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Passagem da antiguidade ao feudalismo

Por:   •  24/9/2016  •  Pesquisas Acadêmicas  •  644 Palavras (3 Páginas)  •  528 Visualizações

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Passagem da antiguidade ao feudalismo

Perry Anderson

A ascensão de Roma marcou um novo ciclo de expansão imperial, sobretudo, urbana, que não apenas representou um deslocamento geográfico do poder da Grécia para a Itália, mas também o desenvolvimento socioeconômico do modo de produção presente já no mundo grego. Na verdade, uma pequena república terminou tendo um rápido crescimento político, militar e territorial. Esta Republica que deu origem ao gigantesco Império Romano era um lugar onde só a aristocracia rural hereditária detinha o poder político, ou seja, o senado. Conseguindo crescer por meio da expansão militar, gerada pela rivalidade entre Roma e algumas cidades locais, dominando ou aliando-se a outras cidades e fundando colônias.

O cidadão da República Romana era o camponês-soldado que em caso de guerra abandonava sua propriedade para lutar retornando a ela no final da campanha. 
A guerra era extremamente lucrativa, no entanto, com a expansão imperialista romana o problema dos sem terra se tornou crescente. Sendo Roma um Estado basicamente agrícola, o camponês tinha que abandonar suas terras por longos períodos, acabando por perdê-la para os grandes latifundiários.

Na República o cidadão era convocado no momento da guerra e dispensado no final da campanha. Portanto, cada cidadão abandonava suas terras para lutar voltando somente no final do conflito, o que poderia demorar meses, anos ou décadas. 
O exército era organizado em forma de centúrias, unidades com 100 homens. Essas centúrias eram divididas segundo a posse dos cidadãos, a contribuição que poderiam dar em caso de guerra, já que cada cidadão pagava seu próprio equipamento. As centúrias eram divididas em cinco classes, sendo que cada centúria tinha direito a um voto no comício das centúrias. 
Os magistrados superiores eram eleitos pelo sistema de centúrias, e num total de 195 centúrias a classe superior possuía 98 votos contra 97 do restante, constituindo assim maioria. 

Os cidadãos que estavam abaixo da quinta classe eram chamados "capite censi" (recenseados somente pela sua pessoa) e "proletários" (aqueles cuja função era produzirem a prole). Quando os camponeses-soldados começaram a perder as terras, devido ao prolongamento das guerras, ocorreu a sua proletarização, provocando problemas no recrutamento. A questão dos sem terra passou a ameaçar a existência da República. 

Ao contrário das camadas superiores, os homens comuns não tinham como expressar uma ação política própria por vias institucionais, precisavam da liderança de um membro da classe superior para representá-los. Tais líderes não tardaram a aparecer. Uma parte da aristocracia senatorial tomou à frente nas reformas necessárias a manutenção da República.
O exército passou a ser composto quase totalmente por cidadãos sem terra, para os quais o serviço militar se tornou um meio de vida. 
O problema agrário, que não foi resolvido no sentido proposto pelos Gracos, tornou-se mais agudo e assumiu uma nova forma: a exigência dos veteranos do recebimento de terras ao final do serviço militar. O soldado profissional passou a ser um instrumento político, nas mãos dos generais que lutavam pelo poder, e uma vez instalados nas terras, como colonos, tais soldados, transformavam-se em elementos de conservação da ordem, apoiando com lealdade seu antigo comandante, formando o que se convencionou chamar de clientelismo. A luta política se transformou em guerra civil, na qual exércitos romanos passavam a se enfrentar pelo poder.
César, um destes generais, depois de tomar o poder, lançou as bases da conversão da República em Império. Depois da sua morte, seu herdeiro político, Otavio, tornou-se, a pedido do Senado, Príncipes, ou seja, o primeiro cidadão do Império. Com Otavio, proclamado Augusto, a Republica chegou ao fim, a partir de então o Imperador e a casa imperial passaram a ocupar o topo da pirâmide social. O Imperador podia tomar qualquer iniciativa legislativa que julgasse coerente para "proteger o povo". Governava as províncias senatoriais em conjunto com os senadores, e as províncias imperiais sozinho. Exercia o comando supremo do exército, que passou a ser formado por profissionais exclusivamente dedicados a carreira militar.

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