O Sistema Colonial
Por: Gustavo Seara • 14/2/2016 • Pesquisas Acadêmicas • 1.490 Palavras (6 Páginas) • 507 Visualizações
Questão:
“Se vamos à essência da nossa formação, veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns outros gêneros; mais tarde, ouro e diamante; depois algodão, e em seguida café, para o comércio europeu. Nada mais que isto. É com tal objetivo, objetivo exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fossem o interesse daquele comércio, que se organizarão a sociedade e a economia brasileira.” (Caio Prado Jr.)
“A mineração do ouro no Brasil ocupará durante três quartos de século o centro das atenções de Portugal, e a maior parte do cenário econômico da colônia. Todas as demais atividades entrarão em decadência, e as zonas em que ocorrem se empobrecem e se despovoam. Tudo cede passo ao novo astro que se levanta no horizonte; o próprio açúcar, que por século e meio representara o nervo econômico da colonização e sua própria razão de ser, é desprezado.” (Caio Prado Jr.)
Você concorda com as afirmações de Caio Prado Jr. na passagem acima? Discuta a passagem de Caio Prado Jr. com base no debate a respeito das interpretações sobre a organização da Economia colonial brasileira e, levando em conta tal discussão, estabeleça uma comparação entre organização da economia açucareira e da economia mineratória.
1.Introdução
No Brasil colonial, o sistema econômico passou por diversas mudanças, é notável a presença de um modelo voltado totalmente para a agricultura no início deste período, tendo como principal produto a cana de açucar, mas com todas as crises e processos conflituosos com a Holanda, alêm da depêndencia de acompanhar o comércio exterior, esse modelo foi perdendo força, ganhando espaço então para o início de uma era de mineração, que contava com grande quantidade de trabalho escravo, já presente anteriormente mas com maior força a partir de então.
2.Economia Açucareira
A afirmação de Caio Prado nos leva a pensar na situação política e econômica de Portugal no século XIV, onde se deu o início da expanção marítimica e o descobrimento do caminho das ìndias. Esta situação era de total interesse na expansão comercial. No final de século XIV e início do século XV, Portugal se via com problemas como, escassez de ouro, falta de cereais, desejo de expansão comercial, desejo do clero em espalhar a fé cristã. Com a descoberta da América Central por Cristovão Colombo, iniciaram-se conflitos entre Espanha e Portugal, e para que tais problemas fossem resolvidos, foi necessario que assinassem um acordo, portanto foi criado e assinado o Tratado de Tordesilhas, que dividia as terras do Oriente e do Ocidente a serem descobertas. Tendo em vista tantos interesses de Portugal, pode-se afirmar que, com total certeza, o início da colonização portuguesa no Brasil, se dava por claros interesses de expansão comercial.
O Brasil, em seus primórdios da colonização, representava para os europeus, em especial para Portugal, uma grande fonte de matéria prima a ser explorada. No príncipio da colonização brasileira, o produto mais atrativo para produção em grande escala era a cana de açucar, pois o litoral brasileiro, oferecia exelentes condições para da produção do mesmo. O litoral nordestino, oferecia alêm de condições climaticas e terra ideal, a presença de outros bens de consumo ideias para a colônia. Apesar da presença de índios no Brasil, o único obstáculo para que se iniciassem a produção, era a mão-de-obra, foi ai então que, em 1542, o donatário Duarte Coelho conseguiu a autorização real portuguesa para importar escravos africanos para trabalharem nos engenhos das colônias.
A produção de açucar era quase que inteiramente voltada ao comércio exterior, ou seja, à exportação para o mercado europeu, o que nos reforça ainda mais a idéia do interesse colonial ser estritamente econômico.
"Passemos ao comércio interior,(...) não temos muitos dados; o interesse que despertava subsidiário como era foi pequeno, e os conteporâneos nos deixaram poucas informações. Podemos, contudo, notar com absoluta segurança que o seu movimento principal é contituido ou por mercadorias que se destinam em última instância à exportação, ou aquelas que provêm da importação(...)"
(Prado Jr, 1998:110)
Os preços acompanhavam em grande parte do tempo aqueles estabelecidos na Europa, e ainda tinham que ser inferiores para terem competitividade no mercado, ou seja, no Brasil "açucareiro", a colônia depêndia fortemente do setor externo, por isso alguns autores como Caio Prado e Celso Furtado consideram que a colônia era apenas o "apêndice" dos sistemas econômicos exteriores, e estaria desprovido de ritmos próprios.
3.Economia de mineração
O início da queda do sistema econômico açucareiro nas colônias brasileiras, se deu depois da rendição dos holandeses que ocupavam parte do nordeste brasileiro. Depois da saída dos holandeses, eles começaram a produção em massa de açucar em suas colônias situadas nas Antilhas, o que aumentou muito a concorrência pelo mercado de açucar e fez com que os preços praticados por este produto produzido no território brasileiro, tivesse uma queda de 50 por cento. Portanto, para superar tal problema, o governo portugues incentivou a procura por minerais, principalmente o ouro. A hegemonia de produção agrícola, em especial a cana de açucar, se estabeleceu até meados do início do século XVIII, em que começara a entrar no sistema colonial, o sistema econômico minerador, depois de serem encontrados expressiva quantidade de ouro no território da atual Minas Gerais. Alguns historiadores, afirmam que o início do descobrimento de ouro no território brasileiro data início do século XVI. Os diamantes, com menor frequência de descorberta, mas também presente, data início do século XVII, mas há quem diga que as primeiras descobertas se deram bem antes.
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