Guerra Do Contestado
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UNIVERSIDADE DO ALTO VALE DO RIO DO PEIXE – UNIARP
CURSO DE HISTÓRIA
3ª FASE
ALINE FURLAN
Relatório do Projeto
ENTENDENDO A HISTÓRIA PRÓXIMA DE NÓS:
A GUERRA DO CONTESTADO
CAÇADOR-SC
2012
INTRODUÇÃO
Muito se fala da Guerra do Contestado, que somos frutos de tal; que fazemos parte dela; mas na verdade são poucas as pessoas que realmente entendem ou sabem algo sobre esse marco em nossas histórias e na história de nossa região.
Neste projeto pretendo esclarecer a Guerra do Contestado, o que foi, quando foi, quais os principais nomes dessa época da história, em fim tudo que tenha nas fontes encontradas.
De modo resumido a Guerra do Contestado foi um conflito armado que ocorreu na região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916. O conflito envolveu cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares dos poderes federal e estadual. Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa territorial entre os estados do Parará e Santa Catarina. Grande destaque teve a figura de três monges que lideraram o povo no movimento naquela época, o messianismo e a religiosidade tem características marcantes durante todo o movimento de revoltas, confrontos e conflitos de idéias naquele tempo.
Antes de aprendermos qualquer história, mundo a fora, história brasileira, ou o que for, devemos saber e principalmente entender de nossa história raiz, a história que está mais próxima de nós, a história de nossa região, então para isso vou abordar umperíodo de nossa história que é e foi um dos mais importantes A Guerra do Contestado.
DESENVOLVIMENTO
ENTENDENDO A HISTÓRIA PRÓXIMA DE NÓS:
A GUERRA DO CONTESTADO
CARACTERÍSTICAS GERAIS DA GUERRA DO CONTESTADO
A Guerra do Contestado, um conflito armado que ocorreu em nossa região Sul do Brasil, entre outubro de 1912 e agosto de 1916.
Envolvendo cerca de 20 mil camponeses que enfrentaram forças militares federais e estaduais.
Ganhou o nome de Guerra do Contestado, pois os conflitos ocorrem numa área de disputa entre os estados de Santa Catarina e Paraná.
Área conflagrada: 20.000 km².
População da época envolvida na área de conflito: aproximadamente 40.000 habitantes.
Municípios do Paraná envolvidos: Rio Negro, Itaiópolis, Timbó, Três Barras, União da Vitória e Palmas.
Municípios de Santa Catarina envolvidos: Lages, Curitibanos, Campos Novos Canoinhas e Porto União.
Início da Guerra: outubro de 1912.
Tempo da Guerra: 46 meses (outubro de 1912 a agosto de 1916).
Auge da Guerra: Março-abril de 1915, em Santa Maria, na Serra do Espigão.
Final da Guerra: Agosto de 1916, com a captura de Adeodato, o último líder do Contestado.
CAUSAS DA GUERRA
Uma estrada de ferro entre São Paulo e Rio Grande do Sul estava sendo construída por uma poderosa empresa norte-americana, a Brazil Railway Company, com apoio dos coronéis as autoridades da época na região e do governo.
Além das obras, a empresa ganhou do governo o direito de explorar uma faixa de 30 quilômetros, 15 quilômetros decada lado da ferrovia.
Ao mesmo tempo, a concessão garantia que outra empresa coligada, a Southern Brazil Lumber & Colonization, passasse a explorar e comercializar a madeira da região, com o direito de revender as terras desapropriadas ao longo da ferrovia.
Para a construção e exploração, milhares de família de camponeses perderam suas terras. Este fato gerou muito desemprego entre os camponeses da região, que ficaram sem terras para trabalho.
Outro motivo da revolta foi à compra de uma grande área da região por um grupo de pessoas ligadas à empresa construtora da estrada de ferro. Esta propriedade foi adquirida para o estabelecimento de uma grande empresa madeireira, voltada para a exportação. Por isso muitas famílias foram expulsas de suas terras.
