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Resenha do livro: O Imperialismo sedutor

Por:   •  25/4/2018  •  Resenha  •  2.543 Palavras (11 Páginas)  •  734 Visualizações

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O IMPERIALISMO SEDUTOR

TOTA, Antonio Pedro. O imperialismo sedutor: a americanização do Brasil na época da Segunda Guerra. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. 235p.

                                                                                                     Irlane Pereira[1].

Antônio Pedro Tota nasceu em Piracicaba, SP, em 1942. Doutorou-se em história na USP. É professor titular de história contemporânea na PUC e professor visitante na Pace University (Nova York). Pulicou O Estado Novo (Brasiliense, 1983), A locomotiva o ar (Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, 1990) e diversos livros didáticos na área de história.

Em seu livro O Imperialismo Sedutor, Antônio Pedro Tota, vem nos mostrar o processo de americanização ocorrido no Brasil durante a Segunda Guerra Mundial. O Estado Unidos da América se torna uma potência militar e econômica durante esse período, temos também uma Alemanha cada vez mais em desenvolvimento econômico e militar e temos o Brasil um país de terceiro mundo. O EUA vê no terceiro mundo, principalmente na América Latia um ambiente propício a revoltas e insurreições. É nesse sentido que o governo americano percebe necessidade de aproximar do Brasil através de uma política de boa vizinhança, pois o governo dos EUA temiam que o governo brasileiro sofresse influência ideológica da Alemanha.

Há, portanto nesse cenário político, uma influência constante de ideologias anglo-americanas na sociedade brasileira.

O processo de americanização da sociedade brasileira criado pelo governo de Roosevelt, tinha como objetivo aproximar os Estados Unidos da América e o Brasil, tanto no âmbito cultural, político e econômico. Havia como objetivos firmar alianças políticas, militares e ideológicas com o Brasil para combater os países do Eixo.

“O avanço implacável dos nazistas na Europa ocidental na primeira metade da década de 1940 entusiasmou não só o alto escalão do governo brasileiro, mas também as do Sul do país que não estavam devidamente integrados à sociedade brasileira. A colônia alemã nos estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Paraná havia muito já era alcançada pelas ondas de Rádio Berlim, acentuando o germanismo”.

O governo brasileiro diante dessa ideologia americana não agiu tão somente de forma passiva, o Brasil, apesar do poderio americano soube se aproveitar da situação. “Vargas havia sido hábil o suficiente para, alguns dias depois de ter criticado as democracias, manifestar simpatia pela política de solidariedade pan-americana proposta por Roosevelt”.

O presidente Herbert Hoover, eleito em 1928, já havia iniciado a Política da Boa Vizinhança, que mais tarde foi adotada por Roosevelt em 1933. A vinda de Hoover ao Brasil foi marcada de uma recepção calorosa, o poeta Oswald de Andrade compôs até versos de boas-vindas a Hoover ao Brasil.

A ideologia progressista e reformista americana, era acompanhada de moralismo. “Valorizava-se o homem branco, protestante, sempre mencionado como condutor do progresso na luta contra a vida selvagem, e criava-se uma imagem oposta para latino-americanos”. Presume-se assim, a necessidade de uma América que precisava ser domesticada.

Diante do expansionismo alemão na Europa, os EUA, que rejeitava o envolvimento na política europeia, quebra pela primeira vez seu isolacionismo e neutralidade quando o primeiro-ministro francês Paul Reynaud pede ajuda ao governo americano. O presidente Roosevelt depois de um encontro com Churchill assinaram a Carta do Atlântico, onde formalizava-se assim o compromisso de ajuda mútua de derrotar o nazismo.

No dia 16 de agosto de 1940, foi criado o Office for Coordination of Commercial Relations between the Américas, cuja direção foi entregue a Nelson Rockefeller, que tinha como objetivo a luta contra a expansão do nazismo, afastar a América Latina dos produtos alemães que concorriam com os americanos, como também no combate as ideias socialistas.

Com a tomada da França pelos nazistas, os ingleses bloquearam o continente europeu, o que acabaria com o mercado entre o Brasil e outros países da Ibero-América. Sendo assim, os homens do Office anteviam um colapso que deixaria o Brasil vulnerável para

as ideologias nazistas. Com isso, o governo americano decretou que os EUA deveriam comprar materiais considerados estratégicos, aumentando assim as exportações de produtos brasileiros para os EUA.

Um dos meios utilizados por Rockefeller para disseminação do modo de vida americano, foi o serviço de comunicação e informação. A imprensa e a propaganda impressa eram meios importantes para a divulgação dos princípios do americanismo fabricado pelo Office.

Foi criado dentro do Office, o departamento de Divisão de Cinema, seus objetivos eram promover a produção americana de filmes, cinejornais sobre os EUA e as “outras américas”, incentivar a produção de cinema na América Latina e combater por todos os meios o cinema produzido pelo Eixo.

A Divisão de Rádio também criado pelo Office, criaram emissoras de rádio, que combatiam ideologias contrárias ao liberalismo. O Brasil tornou-se assim, um alvo a ser atingido pelas ondas curtas da radiodifusão americana.

O Office promovia de certa forma, uma integração continental nas áreas de transportes, educação, cultura e matérias-primas.

Em outubro de 1941, Nelson Rockfeller anunciou, o estabelecimento de um programa de bolsa-viagem interamericana para jovens latino-americanos estudarem nos Estados Unidos, nas áreas de engenharia, ciência, economia, comércio, indústria ou agricultura.

No ano de 1942, a Divisão de Ciência e Educação pedia uma verba de 350 mil dólares para um programa de treinamento vocacional na América Latina. Um terço do total, eram jovens brasileiros que deveriam ir para os Estados Unidos se habilitar na construção naval, siderurgia, armamentos e fabricação de aviões.

O Departamento de Estado, foi marcado também por problemas de interesse políticos e pessoais entre Nelson Rockefeller, Summer Welles e outras agencias desde a criação do OCIAA.

Nelson enfrentou outras agências que pretendiam retirar parte da autoridade do Office. Nelson teve que enfrentar também o coronel William J. Donovan, um burocrata que possuía grande importância na política de Roosevelt tanto quanto o próprio Rockfeller.

Com o intuito de unificar os serviços de informação, Roosevelt criou o Office Of Strategic (OSS), serviço de inteligência dos EUA, e também foi oficializado em 11 de julho de 1941, o COI (Coordinator of Information), cuja direção foi dada a Bill Donovan.

A consolidação da agência de Rockefeller, deu-se sobremaneira pelo tráfico de influência, pois Nelson possuía amizade com pessoas de confiança da família de Roosevelt. Nelson pediu a Anna Rosemberg que falasse com o presidente Roosevelt, portanto em 1941, Donovan recebeu informação oficial que ele ficasse fora dos serviços de informação da América Latina.

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