depois da abolição continuaram trabalhando na fazenda de graça como se nada tivesse acontecido. Muitos negros ainda saíram a procura de algo melhor pelas redondezas, mas depois voltavam.

É certo que para os mais velhos a fazenda foi um lugar melhor em um tempo passado, mas o que as crianças gostavam mesmo era a vida solta e despreocupada que levavam.

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