Idade média
Monografias: Idade média. Pesquise 862.000+ trabalhos acadêmicosPor: rosemeirebarroso • 5/9/2013 • 10.084 Palavras (41 Páginas) • 478 Visualizações
Queda do Império Romano
O Império Romano atingiu o seu apogeu e máxima extensão territorial durante o século II, mas durante os dois séculos seguintes verificar-se-ia o lento declínio do domínio territorial romano sobre os seus territórios. A crise econômica, refletida na inflação, e instabilidade nas fronteiras motivada pela pressão de povos invasores, estiveram na origem da crise do terceiro século, períodos em que um vasto número de imperadores ascendia ao trono apenas para ser rapidamente substituído por novos usurpadores. O orçamento militar aumentou constantemente ao longo de todo o terceiro século, sobretudo na sequência de uma nova guerra contra o Império Sassânida, iniciada em meados do século. A necessidade de receitas levou à aplicação de uma sobretaxa fiscal e ao declínio em massa da classe média, proprietária de terrenos e unidades de produção, extinguindo-se assim o financiamento das estruturas administrativas de cada povoação.
No ano de 262, o imperador Diocleciano divide o império em duas metades, oriental e ocidental, administrada separadamente. No entanto, os próprios cidadãos e administradores públicos não viam o seu império como dividido, e as promulgações legais e administrativas de uma parte eram consideradas válidas na outras. Este sistema, que viria a ter dois co-imperadores seniores (augustos) e dois co-imperadores juniores (césares), viria a ser conhecido como tetrarquia. Em 330, depois de um período de guerra civil, o imperador Constantino refunda a cidade de Bizâncio como Constantinopla, a nova e renovada capital oriental. As reformas de Diocleciano criaram uma administração pública forte, a reforma da cobrança de impostos, e o fortalecimento do exército, o que permitiu ganhar algum tempo mas não resolveu por completo os problemas que enfrentava: tributação excessiva, queda da taxa de natalidade e pressão fronteiriça. Em meados do século IV, tornou-se constante a deflagração de guerras civis entre imperadores rivais, retirando forças das fronteiras e dando espaço à infiltração de bárbaros.
Em 376, os Ostrogodos, em debanda dos Hunos, são autorizados pelo imperador romano Valente a estabelecer-se na província de Trácia. O processo não decorreu de forma pacífica, e quando os administradores romanos perderam o controlo da situação, os Ostrogodos deram início a uma série de pilhagens e vandalismos no território. Valente, numa tentativa de fazer cessar a violência, foi morto em combate na batalha de Adrianópolis em Agosto de 378. Para além da ameaça bárbara do norte, constituíram também ameaças à estabilidade as divisões internas dentro do próprio império, sobretudo dentro da Igreja Cristã. No ano 400, os Visigodos invadem o Império do Ocidente e, embora inicialmente repelidos de Itália, em 410 invadem a cidade de Roma. A par destes eventos, em 406 e nos três anos seguintes, os Alanos, Vândalos e Suevos tomam conta do território da Gália, e em 409 atravessam os Pirineus, instalando-se também na península Ibérica. Vários outros grupos bárbaros tomam igualmente parte nas intensas migrações deste período. Os Francos, Alamanos e Burgúndios têm como destino o norte da Gália enquanto que os Anglos, Saxões e Jutos se estabelecem nas Ilhas Britânicas. Os Hunos, liderados pelo rei Átila, o Huno, organizam invasões aos Bálcãs em 442 e 447, à Gália em 451, e a Itália em 452. Estes movimentos levados a cabo pelas várias tribos reorganizaram de forma dramática o mapa político e demográfico do que tinha sido o Império Romano do Ocidente. Por volta do fim do século V, a parte ocidental do império estava já dividida em pequenas unidades políticas, governadas pelas tribos que as haviam ocupado durante o início do século. O último imperador do Ocidente, Rômulo Augusto, foi deposto em 476, evento que leva à adopção consensual desse ano como o fim do Império Romano do Ocidente. O Império Romano do Oriente, referido como Império Bizantino depois da queda do seu correspondente ocidental, mostrou pouca eficácia no controlo dos territórios ocidentais perdidos. Embora os imperadores bizantinos tenham mantido pretensões territoriais e afirmado que nenhum rei bárbaro podia ousar tornar-se imperador do Ocidente, não conseguiam de forma alguma sustentar qualquer domínio, exceptuando-se a reconquista temporária da península Itálica e da periferia mediterrânea por Justiniano I.
Novas sociedades
Embora o quadro político da Europa ocidental tenha mudado a rutura não se deu de forma tão acentuada como a defendida por historiadores no passado. Os imperadores do século V eram na maior parte dos casos controlados por militares influentes como Estilicão, Ricimero, Gundebaldo ou Aspar, e após a interrupção da linha de sucessão, muitos dos reis que os substituíram provinham igualmente de forças militares. Era também comum o casamento entre os novos reis e as elites romanas locais. Isto deu origem a uma incorporação dos hábitos das tribos invasoras na cultura romana, incluindo assembléias populares que permitiram aos líderes tribais ter uma voz ativa em matérias políticas. Os artefatos deixados por Romanos ou pelos invasores são na sua maioria similares, embora seja nítida a inspiração dos objetos tribais nos modelos romanos. De igual modo, a maior parte da cultura intelectual dos novos reinos baseava-se diretamente nas tradições intelectuais romanas. No entanto, uma diferença substancial foi a perda gradual de rendimento tributário em função das novas políticas. Muitas das novas instituições governativas já não financiavam os seus exércitos com o dinheiro proveniente de impostos, mas com a atribuição de terras ou senhorios. Isto levou ao desaparecimento do sistema de coleta de impostos, uma vez que deixou de haver necessidade para cobranças ou cálculos de grande envergadura. O belicismo era comum entre reinos e dentro dos próprios reinos. A escravatura entrou também um declínio, à medida que a oferta se reduzia e a sociedade se tornava cada vez mais rural.
Entre os séculos V e VIII, uma nova vaga de governantes preenche o vazio político deixado pela administração central romana. Os Ostrogodos estabelecem-se na província romana de Itália no fim do século V, sob o comando de Teodorico, e dão início a um reino notável pela cooperação entre Itálicos e Ostrogodos, pelo menos durante o seu reinado. Os burgúndios estabelecem-se na Gália, e depois de um primeiro reino dizimado pelos Hunos em 436, formam um novo na década de 440 entre a atual Genebra e Lyon, e que durante o início do século VI se viria a tornar num dos mais influentes reinos da região. No norte da Gália, os Francos e os Bretões formam pequenos reinos. O reino franco tem
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