Resenha do livro "A Devassa da Devassa" Kenneth Maxwell
Por: Viviyffc • 7/1/2016 • Resenha • 1.396 Palavras (6 Páginas) • 2.004 Visualizações
O livro “A devassa da devassa" de Kenneth Maxwell, que teve sua primeira publicação em 1973 pela Cambridge University Press com o título “Conflicts and conspiracies: Brazil & Portugal, 1750 – 1808”, tem como principal objeto de estudo as relações entre Portugal e Brasil em meados do século XVIII e início do XIX. Ou seja, o livro visa explicar como se davam as relações entre colônia e metrópole após uma série de fatos ocorridos durante este período, como por exemplo morte do Rei português D. João V (e a posterior ascensão do novo rei) e a escalada de Sebastião José Carvalho e Melo, o Marquês de Pombal, ao poder. Além disso, o livro mostra também a tentativa esforçada do autor em encontrar a melhor explicação para os fatos que regularam a relação Brasil x Portugal, no período entre 1750 e 1808.
Nesse contexto, a obra “A Devassa da Devassa” é dividida em oito capítulos de títulos simples e diretos, que de antemão já apresentam sua idéia central, onde o autor analisa e explica as ações de Marquês de Pombal, as relações entre Portugal e Inglaterra e a forma como esta afeta de forma direta o Brasil, especialmente a Capitania das Minas, propiciando a sobreviência dos inconfidentes mineiros. Também são retratados importantes esclarecimentos sobre a relação entre a Coroa portuguesa e o movimento da Inconfidência mineira.
Sendo assim, nos primeiros capítulos, já se começa a retratar a situação econômica portuguesa com sua forte dependência ao mercado Colonial e sua fraqueza no que diz respeito às relações políticas e econômicas, principalmente ao tratar-se da Grã-Betanha, que ao comercializar seus produtos na América Portuguesa, trazia significativos prejuízos a aos comerciantes portugueses. Será nesse contexto que o autor abordará as soluções pensadas por Marquês de Pombal para tentar reconstruir o sistema colonial português com o intuito de ampliar a renda do Império.
Mais a frente, seguindo essa linha, o autor começa a focar-se mais no que tange às relações internacionais portuguesas, novamente evidenciando a fragilidade de Portugal em relação à Inglaterra. Por isso, segundo narra o autor, torna-se necessário que Pombal tome determinadas medidas a fim de se fazer crescer a produção portuguesa e a produção de além mar. Para que isso fosse possivel foram necessárias drásticas mudanças internas nos setores produtivo e econômico de Portugal, como por exemplo a diminuição dos gastos com os setores produtivos da colônia e o aumento da entrada de produtos brasileiros dentro da Europa (como po exemplo o açúcar e os produtos da mineiração), a fim de diminuir a dependência portuguesa do capital inglês,ao mesmo tempo que aumentaria seu desenvolvimento econômico.
Adiante, o autor vai abordar a década de 1770, em que observa-se diminuição da extração de ouro por Portugal, que somada às medidas tomadas por Pombal, contribuíu para reforçar os outros setores da econômia portuguesa, possibilitando a independência da capitania de Minas dos produtos europeus. Porém, o autor também faz questão de frisar que este momento de crescimento da produção associado à decadência da mineração acabam por fazer com que os membros da Inconfidência Mineira ganhem força para o movimento (ainda que estas não sejam as razões principais); isso porque, os fatores externos eram a real preocupação de Pombal naquele momento, fazendo com que ele deixasse em segundo plano os fatores internos, principalmente as invasões e levantes. Além disso, para solucionar a diminuição da arrecadação do ouro, já mencionada, Pombal institui a derrama (um aumemto na carga tributária), o que acaba por contribuir na agitação dos ânimos na região.
Após retratar nos quatro primeiros capítulos a situação econômica e as relaçoes internacionais de Portugal, o autor já deixa claro que os rumos do livro irão direcionar-se ao movimento da Inconfidência. Então, será nos quinto e sexto capitulos que o autor trabalhará com a desmistificação do movimento. É a partir daí, que ele realata as dividas (provenientes de contratos de entradas e dízimos) que os envolvidos no movimento da Incofidência tinham com a Coroa, e que para quitá-las só encontraram uma solução: a separação do império Especialmente no capítulo “Conspiração” (5º capitulo), onde há uma descrição bem detalhada dos fatos, se reforçará a tese de Maxwell de que a Inconfidência foi um movimento que visava apenas interesses individuais de homens que viam a independência como a solução para seus problemas, deixando de lado a questão ideológica de cunho nacionalista. Porém, o autor coloca que o nacionalismo não era totalmente abandonado, mas, era usado apenas como meio de transmissão da revolução separatista. O povo por sua vez, era convocado sim, mas com intenções nada sociais ou coletivas. Segundo o autor: “A conspiração dos mineiros era, basicamente, um movimento de oligarcas (...) sendo o nome do povo invocado apenas como justificativa."
Caminhando para o final do livro, nos dois últimos capítulos o autor demonstra como se deu o fracasso do movimento e como as investigações finais relacionadas a este acabaram por favorecer as elites mineiras que participaram, penalizando apenas um homem. Um homem que não fazia parte das elites, que buscava uma ascensão social, que, após o episódio, viria a se tornar um verdadeiro mártir da História do Brasil. No caso, Tiradentes.
Sendo assim, o livro "A devassa da devassa" definitivamente não pode ser visto como apenas mais um livro sobre a Inconfidência Mineira, pois vai muito além de uma exposição de fatos. O livro expõe a preocupação do autor em explicitar suas hipóteses, porém sempre baseando-se em documentos para sustentar seus argumentos, tendo com principal
...