O clima ficou mais tenso quando a estrada de ferro ficou pronta. Muitos trabalhadores que atuaram em sua construção tinham sido trazidos de diversas partes do Brasil e ficaram desempregados com o fim da obra. Eles permaneceram na região sem qualquer apoio por parte da empresa norte-americana ou do governo, em estado de calamidade.
OS MONGES
Na Guerra do Contestado, tem-se a figura de três monges da região. O primeiro monge que foi João Maria, um homem de origem italiana, que peregrinou pregando e atendendo doentes de 1844 a 1870. Fazia questão de viver uma vida extremamente humilde, e sua ética e forma de viver arrebanhou milhares de seguidores, reforçando o messianismo coletivo. Destaca-se que ele não exerceu influência diretanos acontecimentos da Guerra do Contestado que ocorreria posteriormente. João Maria morreu em 1870, em Sorocaba, Estado de São Paulo.
O segundo monge também adotou o nome de João Maria, que era de origem síria. Aparece publicamente na Revolução Federalista de 1893, partidário dos maragatos, mostrando uma postura firme e messiânica. Chegou, a fazer previsões sobre os fatos políticos da época. Atuava na região entre os rios Iguaçu e Uruguai. Destaca-se sua influência sobre os seus seguidores, a ponto de esperarem a sua volta através da ressurreição, após desaparecer em 1908.
Essa espera acaba em 1912, quando aparece a figura do terceiro monge. Este era conhecido inicialmente como um curandeiro, com o nome de José Maria de Santo Agostinho, mas que de acordo com um laudo da polícia da Vila de Palmas, Estado do Paraná, ele fosse, na verdade, um soldado desertor condenado por estupro, de nome Miguel Lucena de Boaventura.
Como ninguém conhecia ao certo sua origem, como aparentava uma vida honesta, não lhe foi difícil ganhas confiança e seguidores. Fatos curiosos sobre seus feitos foi "ressussitar" uma jovem (provavelmente apenas vítima de catalepsia patológica). Teria também curado a esposa do coronel Francisco de Almeida, vítima de uma doença incurável. Com isso, o monge ganha mais credibilidade e ao rejeitar terras e ouro que o coronel lhe ofereceu sua valorização aumenta.
Então, José Maria passa a ser considerado santo: homem que veio a terra apenas para curar e tratar os necessitados. Sabia ler e escrever eanotava em seus cadernos as propriedades medicinais das plantas encontradas na região. Com o consentimento do coronel Almeida, montou no rancho de um dos capatazes o que chamou a farmácia do povo, onde fazia o depósito de ervas medicinais que utilizava no atendimento diário, a quem quer que o visitasse.
CONFLITOS
Os camponeses que tinham perdido o direito às terras que ocupavam e os trabalhadores que foram desiludidos pela companhia da estrada de ferro decidiram ouvir a voz do monge José Maria, sob o comando do qual organizaram uma comunidade.
A união destas pessoas em torno de um ideal comum levou à sua organização, com funções distribuídas entre si, e ao fortalecimento do grupo. O messianismo adquiria corpo. A vida era comunitária, com locais de culto e procissões. Tudo pertencia a todos. O comércio foi abolido, sendo apenas permitidas trocas. Segundo pregações do líder, o mundo não duraria mais 1000 anos e o paraíso estava próximo.
O santo monge José Maria rebelou-se, contra a recém formada república brasileira e decidiu dar status de governo independente à comunidade que comandava. Para ele, a República era a "lei do diabo". Nomeou Imperador do Brasil um fazendeiro analfabeto, nomeou a comunidade de "Quadro Santo" e criou uma guarda de honra constituída por 24 cavaleiros que intitulou de "Doze Pares de França", numa alusão à cavalaria de Carlos Magno na Idade Média.
