- Independência por vias coloniais:
- Com somente poucas exceções, as nações da África atual foram sucessoras diretas das colônias africanas que as precederam. (p. 254)
- Todas conservavam, em maior ou menor grau, as línguas dos colonizadores como línguas de comunicação mais ampla. Todas seguiram basicamente os sistemas ocidentais de educação. (p. 254)
- Para 97% da população, a independência em si fez pouca diferença. (p. 254)
- Na maioria das colônias, partidos políticos existiam nesse momento, e pelo menos uma eleição geral foi realizada, de tal modo que os futuros legisladores eram identificáveis e os líderes dos principais partidos podiam ser convidados a compor ministérios provisórios com a participação de expatriados. (p. 254)
- Qualificação humana:
- Entretanto, nenhuma manifestação de boa vontade de última hora poderia eludir a carência de qualificação humana educada e treinada com a qual os africanos entraram em seu período de nacionalidade independente. Havia uma classe diminuta de profissionais, amplamente confinada a África do norte e ocidental, os quais haviam estudado e se tornado advogados, doutores e clérigos. (p. 255)
- ...a elite mais importante dos países africanos consistia daqueles que haviam recebido alguma educação secundária, mesmo que por somente três ou quatro anos. (p. 256)
- Qualquer que fosse a ideia de democracia através da franquia universal, eram essas as pessoas de quem dependia agora o futuro da África. (p. 256)
- Fronteiras:
- O primeiro grande teste para a África independente centrou-se na questão de estabilidade das fronteiras, e o aspecto que rapidamente ficou claro a esse respeito foi que não havia futuro para uma concepção pan-africana de Estados Unidos da África ou para as federações ou quase-federações criadas pelas potências colonizadoras. (p. 257)
- O fato é que uma política dessa natureza não podia mais ser imposta sobre aqueles que desejavam conservar para si mesmos suas vantagens naturais. (p. 257)
- Comunidades europeias de tamanhos diferentes criaram diferentes expectativas de futuro, de modo que somente algumas uniões alfandegárias e certos serviços comuns foram tentados. (p. 257)
- Algumas outras uniões foram declaradas de tempos em tempos sob o impulso de líderes individuais, tal como ocorreu entre Gana e Guiné, Senegal e Mali, e entre o Egito, a Líbia e a Síria; mas nenhuma delas conseguiu mais efetividade do que a união monetária entre frança e Inglaterra declarada no período dos desastres de 1940. (p. 258)
- A “Guerra Fria” foi parcialmente combatida na África, mas a própria ameaça que ela representava ajudou a assegurar a estabilidade última das fronteiras africanas. (p. 258)
- Retomada do poder:
- O primeiro desafio ocorreu no ex-Congo Belga, onde, quatro dias depois da independência, as tropas responsáveis pela segurança da capital se amotinaram contra seus oficiais belgas. (p. 258)
- O pânico se espalhou por toda a comunidade belga e, em uma semana ou duas semanas, a maioria fugiu sob proteção de uma força belga enviada para cobrir sua evacuação. (p. 258)
- Quando o antigo sargento-ajudante Mobutu, então general, foi investido na presidência pelo exército em novembro de 1965, abriu-se um novo capítulo na história do país, daí em diante conhecido do Zaire, no qual a unidade básica do Estado era reconhecida igualmente pelas opiniões interna e externa. (p.259)
- Israel apoiou as guerrilhas meridionais com propósito de distrair a atenção do mundo árabe, enquanto os países africanos circundantes, especialmente a Etiópia, faziam entrar refugiados facilitando-lhes a aquisição de armas e de outros suprimentos. (p. 261)
- O adorável planalto da Etiópia setentrional se transformou numa área de desastre na qual, enquanto lutavam os soldados, velhos e pobres morriam de fome e jovens migravam para o Djibouti ou para o Sudão. (p.261)
- ...na Nigéria. Aqui, o maior e mais populoso país da África subsaariana, a constituição projetada para a independência do país havia criado três governos regionais, do norte, do oeste e do leste, para operar sob um governo federal sediado em Lagos. (p. 262)
