HISTÓRIA MEDIEVAL
Por: Newton Paiva • 7/5/2016 • Ensaio • 1.877 Palavras (8 Páginas) • 360 Visualizações
HISTÓRIA MEDIEVAL.
TEMA: Texto 01.
Idade Média: O nascimento do oriente – Hilário Franco Júnior.
FRANCO. Hilário Jr. Idade média. O nascimento do oriente. São Paulo: Brasiliense, 2001.
I – O Pré-conceito da idade média.
Os homens medievais enxergavam-se na idade contemporânea. Nesse sentido, falarmos em Idade Antiga ou Idade Média representa uma rotulação “a posteriori” (necessidade de dar nomes aos momentos passados).
A origem do termo Idade Média decorre do século XVI que está carregada de pré-conceito, pois, o termo “expressava um desprezo indisfarçado em relação aos séculos localizados entre a Antiguidade Clássica e o próprio século XVI. O século XV via-se como renascimento da civilização Greco-latina. Logo, a expressão Idade Média traz a idéia de tempo intermediário entre os picos de criatividade artístico-literária dentro do próprio ponto de vista dos modernos do século XVI, não passava de um hiato, um intervalo, por isso, alcunhou-se este período histórico de Idade Média.
II – A idade média para os renascentistas e iluministas.
Francesco Petrarca referia-se a Idade Média como “tenebrae” (tenebroso), nesse momento, nascia o mito historiográfico de Idade das Trevas.
Já Giovanni Andrea, bibliotecário papal falava no período como “média tempesta”, literalmente trazendo a expressão de tempo médio, mas também com sentido figurado de flagelo, ruína.
A idéia de Idade Média, Idade das Trevas, media tempesta popularizou-se quando Giorgio Vassari utilizou o termo “renascimento” e por contraste para referir-se ao tempo anterior as expressões utilizadas eram “media aetas”, “media antiquitas”, “media tempora”.
Esse critério era, inicialmente, filológico, ou seja, tinha a finalidade de opor-se ao século XVI que buscava em sua produção literária utilizar o latim nos moldes clássicos, aos séculos anteriores caracterizado por um latim bárbaro. A arte medieval por fugir aos padrões clássicos (Grécia e Roma) era vista como uma arte grosseira denominada por Rafel Sanzio (1483-1520) de arte gótica ( termo sinônimo de bárbaoro), François Rebalais denominava a Idade Média de “espessa noite gótica”.
O século XVII adotou, ainda, o sentido filológico para opor-se ao período anterior e Mas o sucesso do termo veio com o manual escolar do alemão Christoph Keller (1638-1707). Com efeito, o sentido básico mantinha-se renascentista: a Idade Média teria sido uma interrupção do progresso humano inaugurado pelos gregos e romanos e retomado pelos homens do século XVI, pois, os homens do século XVII acreditavam que a Idade Média foi um tempo de barbárie, ignorância e supertição. Daí decorria algumas críticas por parte de segmentos da Idade Moderna em relação a Idade Média como:
. Protestantes: domínio da igreja católica.
. Monarquias absolutas: épocas de reis fracos e fragmentação política.
. Burgueses: limitada atividade comercial.
.Intelectuais racionalistas: deploravam a cultura medieval muito ligada aos valores espirituais.
O século XVIII antiaristocrático e anticlerical acentuou o menosprezo à Idade Média, vista como momento áureo da nobreza e do clero. A filosofia iluminista censurava, sobretudo, a forte religiosidade medieval, o pouco apego da Idade Média a um estrito racionalismo, o pouco e o peso político de que a igreja então desfrutava. Alguns intelectuais racionalistas teciam algumas críticas.
. Denis Diderot (1713-1784): “sem religião seriamos um pouco mais felizes”.
. Marquês de Condorcet (1743-1794): a humanidade sempre caminhou para o progresso, com excessão período no qual predominou o cristianismo (Idade Média).
. Voltaire (1694-1778): os papas eram símbolos do fanatismo e do atraso daquela fase histórica: “ é uma prova da divindade de seus caracteres terem subsistido a tantos crimes.
III – A Idade Média para os românticos.
O Romantismo do século XIX, primeira metade, inverteu o preconceito em relação a Idade Média, o ponto de partida foi a identidade nacional que ganhou força com a Revolução Francesa. As conquistas de Napoleão tinha alimentado o fenômeno, pois, tinha a pretensão de reunir a Europa sob única direção, o que despertou em cada região conquistada uma valorização de suas especificidades, de sua personalidade nacional pondo em xeque a validade do racionalismo. A nostalgia romântica pela idade média fazia com que ela fosse considerada o momento de origem das nacionalidades satisfazendo os novos sentimentos do século XIX. Vista como época de fé, autoridade e tradição a idade média oferecia um remédio à insegurança e aos problemas decorrentes do culto exagerado ao cientificismo.
No século XIX, fase histórica das liberdades, das imunidades e dos privilégios que reforçava o liberalismo burguês, dessa maneira o equilíbrio e a harmonia na litertatura e nas artes que o Renascimento e Classicismo do século XVII tinha buscado cedia lugar, no século XIX, a paixão, exuberância e a vitalidade encontráveis na Idade Média. A verdade procurada através do raciocínio cedia lugar à valorização dos sentidos, do instinto, dos sonhos e das recordações.
Tanto a Idade Média dos renascentistas e iluministas quanto a Idade Média dos romancistas são preconceituosas, pois, esse período permanência incompreendido porque oscilava entre o pessimismo renascentista/iluminista e a exaltação romântica.
IV- A Idade Média do século XX.
Passou-se a ver a Idade Média com os olhos dela própria, não com os daqueles que viveram ou vivem um outro momento. Entendeu-se que a função do historiador é compreender e não julgar o passado. O único referencial possível para se ver a Idade Média é a própria Idade Média. Com base nessa postura a historiografia medievalista deu enorme salto qualitativo através de novas técnicas e métodos, se tornou o carro chefe da historiografia contemporânea ao propor temas, experimentar métodos, rever conceitos, dialogar intimamente com outras ciências humanas.
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