Os coronéis da região e os governos (federal e estadual) começaram a ficar preocupados com a liderança deJosé Maria e sua capacidade de agir sobre os camponeses. O governo passou a acusar o beato de ser um inimigo da República, que tinha como objetivo desestruturar o governo e a ordem na região. Com isso, policiais e soldados do exército foram enviados para o local, com o objetivo de desarticular o movimento.
PRIMEIRAS MORTES
Preocupado com o que estava por vir, José Maria parte imediatamente para a localidade de Irani com todos que o acompanhava. Irani pertencia a Palmas, cidade que estava na jurisdição do Paraná. Como Paraná e Santa Catarina tinham questões jurídicas não resolvidas por conta das divisas de seu território, o Paraná viu nessa grande movimentação de pessoas uma estratégia de ocupação daquelas terras por parte do Estado vizinho de Santa Catarina.
A guerra do Contestado inicia-se neste ponto: em defesa das terras paranaenses, várias tropas do Regimento de Segurança do Paraná são enviadas para o local, a fim de obrigar os invasores a voltar para Santa Catarina, em outubro de 1912.
Tem início um confronto sangrento entre tropas do governo e fiéis do Contestado no lugar chamado Banhado Grande. Ao término da luta, estão sem vida dezenas de pessoas, de ambos os lados, e grande quantidade de material bélico do Paraná passa para a mão dos revoltosos. Morreu no confronto o coronel João Gualberto, que comandava as tropas, e também o monge José Maria, mas os partidários do contestado tinham conseguido a sua primeira vitória.
José Maria é enterrado com tábuaspelos seus fiéis, a fim de facilitar a sua ressurreição, já que os caboclos acreditavam que este ressuscitaria acompanhado de um Exército Encantado, vulgarmente chamado de Exército de São Sebastião, que os ajudaria a fortalecer a Monarquia Celeste e a derrubar a República, que cada vez mais se acreditava ser um instrumento do diabo, dominado pelas figuras dos coronéis.
O CONTESTADO GANHA FORÇA
Seguidores do monge, vencedores em Irani, incluindo até alguns fazendeiros, reorganizaram a comunidade do "Quadro Santo", assim como a "Monarquia Celestial". Morto José Maria, os caboclos passaram a obedecer às ordens de um novo chefe, Eusébio Ferreira dos Santos, qual tinha uma filha, Maria Rosa, que tinha visões. Em Taquaruçu fortaleceu-se um núcleo de fiéis que reuniu cerca de 3000 seguidores. Reuniram-se atendendo ao chamamento de uma mulher, Teodora, antiga seguidora de José Maria, que dizia ter visões do monge.
O governo brasileiro, preocupado, decidiu reprimir o movimento e exterminar este novo reduto antes que crescesse e se tomasse maiores proporções, montou uma Força Pública Catarinense, que para lá se dirigiu com 200 soldados em 29 de Dezembro de 1913. Novamente, os resultados não são os esperados pelo governo: a força pública é vencida pela coragem e fé dos fiéis, que inclusive, apoderam-se das armas dos soldados. Esta vitóriafoi fundamental para dar ainda mais credibilidade ao movimento, que se fortaleceu a ponto de formar novos redutos em locais cada vez mais afastados, com o intuito de dificultar as represálias militares das tropas legais.
Para alguns historiadores este dezembro de 1913 seria o ponto inicial da Guerra do Contestado, mas não é possível deixar de considerar o confronto de 1912, em Irani.
CONFLITOS, ATAQUES E CONTRA-ATAQUES
Em 8 de fevereiro de 1914, numa ação conjunta de Santa Catarina, Paraná e governo federal, enviou-se a Taquaruçu cerca de 700 soldados, bem armados. Estes têm êxito na empreitada, incendeiam completamente o acampamento dos jagunços, mas sem muitas perdas humanas, já que os caboclos da causa do Contestado se refugiaram em Caraguatá, local de difícil acesso e onde já viviam cerca de 2000 pessoas.
