Os Fascismos

4. A destruição do eu e a negação do outro.

O autor reforça que o fascismo em virtude do holocausto ficou profundamente marcado por sua característica anti-semita, pelo ódio aos judeus e a outros grupos minoritários.

Marca como característica principal do fascismo o uso da violência, estabelecido no que é nacional e contra tudo o que é antinacional.

A alteridade social e individual surge como objeto central de ação do fascismo, onde no regime não existe o espaço para o “outro”.

O autor sugere que para entendermos os fascismos devemos deslocar nossa ótica dos agredidos para os agressores para que possamos entender suas ações.

Franz Neumann enfatiza o fato de uma busca por um inimigo nacional, onde a escolha deste inimigo partiria de um campo já conhecido.

Reconhecendo o inimigo o holocausto se justifica na concepção de um mundo onde se nega qualquer possibilidade de um contra-tipo com o “padrão nacional”.

Theodor Adorno e Franz Neumann neste sentido explicam que as motivações para as perseguições estavam intimamente ligada a incapacidade para amar e reconhecer qualquer possibilidade de amor, traçando como alvos culturas marcadas por laços de solidariedade e cumplicidade.

Adorno sugere que a frieza alemã vem da educação autoritária, voltada para o fortalecimento, virilidade, obediência e “anulação do ego”.

A chave do fascismo de acordo com o autor seria a transposição dessa incapacidade de amar para o campo social, redirecionando o ódio para a ação coletiva.

A educação repressiva era baseada na fórmula “só os fortes vencerão”, ligadas exclusivamente a Estados sado-autoritários. Formando pessoas exigentes consigo mesmas, dispostas a grandes sacrifícios, e abstinência de ações em virtude de um bem moral maior.

De acordo com o autor, o link fundamenta entre individual e coletivo residiria no medo, na alienação (Marx) e no mal-estar vividos, sendo o movimento produzido pelo “eu com fim de evitar”, depositadas expectativas em um grande líder carismático.

Destaca-se as experiências vividas nas trincheiras como um catalisador da aniquilação do eu e a criaçãodo espírito de camaradagem, de sacrifício e o sentimento de fazer parte de algo maior a grande dinâmica sedutora do fascismo.

A regressão dos “novos bárbaros” se embasa na exaltação de um virilidade, num amor compulsivo pela morte, levando a crer que o amor enfraquece e apenas a luta e a vingança fortalecem.

Essa virilidade almejada, companheirismo patriótico e vida em comum, fazem-se distante as mulheres, as restringindo a gerar filhos para o império.

A educação afeminada enfraquece.

5. Em direção a uma teoria do fascismo

O Fascismo distingue-se de todas as outras direitas, caracteriza-se pelo caráter metapolítico, incorporação da nação, dos seus corações e mentes, em uma concepção de mundo única, excludente e terrorista.

Fordizmo?

Revolta contra os grupos de solidariedade originários?

Negação da transcendência teórica, sublimando a dor e uma educação autoritária e o mal-estar vivido em manifestações de rigidez e disciplina.