Os Sistemas Atlânticos
Por: Kinena Souza • 16/5/2018 • Trabalho acadêmico • 1.973 Palavras (8 Páginas) • 119 Visualizações
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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS HUMANAS – CAMPUS IV/JACOBINA
DOCENTE: HELIDA SANTOS CONCEIÇÃO
DISCENTES: MARCOS GOMES FERREIRA E RAULINDO DE OLIVEIRA SOUSA
DISCIPLINA: HI0005-ECONOMIA, SOCIEDADE E POLITICA NA AMÉRICA PORTUGUESA.
Sistemas atlânticos e monárquicos na época moderna: anotações preliminares
João Fragoso
Thiago Krause
A obra esta dividida em três temas, onde são analisados os traços da formação do sistema atlântico luso nos séculos XVI e XVII, e também de dois outros impérios a ele contemporâneos: o espanhol e inglês. Sendo que o fito da produção é apresentar de forma que seja possível gerar uma compreensão do sistema atlântico do qual a América fazia parte e consequentemente esta possibilitando o entendimento da sociedade nela presente, tendo em vista que a base dessa sociedade será escravos vindos de Senegâmbia e de Angola, povoadores provenientes dos Açores e da Madeira, e também sendo um modelo inspirado na escolástica ibérica e nas praticas sociais reinóis. Para, além disso, trata sobre tudo ligação entre o sistema atlântico e a monarquia lusa católica.
O inicio da montagem da sociedade colonial na América lusa ocorreu em um ambiente de viragem estrutural do império ultramarino português, como caracterizou Vitorino Magalhaes Godinho. Essa virarem seria uma crise no império ultramarino devido aos recorrentes ataques em suas fronteiras, ou seja, resume-se na dificuldade da manutenção ou expansão da sua investida colonial. Devida ao quadro assim presente, a coroa em 1548, resolve fechar sua feitoria em Antuérpia marcando com isso o recuo do Estado na economia e o avanço dos poderosos banqueiros-mercadores transnacionais, aliados a nobreza portuguesa.
Em 1506, aproximadamente 65% da receita produzida eram provenientes do tráfico ultramarino, logo e possível imaginar os efeitos dessa viragem sobre a sociedade portuguesa. De forma direta ou indireta toda a sociedade do Antigo Regime português dependia do império comercial. Nesse cenário encontrado, entre 1557 e 1607, a dívida do estado cresceria 250%, ao longo do século XVI, o preço do trigo vendido em Lisboa aumentaria em mais de 800%, consequentemente com os autos preços dos alimentos e com sua receita comprometida, as ultimas décadas do século viveu com recorrentes crises de mortalidade.
As mortes pela a pobreza e fome agrega-se o flagelo da batalha de Alcacer-Quibrir, no Marrocos onde morreram D. Sebastião, rei de Portugal, e parte da elite lusa. Fator esse que deu início a União Ibérica, que por sua vez, foi o período ao qual Felipe II, rei da Espanha, assume também o papel de rei de Portugal.
Porém, em contraste a esse Infortuno os ventos do Atlântico sul sopravam esperanças, sendo que o preço do açúcar, o crescimento da população da América lusa, a multiplicidade de engenhos de açúcar, de currais e da agricultura de alimentos estavam em alta, além dos pontos já citados, o tráfico atlântico de escravos já estavam em franco funcionamento, só no porto de Luanda, estima-se que as exportações de cativos tenham passado de uma média anual de 2.600 pessoas, em 1575-1587, para 5.032, entre 1588 e 11591.
Na perspectiva clássica da história econômica, o sistema atlântico luso é definido na articulação entre plantation na América luso e o tráfico atlântico de escravos, especialmente o angolano. Em 1997, Manolo Florentino, sob a ótica do comercio de escravos africanos, lembra a diferença básica entre o sistema atlântico luso e o inglês. No qual apesar de ambos serem baseados em plantations americanas trabalhados por cativos africanos. No século XVII, apartir de guerras, parte de Angola se torna conquista lusa e assim se torna a única fonte de escravos para a América controlada por um país europeu. Logo, os demais sistemas atlânticos, como o inglês não tinham direito sobre as áreas fornecedoras de escravos. As plantatations de Barbados eram supridas de cativos por meio de traficantes europeus em portos onde Londres não tinha jurisdição politica.
No século XVII, Luanda, além de um porto escravista era também um dos municípios/repúblicas da monarquia lusa presente na monarquia pluricontinental lusa. Sendo assim, entende-se que a cidade tinha autonomia diante da Coroa. Assim, o comercio de escravos consistia em uma das bases materiais do bem comum de Luanda e deste modo estava sujeito ao controle de sua câmara.
Baseado na tratadística escolástica, a Coroa portuguesa via os empreendimentos econômicos em geral como atividades domesticas, desenvolvidas e regulamentadas pelas famílias. As relações sociais produzidas possibilitavam que moradores comerciantes adquirissem escravos no interior angolano, onde também obtinham os cativos por meio de razias.
O sistema atlântico luso era movimentado pela arquitetura institucional da monarquia pluricontinental lusa, por meio de diversos agentes e poderes locais que dele fazia parte. O primeiro ensaio luso do sistema senhorio era formado pela Ilha de Madeira, os Açores e Cabo verde. Em Madeira prevalecia as plantações de açúcar, os senhores as vezes eram fidalgos. Segundo Abreu de Sousa, apesar do desenvolvimento de atividades mercantes, recorrentemente serviam à monarquia nas lutas no norte da África. Ou seja, o lucro das plantations custeava casas de fidalgos a serviço da monarquia. Em Açores, a atividade desenvolvida por casas de fidalgos era o cultivo do trigo. Os fidalgos açorianos, como os da Madeiras frequentavam as câmaras de seus municípios e também serviram nas guerras no norte da África. Outra semelhança entre ambos é os fatos que devido ao crescimento demográfico houve um fluxo de migração, onde era comum a vinda para o Brasil.
Em Cabo verde o processo do senhorio ocorreu de uma maneira diferente, haja vista, que com terras não tão férteis, a sua aproximação as cidades e reinos africanos ligados ao tráfico de escravos da África ocidental. Por ato régio de 1466 e 1472, D. Afonso concedia aos moradores da Ilha de Santiago e os municípios de Ribeira e Alcatrazes, a mercê do resgate de escravos. Assim, a mercê do resgate e a venda de escravos proporcionou a constituição de um grupo de moradores armadores, formada em parte por descendentes de fidalgos vindos de Casa de Viseu e por mulatos. A miscigenação entre europeus e africanos em cabo verde demonstra a possibilidade da alforria no âmbito da monarquia pluricontinental.
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