Os fiéis que foram para Caraguatá eram chefiados por Maria Rosa, uma jovem com 15 anos de idade, considerada pelos historiadores a Joana D'Arc do sertão. Após a morte de José Maria, Maria Rosa afirmava receber, por via espiritual, ordens do mesmo, o que a fez assumir a liderança espiritual e militar de todos os revoltosos, então cerca de 6000 homens.
De março a maio outras expedições foram realizadas, porém todas sem sucesso. Em 9 de Março de 1914, embaladas pela vitória de Taquaruçu, que tinham destruído completamente, as tropas cercam e atacam Caraguatá, e o desastre é total. Fogem em pânico perseguidos pelos revoltosos. Esta nova vitória enche os contestadores de ânimo. O fato repercute emtodo o interior, trazendo para o reduto ainda mais pessoas com interesses afins, mas também repercute muito mal frente ao governo.
Como cada vez mais pessoas aderiam abertamente ao movimento, piquetes foram formados pelos fiéis para o arrebanhamento de animais da região a fim de suprir as necessidades alimentícias do núcleo de Caraguatá. São então fundados os redutos de Bom Sossego e de São Sebastião. Só neste último se aglomeravam cerca de 2000 pessoas.
Além de colocar em prática técnicas de guerrilha para a defesa dos ataques, os fanáticos passaram ao contra-ataque. Em 1° de setembro lançaram um documento que se intitulou Manifesto Monarquista, iniciou, a partir de então, o que chamavam de a Guerra santa, caracterizada por saques e invasões de propriedades de coronéis e por um discurso que exigia pobreza e cobrava exploração ao máximo da República.
Invadiam as fazendas dos coronéis para pegar tudo que fosse necessário para a vida no reduto. Além disso, amparados nas vitórias que tiveram, atacaram várias cidades, como foi o caso de Curitibanos, onde o alvo eram invariavelmente os cartórios, locais onde se encontravam os registros das terras que antes a eles pertenciam. Não bastando incendiar os cartórios, num outro ataque na localidade de Calmon, destruíram completamente a segunda serraria da Lumber, uma das empresas que vieram de fora para explorar a madeira da faixa de terra de 30 quilômetros.
O CONTROLE MUDA DE LADO
Como fato marcante pela primeira vez na história da América Latinausou-se dois aviões para fins de guerra e bombardeio nos redutos do Contestado.
Com ordem social cada vez mais caótica na região, o governo central designa o general Carlos Frederico de Mesquita, veterano de Canudos, para comandar uma ação contra os rebeldes. Inicialmente tenta, sem sucesso, um acordo com os revoltosos; a seguir ataca duramente Santo Antônio, obrigando os rebeldes a fugir. O reduto de Caraguatá, que antes vira as tropas do governo fugir perseguidas por revoltosos, tem agora de ser abandonada às pressas pelos mesmos revoltosos devido a uma grande epidemia de tifo. Considerando, batalha ganha, o general Mesquita dá a luta por encerrada.
Mas a calmaria terminaria logo. Os revoltosos rapidamente se reagrupam e se organizam na localidade de Santa Maria, intensificando ataques: tomam e incendeiam a estação de Calmon; acabam com a vila de São João (Matos Costa), atacam Curitibanos e ameaçam Porto União da Vitória, cuja população abandona a cidade.
Os boatos chegam até Ponta Grossa e dizem que os revoltosos e seu exército pretendem marchar até o Rio de Janeiro para depor o Presidente. Os rebeldes já dominam, nesta altura dos acontecimentos, cerca de 25000 km² da região do Contestado.
O governo federal usa outra jogada: nomeia o general Setembrino de Carvalho para o comando das operações contra os Contestadores. Então, em setembro de 1914, chefiando cerca de 7000 homens e com ordens de sufocar a rebelião e pacificar a região a qualquer custo, chega a Curitiba o general Setembrino de Carvalho. Aprimeira e mais imediata providência foi restabelecer as ligações ferroviárias e guarnecer as mesmas para evitar que fossem novamente atacadas. Como apoio de operações de guerra, pela primeira vez na história da América Latina usou-se dois aviões para fins de reconhecimento que não chegaram a efetivar o seu emprego no Teatro de Operações, devido a um acidente, envolvendo o então piloto tenente Kirk.