- Todavia, a guerra civil nigeriana foi mais do que apenas um implacável desastre. (p. 263)
- Acima de tudo dentro da própria Nigéria, a guerra civil provou ter sido um acontecimento da construção nacional, que fez crescer de modo significativo o sentido de unidade no país como um todo. (p. 263)
- Ao passo que os estabelecimentos militares coloniais haviam sido modestos já que os reforços imperiais podiam rapidamente ser deslocados para o cenário de qualquer emergência, os países independentes tinham que ser auto-suficientes em termos de defesa e de segurança interna, e a maioria começou imediatamente a expandir sua força militar. (p. 263)
- ...os comandantes militares se viam, e eram vistos pelos outros, como único instrumento possível para a formação de governos alternativos. (p. 263-264)
- Golpes militares:
- ...a enxurrada verdadeira de golpes militares só ocorreria em 1965 e 1966, quando não somente Nigéria, mas Argélia, o Zaire, Gana, a República Centro-Africana, o Alto Volta e o Burundi passaram todos a ser governados por militares… (p. 264)
- Em 1967, portanto, a maioria das novas nações africanas não estava mais nas mãos de legisladores eleitos, mas administradores militares autodesignados. (p. 264)
- A democracia durante essa fase só podia ter um pequeno significa real. Governassem civis ou militares, só poderiam fazê-lo em benefício de uma pequena e crescente elite de pessoas relativamente instruídas e socialmente ascendentes que se viam como cidadãos e não como tribais. (p. 264)
- Ao passo que a maior parte dos países africanos evoluiu para a nacionalidade no interior de uma estrutura de independência obtida sem violência, para alguns outros os anos entre 1960 e 1975 foram anos de luta armada contra regimes coloniais controlados por colonizadores que ainda acreditavam ter a capacidade de resistir a mudança política. (p. 265)
- As guerrilhas nas colônias portuguesas duraram de 1961 até 1974, e continuaram sob a forma de guerra civil entre movimentos de libertação rivais muito depois da retirada portuguesa. (p. 265)
- A retirada de Portugual de Moçambique sem dúvida apressou o fim do regime de colonizadores brancos da Rodésia que, em 1965, havia se livrado dos últimos vestígios do controle britânico através de uma declaração unilateral de independência. (p. 266)
- Ao sul do Limpopo, a concentração da riqueza e do poder nas mãos da comunidade branca contribuiu para um curso de desenvolvimento muito diferente… (p. 266)
- …sobre as tentativas do governo da África do Sul no sentido de delegar poderes políticos a certas áreas rurais etnicamente definidas conhecidas como Bantustans. (p. 267)
O processo de independência africana se dá inicialmente em moldes colonizadores, desde suas fronteiras até as línguas para comunicação mais ampla. Sendo o momento no qual os africanos entraram em seu período de nacionalidade independente, um momento com reduzida quantidade de profissionais qualificados, que haviam estudado e se tornado doutores, advogados e clérigos. Ou seja, uma pequena elite que havia recebido uma maior educação por um período, elite a qual naquele momento estaria como o futuro da África em mãos, que mesmo sem uma qualificação de alto nível decidiria quem iria assumir os cargos públicos. Desafios internos marcam este processo, sendo um deles a estabilidade das fronteiras, que implica em questões econômicas dos países. Tropas africanas se amotinaram contra oficiais europeus, o que leva a demissão de funcionários europeus. Militares assumem o poder em alguns países, o que gera guerras civis dentro do continente, além dos golpes militares, ou seja a democracia durante essa fase era em benefício de uma elite militar e civil com maior instrução. No sul do continente um processo diferente acontecia pois ainda havia a concentração de poder e riqueza em mãos de povos brancos, o que dificultou o processo de independência da região. |