Resenha "O Roubo da História" Jack Gody
Por: Laísa Ribeiro • 1/9/2017 • Trabalho acadêmico • 2.586 Palavras (11 Páginas) • 1.174 Visualizações
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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PARANÁ - CAMPUS PARANAVAÍ
RESENHA: “O ROUBO DA HISTÓRIA”
Cássia Melina Gomes
Laisa Karine Ribeiro
Maria Honorina dos Santos
Tainá Guanini
PARANAVAÍ, 17 DE JULHO DE 2017
BIOGRAFIA
Sir John (Jack) Rankine Goody, mais conhecido como Jack Goody, nasceu no Reino em 27 de julho de 1919. Cresceu em Welwyn Garden City e St Albans, onde fez os primeiros anos estudantis, e em 1938 entrou para a Cambridge University para estudar Inglês e Literatura, onde acabou por conhecer vários intelectuais de esquerda, entre eles Eric Hobsbawm.
Durante a Segunda Guerra Mundial, lutou no norte da África onde acabou sendo prisioneiro por três anos pelos alemães.
Na vida acadêmica voltou-se para o estudo da Arqueologia e da Antropologia, sendo professor da Cambridge University entre 1973 e 1984, na área de Antropologia Social.
Eleito para a Acadêmia Britânica em 1976, foi nomeado Cavaleiro do Império Britânico pela Rainha Elisabeth II. Morreu no dia 16 de julho de 2015, em Cambridge, no Reino Unido. Suas principais obras são: O Roubo da História, A domesticação do pensamento selvagem, Alfabetização nas sociedades tradicionais, entre outros.
Resenha: “O Roubo da História”.
Nesta primeira parte do livro “O Roubo da História” o autor Jack Good, esse “roubo” se deu quando os europeus escreveram a história através de seu ponto de vista – focado em eventos europeus.
Sua critica feita à narrativa histórica (antiguidade - feudalismo – capitalismo) se faz por ela se inclinar apenas para a Europa. Segundos os europeus, eles foram os criadores de valores como Democracia, Liberdade e Capitalismo. O autor vai demonstrar que estes conceitos não são exclusivamente ocidentais.
As concepções de tempo e espaço também foram apropriados pelos ocidentais. Nesse caso, eras relativas aos Hebreus, ao ano chinês não são mencionados na historiografia acadêmica e muito menos usadas internacionalmente. Esse roubo da história não se deus somente de tempo e espaço, mas também de períodos históricos.
O autor questiona historiadores (entre eles Moses Finley) de visão eurocêntrica por esconderem conquistas do oriente e ate mesmo por se apropriarem. Para tais autores, a história começa na antiguidade. Estes autores desconsideram importantes sociedades do oriente médio antigo, que comumente são vistos como pré – histórias, enquanto a Grécia era história.
Segundo o autor, deve-se incluir as sociedades do oriente médio a as ligações econômicas e culturais que estas tiveram como mundo Greco-romano. Para Good, a economia e a sociedade antiga deve ser entendida como uma grande cadeia de intercambio econômico e cultural no mediterrâneo. Muitos valores do oriente foi apropriados pela Grécia antiga. A Grécia foi influenciada pelos contatos com o mediterrâneo oriental. Porém, essa conexões entre Grécia antiga e oriente médio tem sido fortemente negligenciadas.
Ele pretende corrigir a forma como enxergamos a história desde os chamados tempos clássicos, desmistificando o passado conceituado de acordo com o que aconteceu na Europa e imposto ao resto do mundo.
Ao discorrer sobre o feudalismo o autor periodiza a história em Antiguidade e Feudalismo se impondo a outras abordagens, como por exemplo, Ouro, Prata, Bronze e Ferro. Partindo para uma periodização em que, a antiguidade é apontada pelo autor como a “invenção” de um período em que a historiografia ocidental moderna construiu argumentos para justificar as “excepcionalidades” ocorridas com a “hegemonia” européia em detrimento as demais civilizações.
Neste sentido, o feudalismo é apontado por Goody como uma concepção que a historiografia europeia teologicamente constrói para periodizar, com base na unicidade de eventos “progressistas”, a época que intermediaria a antiguidade e o capitalismo. Dentro desta perspectiva, faz referência sobre o declínio do Império Romano do Ocidente, seus desdobramentos e reflexos do mesmo.
Desta forma o autor segue contrastando Ocidente e Oriente. Relaciona as economias entre as sociedades do período em questão, "capitalismo" mercantil e as agriculturas de estação do sul da Europa, as economias manufatureiras, urbanas e de agricultura irrigada do Oriente, além dessas ligações entre Europa e Ásia e das diferenças entre os modelos eurasiano e africano, ressalta ainda similaridades na família e sistemas de parentesco entre as principais sociedades da Europa e da Ásia.
Dá ênfase a Constantinopla discorrendo sobre seu desenvolvimento e as grandes cidades do oriente suas vidas política, urbana, artística e intelectual em níveis centralizados e elevados e o apoio agricultura, expansão de seus “mercados” em várias direções.
Ele apresenta ainda, uma perspectiva de longa duração mais abrangente para a estrutura mediterrânica, salientando sua composição, bem como origens da sua infraestrutura material, comercial ou militar. Na questão da medicina faz menção de Avicenas e a mercantiliza dos Rufolos de Ravello em Amalfi sem descartar o caráter distinto da experiência carolíngia, que tampouco poderia ser considerada como padrão para avaliação da experiência feudal japonesa ou isolada dos seus aspectos de complementaridade, principalmente nos campos do conhecimento e da economia para e com os mundos islâmico e oriental.
Mostra a similaridade moderna do que foi a Pérsia para a historiografia antiga de base helicentrista e maniqueísta, identificando uma categorização teológica de vieses superficiais, ideológicos, abstratos e contrastantes ao invés de práticos, complementares, semelhantes e paralelos. inovações no campo militar, tal como a utilização de tropas regulares e o fabrico da pólvora, o autor finaliza a primeira parte do livro comentando sobre a Turquia.
Na segunda parte do livro, O Autor analisa três grandes historiadores Joseph Needham, Norbert Elias e Fernand Braudel.
Esses autores abordam de diferentes formas uma Europa superior, após a Revolução Industrial no fim do século XVlll ou após a Renascença do século XVl . E por opinião própria, acredita que eles estejam equivocados, no sentido de que hajam falhas nessas perspectivas, pois ou eles estão privilegiando a Europa - como um recorrente , eurocentrismo - ou tem visão de um passado exclusivo europeu. Ele faz uma grande crítica à visão desses autores, e até chaga a dizer que "Distorcem a história mundial em vez de iluminá-la". Ou seja, deixam de analisar a história mundial como um todo, e passa-se colocar a Europa como centro de civilização e desenvolvimento reduzindo os demais apenas como participantes de um desenvolvimento exclusivo, europeu.
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