Com idéias, Setembrino envia um manifesto aos revoltosos no qual garantia a devolução de terras para quem se entregasse pacificamente. Ameaçando também, um tratamento hostil e repressivo para quem resolvesse continuar em luta contra o governo.
MUDANÇAS NA ESTRATÉGIA, O FIM DA GUERRA
Setembrino adota uma nova postura de guerra, evitando combate direto, que era o que os revoltosos esperavam e se preparavam, optando, pelo contrário, por cercar o reduto dos fanáticos com tropas por todos os lados, evitando que entrassem ou saíssem da região onde estavam. O general dividiu seu efetivo em quatro alas com nomes dos quatro pontos cardeais, norte, sul, leste e oeste e foi avançando e destruindo qualquer resistência que encontrasse.
Com esta nova estratégia, rapidamente começou a faltar comida nos acampamentos dos revoltosos. Isto teve como conseqüência imediata rendição de dezenas de caboclos. A maioria dos que se entregavam eram velhos, mulheres e crianças – uma estratégia dos fiéis para que sobrasse mais comida aos combatentes mais fortes que ficaram e que ainda defenderiam a causa.
Começa a se destacar a figurade Deodato Manuel Ramos, vulgo "Adeodato", considerado pelos historiadores como o último líder. Adeodato transfere o núcleo dos revoltosos para o vale de Santa Maria, que contava ainda com cerca de 5000 homens. Só que à medida que ia faltando alimento, Adeodato passava a ficar cada vez mais autoritário, não aceitando rendição. Aos que se entregavam, aplicava a morte.
Deixando os revoltosos nervosos lutarem contra si, em 8 de Fevereiro de 1915 a ala Sul, comandada pelo tenente-coronel Estillac, chega a Santa Maria. De um lado as forças do governo, bem armadas, bem alimentadas, de outro, rebeldes também armados, mas famintos e sem ânimo para resistir muito tempo. A luta inicial é intensa e, à noite, o tenente-coronel ordena a retirada, afinal, já contabilizara só no seu lado 30 mortos e 40 feridos. Novos ataques e recuos ocorreram nos dias seguintes.
Em 28 de Março de 1915, o capitão Tertuliano Potyguara parte da vila de Reinchardt com 710 homens em direção a Santa Maria, perdendo só em emboscadas durante o trajeto, 24 homens. Depois de vários confrontos, num deles Maria Rosa, a líder espiritual dos rebeldes, morre às margens do rio Caçador. Em 3 de Abril, as tropas de Estillac e Potyguara avançam juntas e ordenadas para o assalto final a Santa Maria, onde restavam apenas alguns combatentes já quase mortos pela fome.
Em 5 de Abril, depois do grande assalto a Santa Maria, o general Estillac registra que "tudo foi destruído, subindo o número de habitações destruídas a 5000 (...) as mulheres que se bateramcomo homens foram mortas em combate (...) o número de jagunços mortos eleva-se a 600. Os redutos de Caçador e de Santa Maria estão extintos. Não posso garantir que todos os bandidos que infestam o Contestado tenham desaparecido, mas a missão confiada ao exercito está cumprida". Os rebeldes sobreviventes se dispersaram em muitas cidades.
Em dezembro de 1915 o último dos redutos dos revoltosos é devastado pelas tropas de Setembrino. Adeodato foge. Consegue, no entanto, escapar de seus perseguidores e ficou ainda 8 meses escondendo-se pelas matas da região. Mas a fome e o cansaço, além de uma perseguição sem trégua, fizeram com que Adeodato se entrega. Encerrava-se então, em agosto de 1916, com a prisão de Adeodato, a Guerra do Contestado.
Adeodato foi capturado e condenado a 30 anos de prisão. Entretanto, em 1923, sete anos após ter sido preso, Adeodato é morto pelo próprio diretor da cadeia em tentativa de fuga.
