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Resenha do Artigo: Identidade e a miragem da etnicidade – A jornada de Mahommah Gardo Baquaqua para as Américas.

Por:   •  9/8/2019  •  Resenha  •  983 Palavras (4 Páginas)  •  234 Visualizações

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro.

Aluna: Camila Rodrigues da Silva.

Matrícula: 13216090129

Disciplina: História do Brasil II.

Resenha do artigo: Identidade e a miragem da etnicidade – A jornada de Mahommah Gardo Baquaqua para as Américas.

Nas últimas décadas têm se debatido de forma intensa o conceito de etnicidade dos povos africanos envolvidos no tráfico transatlântico, período historiográfico que identificamos de segunda escravidão. O autor na obra analisada, se propõem a realizar um estudo crítico da obra de Mahommah Gardo Baquaqua, apresentando foco na inscrição textual de uma múltipla, relacional e transitória narrativas de teor autobiográfico e procura construir reflexões sobre a experiência individual de africanos escravizados nas Américas. Baseando-se na ideia de que novas abordagens do problemático conceito de etnicidade podem ser fundamentais para os estudos sobre escravidão, Lovejoy, aponta a direção de “miragem” da etnicidade utilizando-se do relato de Baquaqua, cidadão africano escravizado, que passou pelo que o autor nomeia de “odisseia incomum” responsável por transformar seus conceitos de etnicidade e, acima de tudo, de identidade.

Mahommah Baquaqua nasceu no ano de 1824, em Djougou, cidade do atual país Benim, cercada ao norte/noroeste pelo Califado de Sokoto, pelos Estados Axantes a oeste. Djougou era um importante pólo comercial da época, dentro de Djougou caravançarás descansavam, equipavam-se, abasteciam-se e trocavam mercadorias, inclusive pessoas. Neste contexto, grupos e indivíduos de distintas regiões, como do Marrocos e da Arábia circulavam ou afirmavam-se junto com ideias, valores, riquezas e diferentes religiões. Ainda adolescente, juntou-se ao grupo de carregadores participando assim das guerras de sucessão real no Gonja, sendo capturado e em seguida resgatado por seu irmão mais velho, que prestava serviços para o Rei de Daboya, volta para Djougou e torna-se serviçal de um funcionário local, talvez o chefe de Soubrouko, excessos cometidos neste período o tornaram alvo de uma emboscada, onde foi aprisionado; transportado para Daomé, teria sido embarcado num navio negreiro em 1845, e levado para Pernambuco, no Brasil.

Baquaqua esteve em Pernambuco por cerca de dois anos. Ele foi escravizado por um senhor que era padeiro (em Olinda), ele foi brutalmente castigado. Trabalhou na construção de casas, carregando pedras, aprendeu o português e chegou a exercer funções como “escravo de tabuleiro”, vendedor externo, função normalmente reservada a escravos de confiança e inteligentes. A dureza do tratamento que recebia fez com que voltasse ao vício do álcool e até que tentasse o suicídio.

Levado para o Rio de Janeiro, foi incorporado à tripulação do navio Lembrança, que fazia transporte de mercadorias com as províncias do sul do Brasil. Uma remessa de café para os, Estados Unidos em1847, foi seu passaporte para a liberdade. O navio, que chegou a Nova Yorque em junho, foi abordado por abolicionistas locais, que incentivaram ele e outro tripulante da embarcação, o também escravo José Rocha a fugir do navio. Após a fuga, no entanto, foi preso na cadeia local, e posto à prisão, deu-se então um extenso embate jurídico sobre a liberdade dos cativos “brasileiros”, devido a um tratado de reciprocidade entre Estados Unidos e Brasil, no qual estipulava a obrigatoriedade da tripulação voltar ao navio, mas com  a colaboração dos abolicionistas (que facilitaram a fuga da prisão) impedindo assim que fossem restituídos ao navio. Foram então embarcados para o Haiti (ponto notório da luta abolicionista por parte dos próprios escravos), lá, Baquaqua passou a viver com o reverendo Judd, um missionário batista.

 Em 1848, já convertido à igreja Batista, Baquaqua retornou aos EUA devido à instabilidade política que o Haiti vivia então; estudou no New York Central College, em McGrawville, por quase três anos. Até o ano de 1854, Baquaqua participou da rede batista da Livre Vontade do estado de nova Yorque, entrando em contato com diversos abolicionistas. No mesmo período foi para o Canadá e sua bibliografia foi publicada no mesmo ano por Samuel Downing Moore em Detroid.

Acaba se mudando para Liverpool, Inglaterra, onde recorre à Sociedade da Missão Livre Batista Americana para ser enviado como missionário à África, lugar para onde sempre almejou retornar. No entanto, em 1857 seus rastros desaparecem, não havendo registros históricos de seu paradeiro final.

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