Na data de 12 de outubro de 1916, os governadores Filipe Schmidt (de Santa Catarina) e Afonso de Camargo (do Paraná) assinaram um acordo e o município de Campos de Irani passou a chamar-se Concórdia.
MAIS ALGUMAS CARACTERÍSTICAS GERAIS DA GUERRA DO CONTESTADO
Combatentes militares no auge da Guerra: 8.000 homens, sendo 7.000 soldados do Exército Brasileiro, do Regimento de Segurança do Paraná, do Regimento de Segurança de Santa Catarina, mais 1.000 civis contratados.
Exército Encantado de São Sebastião: 10.000 combatentes envolvidos durante a Guerra.
Baixas nos efetivos legalistasmilitares e civis: de 800 a 1.000, entre mortos, feridos e desertores
Baixas na população civil revoltada: de 5.000 a 8.000, entre mortos, feridos e desaparecidos
Custo da Guerra para a União: cerca de 3.000.000.000.
A Guerra do Contestado durou mais tempo e produziu mais mortes que a Guerra de Canudos, outro conflito semelhante em terras do Brasil.
Em cinco anos de guerra, 9 mil casas foram queimadas e 20 mil pessoas mortas.
CONSEQUÊNCIAS IMEDIATAS PÓS-GUERRA
20 de Outubro de 1916: Assinatura do Acordo de Limites Paraná-Santa Catarina, no Rio de Janeiro.
7 de Novembro de 1916: Manifestações nos municípios do Contestado-Paranaense contra o acordo.
De maio a agosto de 1917: Sublevação popular no Contestado-Paranaense, pró Estado das Missões.
Maio e junho de 1917: Ascensão e assassinato do monge Jesus Nazareno.
3 de Agosto de 1917: Homologação final do Acordo de Limites.
Setembro de 1917: Instalação dos municípios de Mafra, Cruzeiro, Xapecó e de Porto União.
1918: Reinício da colonização no Centro-Oeste Catarinense, por empresas particulares.
Janeiro e maio de 1920: Revolta política em Erval e Cruzeiro.
Março de 1921: Revolta de caboclos contra medição de terras, entre Catanduvas e Capinzal.
CONCLUSÃO
A Guerra do Contestado mostra a forma com que os políticos e os governos tratavam algumas questões sociais no início da República.
Interesses financeiros de grandes empresas e proprietários rurais ficavam sempre acima das necessidades da população mais necessitada,neste caso os cablocos.
Não havia espaço para a tentativa de solucionar os conflitos com negociação. Quando havia organização daqueles que eram injustiçados, as forças oficiais, com apoio dos coronéis, combatiam os movimentos com repressão e força militar.
Necessitados em encontrar forças e esperanças para continuar na luta contra a República e a ocupação de suas terras, os cablocos tiveram como lideres, monges, místicos do próprio povo, que tinham “poder de cura” e poder da palavra.
Utilizando de sua fé e a idéia de que teriam suas terras novamente, para plantar e garantir seu sustento, famílias inteiras peregrinaram durante todo o conflito.
Batalhas, atritos e conflitos foram marcas registradas desse movimento, onde o povo exigia seus direitos de uma terra, contra um governo que só visava lucro e capitalismo, disponibilizando terras e poder para empresas estrangeiras que para o Brasil vieram em busca de fortalecer seus empreendimentos e abrir horizontes.
REFERÊNCIAS E FONTES DE PESQUISA
Artigos:
Grandes Acontecimentos da História - Revista da Editora 3, nº 4 (setembro de 1973);
Lideranças do Contestado – Paulo Pinheiro Machado – Editora Unicamp (outubro de 2005);
Sites:
Brasil Escola: http://www.brasilescola.com/historiab/guerra-contestado.html
Direitos Humanos:
http://www.direitos.org.br/index.php?option=com_content&task=view&id=1207&Itemid=25
Contestado a Guerra Desconhecida:
http://contestadoaguerradesconhecida.blogspot.com/
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